Nazismo nunca mais
(Chico Machado)
Segunda feira da Décima Nona Semana do Tempo Comum. Iniciamos a semana celebrando a memória de São Maximiliano Maria Kolbe (1894-1941), presbítero e mártir. Morreu nos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Em 1941, foi encaminhado para o temível campo de concentração de Auschwitz, onde conheceu os horrores da guerra, provocados pelos nazistas. Era o mensageiro da paz no Holocausto. São Maximiliano é considerado o Padroeiro do século XX. Destacou-se na Igreja pela sua devoção à Maria de Nazaré e pelo seu dom de comunicador social.
São Maximiliano sofreu na própria pele os horrores do holocausto. O nazismo de Adolf Hitler promoveu o maior Holocausto, com o assassinato em massa, premeditado, de milhares de pessoas inocentes. Só de judeus este número chegou a 6 milhões. Incentivados por uma ideologia racista e cruel que considerava os judeus “vermes parasitas” que deveriam ser eliminados. Promoveu o maior genocídio em massa, condenando os judeus da Europa, os doentes e os saudáveis, os religiosos ortodoxos e os cristãos, crianças, jovens e velhos e até mesmo bebês. Nazismo nunca mais! Nazi-fascismo também não!
Seguidor fiel de Jesus de Nazaré, como bom franciscano admirador de São Francisco de Assis, São Maximiliano acolhia refugiados, feridos, fracos, famintos, desanimados, cristãos e judeus no convento, e lhes oferecia o alimento necessário, devolvendo-lhes a esperança de viver. Deu a sua vida no lugar de um prisioneiro político condenado à pena de morte, que chorava pensando na família e nos filhos que tinha para criar. Em 1971 o Papa João Paulo II celebrou a sua beatificação e em 1982 o mesmo Papa o canonizou, dando-lhe o título de “Padroeiro do nosso difícil século XX”.
Minha segunda feira começou ainda muito cedo. Na madrugada, os meus anfitriões fizeram a ocupação de meu quintal, cantando e saboreando as doces jabuticabas sem nenhuma cerimonia. Deixei-me levar pelo espírito franciscano reinante, salmodiando o dia em forma de oração, agradecendo a Deus pelo dom da vida e pela diversidade de seres que enfeita e encanta este nosso planeta, machucado e maltratado. Sendo hoje o “Dia de Combate à Poluição”, o contraste vinha da Ilha do Bananal, com o seu interminável fogo, provocando a fumaça e a fuligem sobre as nossas cabeças.
No plano litúrgico, seguimos a nossa caminhada com a comunidade de Mateus. Estando com os seus discípulos na Galileia, Jesus faz-lhes mais um anúncio de sua Paixão, Morte e Ressurreição: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará”. (Mt 17, 22-23) Esta é a missão a que fora enviado: dar a própria vida e Ressuscitar. Por mais consciência de Jesus sobre a sua missão messiânica, os discípulos, porém, ainda não compreendem o significado da morte que gera a vida. Impensável para eles que o caminho do calvário e da cruz estivesse no itinerário da vida de Jesus, ainda mais sendo Ele o Filho de Deus.
Não existe cristianismo sem a cruz de Jesus e a cruz de cada dia. Somente através do crucificado e Ressuscitado é que se pode compreender o poder libertador de Deus que desceu o seu Filho da cruz, como São Paulo expressa em uma de suas cartas: “para aqueles que são chamados, tanto judeus como gregos, ele é o Messias, poder de Deus e sabedoria de Deus”. (1 Cor 1, 24) O projeto de Deus é contrário aos projetos humanos. As pessoas valorizam mais os ricos, os poderosos, os intelectuais, os que têm “status”, beleza física, desprezando àqueles que não se encaixam nesses padrões. Deus, porém, subverte a sociedade e os projetos humanos para estabelecer e realizar os seus projetos, aliando-se aos pobres, fracos e simples.
“Um cristianismo sem cruz é mundano e se torna estéril”, vai nos dizer o Papa Francisco. Não é porque somos seguidores e seguidoras de Jesus que os nossos problemas irão se acabar e não teremos mais obstáculos e dificuldades. Quem faz a sua adesão ao Projeto de Deus revelado em e por Jesus, sabe que com Ele pode contar e, nas dificuldades, terá força suficiente para recomeçar, quantas vezes forem necessárias. Jesus nos ensina que a verdadeira comunidade cristã é a dos pobres: ela está aliada à sabedoria do Projeto de Deus; por isso, é portadora da novidade que provoca transformações radicais. Que possamos repetir com o apóstolo Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo Ressuscitado que vive em mim”. (Gal 2,20) Acreditar em Jesus Cristo é colocá-lo no centro da nossa vida.
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