O nome João Batista quer significar “aquele que batiza com a graça de Deus”. Na verdade, é um nome composto por dois nomes de origens diferentes: João e Batista. A palavra João vem do hebraico “Iohanan”, a partir da junção de “Yah”, significando “Javé”, “Deus” e “hannah”, que quer dizer “graça”. A conexão destas duas terminologias significa então “Deus é cheio de graça” ou “aquele que é agraciado por Deus”. João Batista também quer dizer: “aquele que batiza com a graça de Deus”. Foi ele que batizou Jesus as margens do Rio Jordão: “Jesus foi da Galileia para o rio Jordão, a fim de se encontrar com João, e ser batizado por ele”. (Mt 3,13) A teofania, isto é, a manifestação divina, no batismo do Jordão revela a João a personalidade divina de Jesus (Jo 1, 29). O batismo de Jesus é o apogeu do ministério de João. Então ele desaparece. Daquele momento em diante, muitos discípulos de João passam a seguir Jesus.
João nasceu a partir da graça (“milagre”) de Deus, já que sua mãe, além de idosa, era também estéril. Nasceu em Aim Karim, cidade de Israel que está localizada a 6 quilômetros do centro de Jerusalém. João Batista foi consagrado a Deus desde o ventre materno. Era chamado de precursor, ou seja, aquele que veio à frente de Jesus, preparando os seus caminhos como está descrito no Evangelho de Marcos: “Eis que eu envio o meu mensageiro na tua frente, para preparar o teu caminho. Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!” (Mc 1,2-3) uma citação que já estava presente nos escritos do profeta Isaías. Toda a fala de João Batista vem no sentido de uma grande advertência. Ele anuncia a vinda do Messias, que vai provocar uma grande transformação. Para tanto, é necessário estar preparado, purificando-se e mudando o modo de ver a vida e de vivê-la.
João é o profeta que faz a transição do Antigo para o Novo Testamento. Todas as promessas que Deus havia feito no passado começam a acontecer a partir da anunciação do Messias feita por João Batista. A missão do precursor talvez tenha começado pelo fim do ano 27 d.C., conforme Mateus: “João usava roupa feita de pelos de camelo, e cinto de couro na cintura; comia gafanhotos e mel silvestre. Os moradores de Jerusalém, de toda a Judéia, e de todos os lugares em volta do rio Jordão, iam ao encontro de João. Confessavam os próprios pecados, e João os batizava no rio Jordão”. (Mt 3,4-6)
A mensagem trazida pelo Batista serve-nos até hoje, pois é ainda um convite a uma mudança radical de vida (metanoia – conversão), exigindo conversão e pureza interior, uma vez que já se aproximava o Reino, que iria transformar radicalmente todas as relações entre as pessoas. Uma advertência severa, pois começa o tempo do julgamento, e de nada adianta ter uma fé de teoria, já que o julgamento se baseará nas opções feitas, nas atitudes concretas que cada um deve assumir para a sua vida. João, com a sua mensagem, bate de frente com os fariseus hipócritas, com o jeito de eles viverem e manipular a vida e a fé das pessoas mais simples, humildes e pobres; a falsa segurança de suas observâncias religiosas. Teve também problemas sérios com os saduceus, com suas intrigas políticas, como forma de conservar o poder e a exploração do povo. João combate todas estas estruturas que vão ser superadas pelo Reino de Deus trazido por Jesus.
O texto que a liturgia de hoje nos traz (Lc 1,57-66.80) é considerado uma “Midrash”, que nada mais é que uma forma narrativa desenvolvida através da tradição oral advinda do Talmud. Desta forma, o “Midrash” é, assim, uma coletânea das histórias bíblicas que estão presentes nos textos sagrados que escondem entre suas linhas, mas que podem ser encontradas por aqueles que estudam ou sabem escutar a sabedoria milenar herdada de nossos antepassados. Todavia, o que mais nos importa é saber que em Jesus se manifesta a força que nos liberta dos inimigos e do medo, formando um povo santo e justo diante de Deus. Com João Batista estamos diante da manifestação da luz que ilumina a nossa condição humana, abrindo um horizonte novo, uma nova história, que nos encaminham para a Paz, isto é para a plenitude da vida.
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