Quarta feira da Sétima Semana do Tempo Comum. Três dias apenas nos separam do mês de março que aponta no horizonte de nosso campo visual. O mês mais curto do ano preparando para entregar o bastão ao terceiro mês deste calendário gregoriano que seguimos. O ano é o de 2025, mas se seguíssemos o Calendário Chinês, estaríamos no ano de 4723, que no calendário lunar chinês é o ano da serpente. Mas o nosso calendário lunar é outro, tanto que estamos vivendo o último dia da Lua minguante, já que amanhã, a partir das 21:44, a fase da Lua é Nova. Para os mais adeptos do horoscopo, esta fase lunar que se inicia é conhecida por carregar um forte potencial de crescimento, seja na parte financeira, emocional ou espiritual. Será? É viver para conferir!

Datas significativas e muito importantes existem para serem lembradas num exercício que fazemos de memória. No dia de hoje, por exemplo, dois escritores deram-nos o ar da sua graça, enriquecendo a humanidade com seus preciosos talentos: Victor Hugo (1802-1885), escritor francês; e José Mauro de Vasconcelos (1920-1984), escritor brasileiro, autor do romance juvenil “Meu Pé de Laranja Lima”, obra que se tornou um clássico da literatura brasileira. Se bem que gostei mais de “Rosinha, Minha Canoa”, também de sua autoria. Como estava escrito na entrada da biblioteca da PUC de Campinas, onde cursei a minha Filosofia, uma frase que ainda trago na memória: “O livro é a sobrevivência da árvore que não morreu em vão”. Do escritor francês, fico com uma das suas frases que adotei para não cometê-la nas minhas relações interpessoais: “Os infelizes são ingratos; isso faz parte da infelicidade deles”.

26 de fevereiro. Já faz 12 dias que o Papa Francisco vem lutando contra uma pneumonia bilateral, já que está internado desde o dia 14 de fevereiro. O boletim médico desta quarta feira nos informa que o pontífice obteve uma “noite tranquila e segue descansando”. Embora crítica, o Vaticano afirma que a situação do Papa é estável. Na noite de terça-feira, 25, também foi informado que Francisco “não teve episódios respiratórios agudos, e os parâmetros hemodinâmicos continuam estáveis”. Seguimos com as nossas orações pelo nosso líder maior da Igreja Católica, pedindo a Deus que restabeleça a sua saúde, pois ele ainda tem muito a nos ensinar com o seu jeito simples e amoroso de ser, quebrando os paradigmas de uma estrutura arcaica de Roma. Eu faço a minha parte daqui, confiante naquilo que disse o capuchinho italiano Padre Pio (1887-1968): “Reze, tenha esperança e não se preocupe. Deus é misericordioso e ouvirá a sua oração”.

Sigo rezando também com a liturgia diária, que nesta quarta feira nos possibilita refletir com o Evangelho de Marcos 9,38-40. Estamos no finalzinho do capitulo 9 deste evangelho. Ao longo deste capitulo já vimos um pouco de tudo, a respeito da conduta dos discípulos de Jesus diante de seus ensinamentos: a fragilidade da fé deles, que não foram capazes de expulsar alguns espíritos malignos; a mania de grandeza, numa atitude de disputa quanto a ocupação dos primeiros lugares; e hoje eles estão “se achando”, querendo expulsar algumas pessoas, só pelo fato delas, inicialmente, não pertencerem ao grupo deles. Cheios de soberba e empáfia (arrogância), somente eles se acham com a capacidade de realizar as ações correspondentes aos ensinamentos de Jesus.

“Quem não é contra nós é a nosso favor”. (Mc 9,40) Nos ensinamentos de Jesus aos seus discípulos, Ele mostra que não quer que o grupo daqueles que o seguem, se torne uma seita fechada, centralizadora e monopolizadora da sua missão. Isto porque, quem comanda as ações em nome de Jesus é a força que vem do Espírito Santo. E o Espirito, é como o vento, como bem definiu Jesus no relato Joanino: “O vento sopra onde quer, você ouve o barulho, mas não sabe de onde ele vem, nem para onde vai. Acontece a mesma coisa com quem nasceu do Espírito”. (Jo 3,8) Ter fé em Jesus não é só admirar o que ele diz e faz, mas é entregar-se para o compromisso total com Ele, o que exige uma transformação profunda. Toda e qualquer ação que liberta as pessoas é parte integrante da missão de Jesus.

Seguir Jesus é mais do que dizer simplesmente que tem fé n’Ele. É missão da Igreja, estar aberta àqueles que não lhe pertencem expressamente, mas demonstram empatia, simpatia e solidariedade às causas do Reino. Muito dos que estão “fora”, pode ser que estejam mais dentro do que aqueles que se acham os primeiros. Neste sentido, recordo-me de uma das experiências que vivenciei com o nosso bispo Pedro, aqui no Araguaia. Era desejo de um grande amigo meu, conhecer Pedro. Só que este amigo se definia como agnóstico, ou seja, considerava os fenômenos sobrenaturais inacessíveis à compreensão humana. Acertei com o amigo e Pedro o encontro dos dois. Depois de uma longa conversa entre ambos, na capela dos fundos da casa de Pedro, entre lagrimas, meu amigo me confidenciou uma das frases de Pedro ditas a ele: “O Deus que você não acredita, eu também não acredito”. E assim, meu amigo retornou para São Paulo, se sentindo a pessoa mais feliz do mundo, e com outra compreensão acerca dos mistérios da ação de Deus