Quinta feira feira da décima sexta semana do tempo comum.
O mês de julho vai se diluindo em dias mais serenos com alguns de nós aproveitando para realizar pequenas viagens com os familiares, aproveitando do ensejo das férias escolares. Até mesmo o matuto que ora vos escreve, passando pelos rigores do frio, em todos os sentidos, desta megalópole paulistana. Nada comparado ao clima do meu distante Araguaia.
Quem teve o privilégio de passar pela nossa Romaria dos Mártires da Caminhada deste ano, ainda sente ressoar em seu interior a mística profética dos dias que lá tivemos. Impossível não sentir o calor humano e o olhar esperançado de cada romeiro, pisando no chão de nossa Prelazia. Da mesma forma que sentimos também a presença viva de Pedro nos provocando com as suas palavras: “Temos que fazer da memória subversiva do martírio uma diária militância subversiva”.
Olhar as histórias de vidas que foram tombadas pelas causas do Reino, é olhar para a vida do próprio Jesus, a primeira testemunha fiel. É olhar para a caminhada das primeiras comunidades cristãs, cujo martírio se fez presente desde os primórdios do cristianismo. É olhar também para as nossas comunidades no hoje de nossa história e perceber que algumas delas estão deverasmente distantes desta trilha histórica do próprio Jesus: ritualismo frenético sacramental, sem olhar para fora das paredes institucionais dos templos, incapazes de enxergar as vidas humanas que estão sendo crucificadas nas “esquinas da vida”.
Na liturgia proposta para esta quinta feira vamos perceber que Jesus nos dá uns bons puxões de orelha: “Porque o coração deste povo se tornou insensível. Eles ouviram com má vontade e fecharam seus olhos, para não ver com os olhos nem ouvir com os ouvidos, nem compreender com o coração, de modo que se convertam e os cure”. (Mt 13, 15) Ver, ouvir, perceber e sentir são as atitudes básicas daqueles e daquelas que caminham na mesma estrada com Jesus. O subversivo de Nazaré, subvertendo a lógica perversa do Deus mercado.
A lógica do Reino passa necessariamente na vida dos que fazem a sua adesão à Jesus. Os mistérios do Reino são acessíveis àqueles que acolhem Jesus como Messias, Verbo de Deus encarnado em nossa realidade humana. Um caminho sem volta, cheio de dificuldades e desafios. De fracasso em fracasso, vamos caminhando no esperançar de Deus, percorrendo com os irmãos as trilhas da história, clientes de que não estamos sozinhos. Ele é um conosco.
O Reino de Deus se faz na história. É a utopia crível que está projetada para além da história, mas que começa no aqui agora. O Reino já está entre nós, mas também ainda não. Mistério acessível aos que vamos aderindo ao Projeto subversivo de Jesus de Nazaré. N’Ele, o “Deus acima acima de tudo”, inacessível e distante, se faz presente na amorosidade do Filho. Um Deus grávido de ternura, misericórdia e amor pleno pelos seus. Deus que se revela na fraternura da amorosidade pelos pequenos: ““Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos”. (Mt 11,25) Quê venham as bem aventuranças do teu Reino, Senhor!
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