Missionalidade na Sinodalidade (Chico Machado)

Quinta feira da Vigésima Sexta Semana do Tempo Comum. O mês das missões vai dando passos concretos em nossas vidas. O renascer da primavera dando vida ao nosso ser missionário, que cada um sabe ser. Missão de levar adiante o Ministério Messiânico de Jesus, sendo um com e como Ele. A missão é o ser constitutivo do cristão, que faz a sua adesão a Projeto do Reino revelado por Jesus de Nazaré. A fé vivida sem a concepção da missão que devemos assumir se torna inócua, ou seja, infantilizada. “Ide por todo o mundo e proclamai a Boa Nova a todas as criaturas”. (Mc 16,15). Este é o recado dado por Jesus e impresso em nosso coração pelo batismo.

Missão na Sinodalidade. Ser cristão numa Igreja Sinodal. Recordando que o termo “sínodo” nos vem do grego “synodos”, que significa “reunião”. É composto pelo prefixo “syn” (junto com, junto de, junto a) e pelo substantivo “hodós”(caminho). Também o verbo grego “synodéo” que significa “percorrer um caminho com alguém”. A Igreja fazendo a sua caminhada neste mundo, seguindo os mesmos passos de Jesus, à luz do Concílio Vaticano II (1962-1965) que nos ajudou a aprofundar a compreensão de que o melhor jeito de ser e de caminhar como Igreja, para bem cumprir sua missão, é o “jeito sinodal”.

Igreja que caminha junto na perspectiva da Sinodalidade. Ninguém é maior ou melhor que ninguém, mas todos fazemos parte daqueles e daquelas que caminham juntos e na mesma direção. Assim sendo, ser Igreja sinodal é o esforço coletivo e a busca contínua e constante de aprendermos a “caminhar juntos”, como irmãos e irmãs de braços dados com Ele. É um jeito de ser Igreja no qual cada pessoa é sumamente importante, tem espaço de fala, tem vez, é ouvida, preparada e envolvida na realização da missão. Já não se trata de estar uns acima dos outros, mas de nos colocarmos unidos para, juntos, façamos a experiência de fé profunda, diante dos desafios que se apresentam em nosso contexto diário. Como bem frisou o Papa Francisco: “A Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, com a consciência de que escutar é mais do que ouvir. É uma escuta recíproca em que cada um tem algo a aprender”.

Aprender com Jesus e a sua pedagogia do caminho e da escuta atenta dos clamores dos mais pobres, excluídos e marginalizados, como fica explicito no texto do evangelho de Lucas que temos a oportunidade de refletir nesta quinta feira, Festa de São Benedito. Um fiel seguidor de Jesus de Nazaré que nasceu perto de Messina, na ilha da Sicília, Itália, no ano de 1526. Benedito significa abençoado. Embora analfabeto os teólogos vinham de longe para conversar com São Benedito e aprender com ele. Pertenceu a ordem dos franciscanos capuchinhos (OFM). Frei Benedito tinha o dom da sabedoria e o dom da ciência. Apesar de sua condição de analfabeto, ensinava a todos.

Um santo negro, defensor das causas do povo negro, escravizados de ontem e de hoje. O dia 5 de outubro é celebrado por toda a comunidade católica, como uma homenagem e devoção ao santo considerado o padroeiro dos afro-descendentes, cozinheiros e donas de casa. Aliás, o Brasil é o único país do mundo que comemora o Dia de São Benedito nesta data, graças a uma reverência canônica especial concedida à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pelo Vaticano, em 1983. Um dos lemas de São Benedito é: “deem de graça o que de graça receberam”. Foi canonizado em 1807 pelo papa Pio VII.

Como aos 72 apóstolos enviados por Jesus no texto da liturgia deste dia, São Benedito, com certeza, está entre muitos outros enviados, com a mesma missão, já que ele é conhecido pela sua humildade e desapego aos bens materiais, vivendo uma vida simples e feliz, seguindo os ensinamentos de Jesus: “o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir”. (Lc 10,1). Os discípulos/apóstolos são organizados por Jesus com a determinação de anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino na história. Aqueles e aquelas que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história. A recomendação principal de Jesus é esta: Convertei-vos e crede no Evangelho, pois, o Reino de Deus está próximo/chegando!” (Mc 1,15) Ser missionário/a neste contexto de sinodalidade é fazer da vida um caminho em direção à escuta atenta da Palavra, aos clamores dos que sofrem, anunciando-lhes a esperança da vida nova que juntos iremos construir com Ele.