Segunda feira depois da Festa de Pentecostes. Na primeira segunda feira após Pentecostes, a Igreja celebra a memória de Maria Mãe da Igreja, Este título que foi inserido no Calendário Litúrgico Romano em maio de 2018, por iniciativa do Papa Francisco. Através do Decreto Ecclesia Mater da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, ficou assim estabelecido que a festa seria celebrada na segunda feira após Pentecostes. Um realce especial a presença eclesial de Maria. Ela que esteve presente desde a encarnação do verbo até o momento da glorificação do Filho de Deus.

20 de maio. Dia em que dou glória a Deus pelo dom da vida e por mais um ano de caminhada: 6.7 de luta e resistência. Muita história pra contar. O tempo que vai a frente é bem menor do que aquele já vivido até aqui. Se bem que sou daqueles que avalia a vida não pelos anos vividos, mas por aquilo que já construí e as pessoas que toquei com o meu jeito de ser. Que venham outros afazeres.

Iniciei as primeiras horas do dia literalmente na rodoviária de Campinas, aguardando o ônibus que me levaria à cidade de Barra do Garças pela manhã. Rezei em meio aos poucos transeuntes como eu, driblando o sono que insistia em querer dominar-nos. Entre o sono, o sonho e a realidade, recordei-me do poeta Fernando Pessoa quando diz: “O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é”.

Maria sempre ela, sempre viva, sempre bela. A mulher que acreditou e se entregou, fazendo-se a serva do sonho realizado de Deus. “Estava” aos pés da Cruz de Jesus, corajosa e aguerrida, como o Evangelho de João, inicia sua narrativa no dia de hoje. Teologicamente a palavra “estava” indica presença, continuidade, modo de participar, interação. Diferente dos discípulos, Maria acompanhou seu Filho Jesus ao longo da Via Crucis. Enfrentou todos aqueles momentos com dignidade do ser mulher, sem nunca fugir dos obstáculos da vida. Ela estava ali. Por isso, Jesus a confiou ao discípulo amado como Mãe.

“Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo”. (Jo 19,27) Maria é a Mãe de Jesus. Maria é a Mãe do discipulado. Maria é a Mãe da Igreja. Maria é a Mãe de todos nós. Tudo fez pelo Filho. Tudo fez pelo Reino. O seu Sim, dado numa hora tão difícil, continua sendo dado por todos aqueles e aquelas que acreditam no Projeto de Deus e renovam o seu sim na missão de evangelizar. Não apenas com palavras, mas com a própria vida, sendo testemunha do Ressuscitado.

No dia da Solenidade da Mãe, somos convidados a fazer um encontro pessoal com a Mãe. Não aquela do devocionismo alienado, mas com a Maria do Evangelho; Maria do Magnificat e sua palavra revolucionária, “comadre de Nazaré: “derruba do trono os poderosos e eleva os humildes. Sacia de bens os famintos e despede os ricos de mãos vazias.

“Maria, Mãe dos caminhantes. Ensina-nos a caminhar”. Ensina-nos a encontrar o caminho do encontro pessoal com o seu Filho, fazendo de nós, discípulas e discípulos seus. Que nos revistamos da coragem profética da Mãe e sejamos todos e todas, instrumentos de libertação. Que o Espírito Santo de Deus nos abra novos horizontes de vida, na companhia da Mãe.