Terça feira da Oitava da Páscoa.
O clima é ainda pascal, embora a tristeza pela morte de um inocente ainda domine os corações. Quem ama cuida e sente a falta do ser cuidado. O sentimento da perda do ente querido é normal para quem ama de fato. A debandada dos discípulos de Jesus foi grande, movidos pelo sofrimento da dor e assustados pelo medo da possível perseguição. Diferente foram as mulheres que permaneceram fieis, caminhando lado a lado com Ele, seja aos pés da cruz, seja no seu sepulcro.
Dia 11 de abril, mais um dia da Páscoa viva do Ressuscitado. Neste dia, trazemos também viva em nós a memória de todos os infectologistas e também um dia especial para lembrarmos-nos de uma doença que tem acometido muitos dos nossos: Dia “Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson”. Nosso bispo Pedro conviveu com o Parkinson nos últimos anos de sua vida terrena entre nós. Ali, cansado, alegre, mas muito lúcido, apesar da doença a lhe castigar. Com o seu espírito alegre e com muita esportividade, dizia para nós a sua volta: “agora quem manda em mim é o Dr. Parkinson”.
Quanto aos infectologistas, esta sua data foi instituída em 2005 pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), homenageando estes profissionais de saúde que, com o seu empenho e dedicação, trabalham na prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças infecciosas. O mais triste a ser observado é que, nestes últimos quatro anos, houve um triste e intencional descuido para com a vacinação das nossas crianças: de cada 10 destas crianças, três estão com atraso na sua vacinação. Este triste dado faz o Brasil registrar a pior taxa de cobertura vacinal em 30 anos. Vacinas salvam vidas! Se estamos vivos, desfrutando da fase adulta, é porque fomos regularmente atendidos nas cobertura vacinal na infância.
O Filho de Deus que morreu injustamente na cruz é o Cristo Ressuscitado no meio de nós. Ele que não se envergonhou de caminhar, conviver e estar no meio de gente de má fama: pecadores, doentes, mulheres, pagãos, publicanos, cobradores de impostos. Foi para isso que Ele veio: ser como, com e para os pobres e marginalizados. Morreu porque assumiu em sua vida a defesa dos mais pobres. O apóstolo Paulo entendeu perfeitamente esta opção clara de Jesus ao escrever em uma de suas cartas: “Por isso, Ele não se envergonha de chamar os pobres de irmãos”, (Heb 2,11) Ao encarnar na realidade humana, Jesus se torna irmão solidário dos mais pobres e assume totalmente os problemas deles, chegando a entregar-se à morte para introduzir as pessoas no Reino da Vida.
A liturgia de hoje nos traz a figura maiúscula de Maria Madalena, a apóstola fiel do Cristo Ressuscitado. Se antes, discípula do Jesus histórico, agora assume o seu ser apóstola d’Ele e com Ele. Apesar de parecer uma coisa só, não é bem assim. Entendendo que discípulo/a é aquele/a que aprende os ensinamentos com o seu Mestre. Já o apóstolo, é aquele que é enviado a dar continuidade a missão deste. A fidelidade no seguimento às mesmas causas de Jesus fez de Madalena discípula e apóstola, já que necessariamente os apóstolos são discípulos. Enviada a testemunhar o Ressuscitado, ela que teve o privilégio de ser a primeira testemunha de que Ele estava vivo, que a chama pelo nome.
“Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!”, e contou o que Jesus lhe tinha dito. (Jo 20,18) Ela viu o seu Mestre (“Rabuni”). Mas, para tanto, foi necessário que passasse pelo processo de conversão e de entrega de si. Conversão que a fez não buscar Aquele que está, Vivo no meio dos mortos. O mistério da vida de Deus se fazendo presente no Filho, que não se manifesta mais de modo físico, como o Mestre durante a sua vida na história, mas nas vidas Madalena que nele acreditam, o anunciam e testemunham. Cheia de si e do mistério de Deus, Maria Madalena vai à luta, enfrentando todas as forças da morte, dando-nos a lição de que somos todos Madalena tendo em nós a presença viva do Ressuscitado.
A esperança da ressurreição venceu as forças da morte. A vida triunfou na pessoa do Ressuscitado. Deus presente no Filho fez a vida ter a última palavra. Ele está vivo! Como Madalena, precisamos anunciar pelo testemunho a presença viva do Ressuscitado em nossas vidas. É de dentro de nós mesmos que devemos tirar esta vida Madalena. Dentro de cada um de nós estão presentes tantas vidas Madalenas. Choramos a dor da partida de quem amamos. Sentimos a falta daqueles e daquelas que tanto amamos. É natural sentir a perda de quem caminhou dentro de nós, mas a vida maior esta viva na pessoa daquele que deu a vida: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15,13).
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