Quando moramos em Maristela (Comarca de Laranjal Paulista), frequentei o Catecismo e formação para o Crisma, na igreja dedicada a Santo Antônio. Lá fui coroinha, e também participei da Cruzada infantil. Os padres que cuidavam da pastoral eram Redentoristas, que viviam no Seminário Santa Teresinha de Tietê. Esse período foi nos anos 61 a 64. Por lá apareceu um padre, recém-ordenado, e disposto a trabalhar bastante no apostolado daquela vila. Ele cuidada dos coroinhas, e nesse grupo separou alguns fazendo o convite para que participassem da Formação Vocacional. Estava lançado o chamado para a vida religiosa. Depois de dois anos, chegou o dia para a partida, viagem que nos levaria para o seminário da Pedrinha. Era janeiro de 1965. O padre responsável por esse convite é o Padre Alberto Pasquotto.
Na Pedrinha estavam os padres Marcos Moser – Diretor (alguns anos depois se licenciou do sacerdócio), Furlani – Ecônomo, e também o Rodolfo Anderer – Diretor Espiritual. Todos foram nossos formadores e professores. Éramos uns 60 alunos. No final do ano, reprovei em uma matéria, mas não fui dispensado, deram mais uma chance. Nesse tempo, íamos para casa apenas no mês de dezembro, com retorno logo no início de janeiro. Portanto, em 1966 lá estava eu de volta para a Pedrinha. Por ser aquele que conhecia a rotina e regras da casa, fui líder, representante do grupo e outras responsabilidades. Ajudar com a disciplina, com a limpeza, cuidados com a casa de geração de energia elétrica, organização das equipes, e fui enfermeiro.
Nesse período tivemos um surto de Caxumba. Os infectados ficaram isolados, eu cuidei deles e não contraí a doença. Adorava aquele lugar, gostava dos passeios pela serra, nadar nas águas geladas. Nunca nos machucamos ou passamos por perrengues nesses passeios. Íamos sempre para a Pedrinha, não fui nenhuma vez até a Pedrona. A vida na Pedrinha era uma delícia, mesmo não tendo chuveiro quente para o banho. Banho? Só com água fria. Tínhamos um bom pomar, campo de futebol, e a famosa piscina, Gigante. Quando chegou o meio do ano de 66, não tínhamos férias, mas um pequeno período de recesso nas aulas fomos transferidos para Aparecida, Seminário Santo Afonso. A casa da Pedrinha foi fechada, mas a limpeza da casa ficou sob minha responsabilidade, e para lá íamos uma vez por mês para uma limpeza geral.
No Santo Afonso, a maioria ficou no grupo dos menores, e apenas alguns no grupo dos médios. Essa divisão afetava as amizades, pois éramos proibidos de conversar com grupos diferentes – menores, médios e maiores. Já não podíamos mais conversar com os amigos que vieram da Pedrinha. Vida nova, novos hábitos, novas responsabilidades. A limpeza dos aposentos e corredores acontecia nos sábados. Na limpeza da capela tínhamos que polir todas as peças feitas de latão (metal dourado). A socialização entre os grupos eram bastante restritos, e ocorriam apenas umas 3 vezes no ano. Fazíamos passeios para o Potim (na época uma pequena vila), para a Pedrinha – ida e volta a pé. Lembro de dois passeios que fizemos para Itatiaia/RJ, nas férias de julho. Lembro que num desses passeios fui sentado ao lado do Pe. Pacheco, e este foi a viagem toda fazendo cálculos e resolvendo equações, usando uma régua de cálculo. Acho que esse artefato não existe mais. Nesse período o Diretor Geral era o Pe. Silvério Negri. Nesse tempo, a construção do Santuário Novo estava a todo vapor, e consumia bastante eucaliptos para os andaimes. No morro, próximo ao seminário, havia uma grande plantação de eucaliptos, e foram utilizados na obra. Aos sábados, no período da tarde, íamos ao morro para movimentar as árvores cortadas, dispondo-as próximo à Dutra, aonde o caminhão vinha buscar. Dessa forma, digo que meu suor está na base do Santuário Nacional, sendo grande parte dessa madeira utilizada para a construção da Cúpula Central. Em 1967, o Papa Paulo VI concedeu a primeira Rosa de Ouro para o Santuário, ainda em construção, e esse presente foi para comemorar os 250 anos do encontro da imagem. A missa foi toda especial, e o coral do seminário esteve presente. Todas as músicas foram compostas exclusivamente para essa festa. Mesmo o Santuário novo estando em obras, foi tudo muito bonito e emocionante. Nós cantamos sobre tábuas que foram colocadas junto as paredes em obra. Houve até uma chuva de pétalas de rosas, espalhadas por um helicóptero. Cena inesquecível, dias inesquecíveis, foram marcas que ficaram dentro de nós. Cada vez que entro no Santuário Nacional relembro tudo isso. Acredito que tenho um pequeno crédito junto à querida Mãe Aparecida.
Durante as férias de final de ano, em 1967, recebemos a notícia que não voltaríamos para o Seminário Santo Afonso em Aparecida, mas sim para o Santa Teresinha em Tietê. A casa de formação dos noviços foi transferida para o Alfonsianum, construído próximo a Raposo Tavares, em Cotia.
Dessa forma, a Congregação mudou o Seminário Menor (antigo ginasial) para Tietê. Lá se foram minhas férias, pois o então Pe. Marcos Moser foi me buscar em casa para que eu o ajudasse a rearranjar a casa, de forma que pudesse receber os seminaristas no início do ano letivo. Os dormitórios receberam beliches, as salas de aulas receberam as carteiras. Durante o ano construímos a quadra de jogos de salão e basquete, arrumamos o campo de futebol e ajudamos na construção dos vestiários externos. A instalação elétrica foi eu quem fez. “Ganhei” uma mala de ferramentas, e assim fui promovido para a função de Manutenção elétrica e alguns reparos de marcenaria (troquei as fechaduras das portas internas, e também os interruptores e tomadas por peças novas e modernas. Eu tinha permissão para fazer compras de materiais para pintura e pequenas reformas. Assim, usando o pessoal, pintamos algumas salas e corredores.
Lá tínhamos os padres Marcos, Roberto Escudeiro e o então novato Libardi, nosso diretor espiritual.
Foi também um ótimo período em minha vida, social, religiosa e de formação. Tietê também nunca sairá das minhas lembranças. Ali amadureci meu caráter. Mas, sempre tem um MAS, a proximidade de Tietê com Laranjal Paulista, proporcionou a ida frequente da minha mãe para visitar-me, e nessas visitas ela conversava com o Pe. Libardi, de tal forma que o convenceu a dispensar-me do seminário. Ela alegou vários problemas, e conseguiu seu intento, afinal ela nunca concordou com minha ida para o seminário. Frequentei a casa Santa Teresinha aos domingos, durante o ano de 1969, mas o clima de recepção já não era mais o mesmo, assim, ali não voltei mais. Voltei apenas após os encontros regionais em Tietê.
Comecei uma vida nova, tendo que fazer amizades e adaptar-me a nova vida. Participei do movimento TLC – Treinamento de Liderança Cristã, onde dei algumas palestras. Um dos líderes do movimento tornou-se sacerdote e hoje é Bispo, Dom Pedro Luiz Stringhini. Laranjalense ali do Bairro Boa Vista, onde estão seus parentes. Também tivemos o Antonio Elias, que foi ordenado sacerdote. Não sei em qual congregação, mas na última vez que o vi estava muito doente, e soube por ele que vivia recluso numa casa na região de Cotia.
Quebrei a “cara”, me virei. Em 1971 meu pai faleceu (40 anos de idade e diabetes incontrolável). Precisei mudar minha vida novamente, e em 1972 me mudei para Osasco e fui trabalhar no BRADESCO, Cidade de Deus, Vila Yara. Nesse período, estava tão quebrado internamente, que nem em frente as igrejas eu passava mais, justamente para não ter a “tentação” de nela entrar. A ironia é que fui morar bem em frente à igreja Sagrada Família, Vila Yara, mas ali nunca assisti sequer uma missa. Minha vida profissional foi na área de TI. Começou no banco, e dali fui trabalhar numa metalúrgica – COBRASMA que fabricava equipamentos ferroviários, montava vagões, gondolas, e carros para o metrô e trens subúrbios (hoje não existe mais). Depois fui para a BRASEIXOS, fabricante de autopeças, era uma das empresas do grupo americano Rockwell.
Em 1974, exatamente no dia 25 de maio, conheci uma garota, com quem fiz uma ótima amizade e depois namoro. Nesse dia conheci a Vanda, minha primeira e única namorada. Namoramos e casamos e temos duas filhas. Uma é Fonoaudióloga, e outra está se doutorando em Sociologia. Mas mal sabia eu que esse namoro mudaria minha vida. Ela participava do grupo de liturgia na igreja do Espírito Santo, Jardim das Flores, Osasco, ela cuidava dos cantos. Fui “obrigado” a voltar para a igreja, senão perderia a namorada. Casamos em 1976, dia 18 de setembro, ali na igreja Espirito Santo, é claro. O padre chamava-se Ângelo, da Congregação Passionista. Os Passionistas, Congregação fundada por São Paulo da Cruz, na Itália, tinham um seminário em Osasco. Influenciado pelo carisma deles, voltei para a religião e para a igreja. O carisma é idêntico ao dos Redentoristas. Participei na formação para o Batismo, antes e após batismo, estive do grupo do Cursilho (que se desfez após um grande embaraço causado pelo então líder). Nesse período fui designado como coordenador de um dos grupos, e mantínhamos contatos com as demais lideranças de São Paulo, Santo André, Cotia e região. Mas o embrolho foi tão ruim que o grupo se desfez a mando do nosso Pároco, que era o diretor espiritual. Nesse período já participava na equipe de liturgia, onde estou até hoje. A pedido do pároco fiz parte da equipe de assuntos econômicos e diretivos na então igreja Santo Antônio, hoje elevada a Catedral.
A vida profissional exigiu muito de mim, a ponto de ter infartado, e nunca mais desejar trabalhar nessa área. Comecei como operador de sistemas IBM, fui programador, Analista de suporte técnico, especialista em banco de dados, telecomunicações. Fiz exatamente aquilo que me apaixonava, mas cheguei no meu limite. Em razão do stress, precisei abandonar algumas atividades na igreja, mas sem abandona-la.
Por volta de 2001 resolvi aceitar o convite do Mané, Manoel Hildegardo de Almeida, companheiro de seminário, e participei de um encontro em Aparecida. Acredito que estavam no 15º encontro anual. Depois participei no retiro na Pedrinha, também anual. Reencontrei meus amigos que não via desde 1969, matei a saudades das amizades, do seminário, de Aparecida, da Pedrinha. E participo até hoje. Já fiz parte da diretoria como Diretor Financeiro, como conselheiro fiscal, Presidente. A participação na UNESER é uma parte importante da minha vida. Sou apaixonado pelos meus amigos, pela integração com os grupos das demais regiões, integração com a Congregação (que ainda está amadurecendo).
Sou feliz em poder dizer sou UNESER. E poder repetir: “Uma vez Redentorista, Sempre Redentorista”.
Sou contemporâneo dos Padres Coutinho, Inácio, Desidério, Paulo Sérgio Bezerra, e de Dom Joércio. Também não posso esquecer de um grande amigo de seminário, o falecido Renato Savassa, que trabalhava nas equipes missionárias.
Hoje sou aposentado e não executo mais nada profissionalmente. Tenho uma chácara em Laranjal Paulista, Bairro Abóboras, que consome boa parte do meu tempo.
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