A semente da Palavra
Setembro é o mês da Bíblia para nós da Igreja Católica. Neste ano em que celebramos os 50 anos (1971-2021), cujo mês de setembro é dedicado ao Mês da Bíblia na Igreja no Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nos propõe como objeto de estudo e aprofundamento a Carta de São Paulo aos Gálatas. O lema deste ano é: “Pois todos vós sois UM só em Cristo Jesus” (Gl. 3,28d). Ou seja, com a chegada de Jesus, a Lei não tem mais a predominância. Agora é a lei do amor, pois nos revestimos do Ressuscitado e nos tornamos libertos de qualquer lei, de qualquer diferença que possa estabelecer o privilegio para alguns poucos e marginalizar os demais, sobretudo os mais pobres.
“A Bíblia é a palavra de Deus Semeada no meio do povo Que cresceu, cresceu e nos transformou Ensinando-nos viver um mundo novo”. Este é um dos refrãos de uma das canções que muito cantamos em nossas comunidades. A Bíblia para o cristão é a grande fonte de inspiração que nos leva a fazer um encontro pessoal com Deus e, ao mesmo tempo, encontrar-nos na caminhada da comunidade, construindo a história à luz do Projeto de Deus, revelado em Jesus de Nazaré. Embasado pela leitura pessoal da palavra, somos impelidos a fazer a leitura orante desta palavra no passo a passo da comunidade. Como mesmo nos disse um de nossos maiores biblistas, “A Bíblia, ela mesma, é fruto da Leitura Orante da Palavra de Deus.” (Carlos Mesters)
A Bíblia não se trata de uma escrita mágica acerca da história do povo de Deus ao longo dos tempos. Ela relata a caminhada de um povo que trafegou pela história, errando e acertando nas mesmas pegadas do Criador. Acessar esta palavra significa que estamos entrando em contato com um universo de relatos que expressam, de um lado, a fidelidade permanente de Deus, quanto à sua promessa, e a fragilidade humana em si fazer caminhante nesta mesma perspectiva proposta pelo Senhor da História. Assim, Deus vai se fazendo presente na história humana, arquitetando o seu Projeto Salvífico, cuja culminância se dá na chegada de seu Filho entre nós, se fazendo, inclusive, Um conosco: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós.” (Jo 1,14)
A Bíblia é a semente da Palavra de Deus semeada no meio de nós. Entretanto, nem sempre a entendemos bem ou sabemos fazer a interpretação correta daquilo que lemos. Alguns até manipulam o texto bíblico, fazendo uma interpretação aleatória, com o intuito de satisfazer aos seus interesses pessoais ou coletivos de classe. Quando tal efeméride ocorre, minimamente ferimos o 3º mandamento da Lei de Deus: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão” (EX 20,7) Por este motivo, para se ter uma boa compreensão do que o texto bíblico está a nos dizer, é necessário que se faça corretamente a interpretação daquilo que ali está escrito.
Estamos falando de hermenêutica. Em outras palavras, “interpretação”. Uma palavra de origem grega (hermeneuein) que versa sobre a teoria ou a filosofia da interpretação, contribuindo assim, para uma percepção mais clara do texto para além das palavras escritas ou de sua simples aparência. Por este motivo, para uma boa hermenêutica do texto, se faz necessário, adentrar no contexto de época em que foi escrito e tomar contato com a finalidade para o qual fora escrito. Daí a necessidade de também visitar o contexto sócio-político-econômico-religioso ao qual o texto se refere. Para tanto, requer o uso de uma outra expressão alemã bastante apropriada, “Sitz im Leben”, que tão somente quer dizer o enxergar o texto como uma escrita linguística contextual e cultural. Ou seja, ver o texto dentro de seu contexto de sua situação vital. Se assim o fizermos, não corremos o risco de retirar o texto fora de seu contexto. Até porque, texto fora do contexto, é mero pretexto, para justificar os nossos interesses mesquinhos medíocres. Lembrando também que quando nos reunimos para a leitura orante da Palavra de Deus em comunidade, nos aproximamos mais daquilo que o texto nos quis dizer, pois fazemos a interpretação como retalhos da nossa própria história de vida. Na Bíblia encontramos a semente da vida. Como nos dizia Mahatma Gandhi (1869-1948): ”Amor e verdade são duas faces de Deus. A verdade é o fim, o amor, o caminho.“
Chico Machado
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