Segunda feira do sexto dia da Oitava do Natal. Estamos a um passo de virar a página do ano cronológico dos homens. Se no Cronos estamos vivenciando o final de uma etapa histórica, no Kairós, o tempo de Deus, experimentamos uma nova etapa, inaugurada com a chegada do Menino Deus, que vem selar o compromisso com a humanidade, estabelecendo definitivamente, sua morada entre a humanidade. Deus conosco, um de nós, gente como a gente! Viver este kairós é lidar com a perfeição de Deus, o tempo certo, o momento oportuno, o tempo da confiança, da perseverança, da providência, do descanso, da fé confiante e inabalável.
Tempo da graça de Deus. Tempo oportuno para avaliar a nossa chegada até aqui. Os passos dados numa vivência de fé que acreditamos estar em sintonia com o projeto do Reino anunciado por Jesus. Tempo de conversão permanentemente, já que uma fé engajada, exige discernimento e envolvimento, no compromisso, na construção de outro mundo possível, mais de acordo com o sonho de Deus. Outro mundo em que sejamos nós, a mudança que queremos ver nele, conforme o pensamento do grande líder indiano Mahatma Gandhi; “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.
A um passo do novo ano, que vem ao nosso encontro, temos razões de sobra para pensar e viver novas perspectivas. Sair da mesmice de nosso comodismo, e abraçar novas causas, novos horizontes de vida. Permitir que a nossa fé amadureça de acordo com os compromissos que vamos assumindo na caminhada, sempre tendo como horizonte de ação, a vida sofrida dos empobrecidos. Fazer com que a esperança alcance novos sonhos, se tornando uma realidade palpável acontecendo em sua história de vida. Acreditar e esperançar na perspectiva paulina: “a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu”. (Rm 5,5)
O clima é festivo de Natal. O nascimento do Menino, segue ditando o ritmo da festa que ora estamos experimentando em nossos lares. Como sempre, toda criança que nasce, traz consigo a alegria para todos os que estão ao seu entorno. Ainda mais sabendo que estamos festejando a vida de um menino muito especial, que veio encher a humanidade com a divindade suprema de Deus. O mistério teofânico (manifestação) da transcendência de Deus, alcançando a humanidade, nos permitindo trilhar os caminhos de sua divindade. O casal pobre da periferia de Nazaré, entrando nos planos de Deus e se tornando coautores do projeto de libertação para toda a humanidade.
O menino é apenas uma criança, nos braços da Mãe, que está sendo apresentada ao Templo de Jerusalém. Todos à sua volta, menos as autoridades religiosas, ficam admirados, por saberem que Deus cumpriu a sua promessa e veio fazer morada no meio de seu povo. Uma velha senhora, a profetiza Ana, aproveita do ensejo, “e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém”. (Lc 2,38) A sintonia de Deus, acontecendo e o compromisso sendo selado com a Nova Aliança, prometida desde o longevo anúncio dos profetas velho-testamentários.
A liturgia desta segunda-feira, nos faz pensar numa nova perspectiva de vida, de um Deus que age e guia os rumos da nossa caminhada, já que Ele é o Senhor da história. Devemos nos lembrar que Simeão e Ana representam os pobres que esperam a libertação. E Deus responde à esperança deles. O cântico de Simeão relembra a vida e missão de Jesus , o Messias: Ele será sinal de contradição, isto é, julgamento para os ricos e poderosos, e libertação para os pobres e oprimidos. “Oh vem , Senhor! Não tardes mais! Vem saciar nossa sede de paz!
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