Quarta feira da Quarta Semana do Tempo Comum. Uma madrugada chuvosa aqui pelas nossas bandas. São Pedro não economizou. O forte calor do verão deu lugar a uma brisa leve e fresca, não muito comum aqui neste período do ano. No dia em que celebramos a Memória de Santa Águeda, acordei muito cedo e rezei acompanhando os passos lentos de uma enorme jaguatirica passeando furtivamente em meu quintal, contemplando a vida de mais uma das mulheres mártires da História da Igreja. Santa Águeda que nasceu na Sicília, Itália, no ano de 235. Realizou a sua páscoa em 251, com apenas 16 anos de idade. O dia 5 de fevereiro foi o dia de sua morte.
No dia em que a liturgia da Igreja celebra a Memória da Mártire protetora dos seios, lembramos que hoje é também o Dia Nacional da Mamografia. Recordando que a Mamografia é uma radiografia das mamas feita pelo equipamento de raios X chamado mamógrafo, capaz de identificar alterações nas mamas. É importante que as mulheres observem permanentemente suas mamas, para detectar pequenas alterações mamárias. Tais cuidados previnem contra o câncer de mama, mesmo sabendo que a confirmação de câncer de mama é feita em laboratório, pelo exame histopatológico, que analisa uma pequena parte retirada da lesão (biópsia). A data de hoje, que foi instituída pela Lei nº 11.695/2.008, tem como objetivo principal chamar a atenção para a importância do exame na detecção de alterações nas mamas. Toda a atenção da mulherada é pouca, em si tratando de sua saúde e bem estar. Salve todas elas!
“Uma mulher levantou a voz no meio da multidão, e disse a Jesus: Feliz o ventre que te carregou, e os seios que te amamentaram”. (Lc 11,27) Evidente que esta tal mulher anônima, estava se referindo à Mãe de Jesus e da importância dela no processo de libertação da humanidade, ao aceitar que seu ventre carregasse aquele que viria salvar a todos nós. Bendito sejam os seios que amamentaram a todos nós, já que tivemos a felicidade de ter um ventre acolhedor e amoroso que nos plasmou no seio deste cosmos de infinitas possibilidades e desafios. Que saudades sinto daquela que me fez vir a este mundo, ensinando-me ser quem sou hoje! Confesso que tenho mais dela do que de mim mesmo. Se sou quem sou, devo a ela.
Quanto ao texto litúrgico de hoje, Marcos nos situa Jesus voltando à sua terra e, num dia de sábado, se pôs a ensinar na sinagoga, como era de praxe acontecer neste dia especifico. Todos ali ficaram admirados com os ensinamentos d’Ele, e começaram a questionar-se: “De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco? (Mc 6,2-3) De certa maneira, seus conterrâneos tinham dificuldades em aceitar que um como eles, tivesse poder para tanto. Acreditavam nos de fora, e não nos seus concidadãos. É sempre que acontece, também nos dias atuais.
É importante salientar que o evangelista São Marcos tinha uma facilidade enorme em descrever Jesus como um “taumaturgo”, ou seja, um fazedor de milagres, prodígios, que ele chamava de “sinais”. Na concepção de Marcos, Jesus é o taumaturgo por excelência, capaz de acolher o caído e dar nova perspectiva a ele. Jesus de Nazaré tem poder sobre as doenças, inclusive aquelas que acometiam as pessoas e as excluíam do convívio social. Durante grande parte do Evangelho de Marcos, Jesus é o taumaturgo do Pai que segue, em sua vida itinerante, curando, purificando e libertando as pessoas de suas mazelas, algumas, inclusive impostas pela classe religiosa.
“Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. (Mc 6,4) Uma frase lapidar dita por Jesus, já que Ele estava sendo rejeitado pelos seus próprios conterrâneos. Ou seja, o povo pobre e simples da periferia de Nazaré se escandaliza e não querem admitir que alguém como eles, pudesse ter sabedoria superior à dos religiosos de Jerusalém e que pudesse realizar ações que indiquem a presença de Deus na vida d’Ele. Não conseguem conceber que um homem como eles possa ter ascendência divina, contrariando diretamente a encarnação do Verbo: Jesus Homem/Deus se fazendo um conosco no meio de nós, como Paulo decifrou com simplicidade cristológica em uma de suas cartas: “Ele tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens”. (Fil 2,6-7) Jesus abriu mão de todo e qualquer privilégio, até mesmo da boa fama, para pôr-se a serviço dos outros, até o fim.
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