Estou estacionando aquele mendigo filósofo aproxima se…
Reparo: ele usa sapatos meias ,paletó…
Uma camisa de mangas longas.
Não fede…
Os poucos cabelos viram o pente.
Não vejo os dentes.
Pode ter sessenta, talvez mais…
Arcado…
Cara fechada,poucos amigos…
” me paga um café?”
Café não se recusa .
Mas quero entender a situação…
Pergunto: Tudo bem?
Me encara firme…
” claro que não…paga o café?”
Penso: Pra conversar vou pagar o café.
Estendo a nota de 10…
Ele esboça um sorriso.
Aproveito a deixa:
O senhor mora perto?
Nenhuma resposta…
Tirou uma carteira do bolso, arrumou a nota na carteira.
Colocou a de volta no bolso de trás da calça…
Encarou me:
” cuide-se para que a vida não o derrube…”
Deu me as costas.
O senhor que varre o pateo observa…
Quando o homem se retira vem até mim:
” ele vem aqui todos os dias. Não conversa.Pede ajuda.Entra no bar em frente. Toma café e some.
Dizem que era professor. ”
Sei que tem cultura.
Usa plural, concordância…
Mas não sei quem é ou o que foi…
Gostaria de sentar com ele.
Dividir o café. O pão com manteiga.
Talvez um prato de comida.
Uma taça de vinho.
Ouvir suas histórias.
Sua vida…
Mas ele quer distância…
Suas dores…são suas…
Boa tarde/noite gente amiga querida…
Lembrei “carpe diem “…
Que o Senhor conforte o coração de quem sofre!