Sábado da Primeira Semana do Tempo Comum. O mês de janeiro vai se delineando, em meio às chuvas típicas do verão. É natural que esta estação se caracterize pelas altas temperaturas, chuvas abundantes e dias mais longos que as noites. Assim, o verão segue dando as suas cartas, o que é muito perceptível aqui na nossa região com o Araguaia recebendo um volume considerável de água. Em contrapartida, as nossas estradas de terra ficam intransitáveis, com imensos atoleiros. Nosso ônibus ficou preso em um deles ontem. Já nos acostumamos com esta rotina, sempre que pomos o pé na estrada. Morar no Araguaia tem as suas belezas e as alegrias, mas também este ônus.
Apesar de um pouco cansado, em virtude das 25 horas dentro de um ônibus, percorrendo o trajeto de Cuiabá a São Félix, iniciei o meu dia rezando na companhia de Pedro. É sempre bom estar ali, bebendo de sua mística revolucionária e receber a energia que brota daquele lugar simples e sagrado. Naquele momento orante, meus olhos contemplavam a beleza do Araguaia transbordante, com o seu volume de água das barrancas da Ilha do Bananal até o lado de cá. O irmão Sol, insistindo em querer se fazer presente, mas as densas nuvens, não o permitiram realizar o seu intento. Conclui a minha oração matinal recitando um verso de um dos poemas de Pedro: “Saber esperar, sabendo ao mesmo tempo, forçar as horas daquela urgência que não permite esperar”. (Saber Esperar – Pedro Casaldáliga)
O tempo não para e nem espera! Quem toma a decisão de ir à luta, não espera que a oportunidade aconteça, batendo à porta. Seguir os passos de Jesus exige uma decisão de adesão ao projeto do Reino. Seguir para conhecê-lo! Conhecer para segui-lo! A fé não se resume a uma prática de preceitos, doutrinas e normas. Ela é exigente e requer que trilhemos na mesma estrada, por onde trilhou Jesus de Nazaré. Se estamos trilhando com Ele os primeiros passos de sua missão evangelizadora, devemos aprender com Ele a sair da nossa zona de conforto e ir onde se encontram os marginalizados e descartados, como o vemos fazer no texto do Evangelho de Marcos, que estamos refletindo neste sábado. Jesus que se mistura com “aquela gentinha”: cobradores de impostos, pecadores, comendo à mesa com eles.
Jesus faz questão de, não somente estar na casa de um pecador, mas também de sentar-se à mesa com ele, coisa que, para a sociedade judaica daquela época, era inadmissível. Como os religiosos eram exímios cumpridores da Lei, guardando as tradições, evitavam manter qualquer tipo de contato com os “pecadores”, já que “aquela gente”, não seguia e nem cumpria o sistema de regras. Os fariseus, doutores da Lei, escribas e mestres da Lei, não se “misturavam” com os cobradores de impostos, por exemplo, pois eles eram famosos por peculato (crime praticado por funcionário público contra a própria administração pública) e por sua cooperação com os odiados romanos. Jesus rompe a barreira do exclusivismo e da indiferença das autoridades religiosas, já que para Ele, não há limites para a misericórdia, para o amor e para o perdão, pois Deus é amor, misericórdia e perdão sempre!
Jesus quebra todos os tabus da sociedade judaica, condenando o sistema legalista dos fariseus, com a sua forma excludente de alcançar a justiça. O fato d’Ele comer com pecadores mostra que o Deus da vida, olha além da cultura, dos usos, costumes e tradições. O foco de Jesus é o cuidado para com a pessoa humana que está ali na frente dele. Enquanto os fariseus desconsideravam as pessoas por causa de seu comportamento passado, Jesus olha para a pessoa como um todo, sobretudo para os anseios de seu coração. Ele age movido pela misericórdia, e não pelas tradições religiosas. Na compreensão de Jesus, não há paz sem justiça e não há verdadeira justiça sem misericórdia!
“Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”. (Mc 2, 17) Com a sua encarnação, enquanto Verbo (Palavra) de Deus, Jesus nos mostra a face de um Deus pleno de amorosidade e extremamente misericordioso. Como Filho desta relação de amorosidade de Deus, Jesus rompe os esquemas sociais que dividem as pessoas em boas e más, puras e impuras. Isto fica claro, quando Ele chama um cobrador de impostos (Levi), para fazer parte do grupo de seu discipulado. Ao comer com os pecadores, Ele mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles e aquelas que a sociedade hipócrita rejeita como maus. Trazendo para os dias de hoje, alguns padres e bispos do meio de nós precisam fazer uma hermenêutica correta deste texto, quando eles se acham no direito de dizer quem deve ou não comungar da Eucaristia. Ainda bem que o nosso Papa Francisco, segue nesta mesma toada de Jesus, ao afirmar: ”Eu nunca recusei a eucaristia a ninguém. A comunhão não é um prêmio para os perfeitos”. Quer um conselho? Comungue sempre, pois é a nossa vida de pecadores que necessita deste alimento, para fortalecer-nos no caminho com Jesus, ao encontro dos mais necessitados.
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