Lázaro, em soneto alexandrino

 

Bom dia. Hoje não é uma quinta qualquer,

Que estou a vivenciar o hoje, o agora.    

Pois a espiritualidade cristã me aflora,

Para me tornar fraterno o quanto puder.

 

Que eu tenha, Senhor, muita sensibilidade,

A enxergar o excluído Lázaro ao meu lado.

E se a comida este mundo lhe tem negado,

Que eu me inflame pela sua dignidade.

 

Ah, Mestre, como se torna lindo este dia

Em que, arregaçando mangas então me sinto,

E saio às ruas, a acolher o irmão faminto.

 

Oro a que sua existência se torne decente:

Que a Lázaro não restem migalhas somente –

Vos suplico, Jesus. E à Vossa Mãe, Maria!

PEDRO AVELAR. Escritor e poeta.