Sexta feira do Quinto Dia da Oitava do Natal. O último final deste ciclo vem chegando, prenunciando o novo ano que vai chegar. Novas perspectivas de um novo horizonte, sendo projetadas em nossas expectativas. A esperança move os nossos sonhos como possibilidade de construção de outro mundo possível, onde a paz e a justiça sejam hospedeiras em nossos corações.
Queremos paz! Não queremos guerras! Queremos vida! Não queremos mortes! Queremos um mundo mais igual! Não queremos a desigualdade, estratificada na injustiça e na sobreposição de uns sobre os outros! Queremos um mundo onde todos e todas possamos viver na intensidade máxima, pois este é o sonho de Deus para todos nós.
A utopia do Reino está presente no nosso esperançar. Esperando, fazendo e acontecendo, com o melhor de nós que possamos dar. Não nos contentarmos com o mínimo dos acomodados e indiferentes, mas dar de nós o que temos de melhor, nas circunstâncias que vamos experimentando no dia a dia. “O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença”, dizia-nos o psiquiatra austríaco Wilhelm Stekel (1868-1940)
Minha oração desta manhã aconteceu mais uma vez, longe de meu Araguaia. Direto do ABC paulista, mais precisamente de Mauá, casa do amigo Padre Pereira, a quem estou visitando, nestes dias de convalescença de sua cirurgia. Rezando com Jesus como “sinal de contradição”, aproveitei para trazer comigo, as centenas de amigos que fui colecionando ao longo da estrada.
Hoje a liturgia nos oportuniza refletir mais uma vez uma perícope da infância de Jesus. Como é de todos sabido, o Evangelho de Lucas, é por excelência, o texto que apresenta a trajetória de Jesus como caminho que se realiza na história. Ele adentrando a história humana, trazendo para dentro dela, o projeto de salvação que Deus tinha revelado, conforme a promessa feita no Antigo Testamento: “Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo”. (Lc 1,68) O Messias vindo pobre, com os pobres e para os pobres.
O Deus cheio de misericórdia, através de Jesus, visitando os pobres e fazendo no meio deles o seu lugar de morada definitiva. A família de Nazaré, representando a comunidade dos pobres de Javé. Como vemos no texto de hoje, Simeão e Ana também representando os pobres que esperam a libertação. E Deus responde à esperança deles.
O belo cântico de Simeão nos faz relembrar a vida e missão do Messias, Filho de Deus: Jesus será sinal de contradição, isto é, julgamento para os ricos e poderosos, e libertação para os pobres e oprimidos. Ele assumindo a condição social dos empobrecidos, mostrando-lhes que aquela condição, contrariava os planos de Deus. O Deus da abundância e da vida feliz, partidário dos empobrecidos, mostrando-lhes que o Reino é deles, com eles e para eles em primeiro lugar.
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