Quinta feira da Nona Semana do Tempo Comum. O mês de junho segue com as coordenadas do outono, conduzindo-nos ao inverno. Se ontem foi o Dia Mundial do Meio Ambiente, aqui no Brasil, esta é a Semana do Meio Ambiente. O principal objetivo desta semana é conscientizar-nos e a comunidade sobre a importância de preservar os diferentes tipos de ecossistemas. Cuidar com amor da natureza para que ela continue a garantir a nossa sobrevivência. Chega de destruir a natureza, na justificativa de sobreviver. Nunca nos esqueçamos de que a natureza luta para sobreviver para garantir a sobrevivência do homem. Bem nos alertou o indiano Mahatma Gandhi: “A natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância.”
Na nossa reflexão litúrgica desta quinta feira, continuamos com o Evangelho de Marcos. Se ontem, ele nos trouxe Jesus sendo interrogado pelos saduceus, hoje é um mestre da Lei que quer colocar Jesus a prova. Os mestres da Lei na Bíblia eram os judeus que tinham pleno conhecimento da lei religiosa de Israel e eram os responsáveis por interpretá-la. Geralmente eles estavam associados ao partido dos fariseus. Eram também chamados de doutores da Lei e foram mencionados várias vezes nos textos bíblicos do Novo Testamento nos acontecimentos do ministério terreno de Jesus de Nazaré.
Em algumas passagens bíblicas, estes mestres da Lei também são identificados como escribas ou doutores. Dedicavam basicamente a estudar, interpretar e ensinar a Lei, tanto que recebiam o título de “rabi”. Lembrando que a Lei não era apenas a parte escrita, mas também a lei oral de Israel. Por isso era comum que os doutores da Lei tivessem pessoas aprendizes as quais eles educavam sob a mesma dinamicidade. Esses “alunos” tinham de transmitir de forma fiel tudo o que lhes fora ensinado. Os doutores da Lei também decidiam sobre as questões relacionadas à administração da lei na sociedade judaica. Por isso, entre os membros do Sinédrio (a suprema corte judaica), estavam os doutores da Lei. O Sinédrio julgava com base na Lei, e os mestres da Lei tinham um papel importante nesse processo.
Conhecedor dos mandamentos e da Lei, um destes mestres da Lei, aproxima-se de Jesus e lhe faz uma pergunta capciosa: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” (Mc 12,28) Sendo delicado com ele, Jesus responde, citando aquilo que está escrito na Lei: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças”. (Mc 12,30). E emenda já citando o segundo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior do que estes”. (Mc 12,31) Amar a Deus está intrinsecamente ligado ao amor que devemos ter ao outro. O amor que devotamos a Deus supõe anteriormente o amor de Deus para conosco. Esta é a medida do nosso amor a Deus e aos irmãos.
Ama a Deus quem ama o seu irmão! Impossível amar a Deus quem não se abre ao amor incondicional ao irmão. Se o nosso amor nasce da mesma fonte do amor de Deus para conosco, este amor é verdadeiro, pois envolverá todo o nosso ser com o coração, a mente e a nossa vontade. Mais do que um amor de sentimento devocional, será um amor de atitude, decisão, conduta e vontade. Para Jesus, amar não é uma questão de mero afeto, nem sentimento, mas trata-se de uma decisão de quem se dá por inteiro na relação de quem ama a Deus amando os seus.
Em outras ocasiões dos Evangelhos, Jesus faz duras críticas aos escribas e fariseus, por causa de suas hipocrisias. Achavam-se os maiorais, com a responsabilidade pelo ensino da Escritura e da Lei, impondo medidas pesadas aos outros, que eles jamais cumpriam. Entretanto, no contexto de hoje, Jesus resume a essência e o espírito da vida humana num ato único com duas dimensões inseparáveis: amar a Deus com entrega total de si mesmo, na relação com o irmão, porque o Deus verdadeiro e absoluto é um só e, entregando-se a Deus, a pessoa retira de si o centro das coisas. Lembra ainda que amar ao próximo como a si mesmo, isto é, a relação num espírito de fraternidade e não de opressão ou de submissão. O dinamismo da vida é o amor que constrói relações entre as pessoas, edificando junto, o Reino de Deus. Quem assim pensa e age, está mais próximo do Reino de Deus, é o que conclui o texto de hoje: “Tu não estás longe do Reino de Deus”. (Mc 12,34) Longe e perto, é uma questão de escolha.
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