Segunda feira da Décima Sétima Semana do Tempo Comum. A semana abrindo os serviços, nos convidando a vencer a tristeza, arregaçar as mangas, para estarmos prontos para a luta diária. Vida que segue! Cada um buscando as suas realizações, dentro dos ideais a que se propõe caminhar neste mundo. Viver, sonhar, pensar e acreditar! Sair da estagnação de quem se sente acomodado, indiferente, para assumir a postura de quem se faz esperançamento, fazendo e acontecendo, um mundo de justiça, paz e fraternidade, onde todos nos fazemos irmãos e irmãs de todos e todas na caminhada. A vida plena da ressurreição já está presente naqueles que pertencem à comunidade de Jesus.

Amigos e amigas a gente não procura, mas é o coração que os encontram. Por falar em amigos, hoje a Igreja celebra os amigos de Jesus, Marta, Maria e Lázaro. Foi o Papa Francisco quem promulgou, em 2021, um decreto da Congregação para o Culto Divino com o qual instituiu a celebração destes irmãos de Betânia, no dia 29 de julho. Lázaro e suas duas irmãs, Marta e Maria, eram amigos íntimos de Jesus de Nazaré. Eles viviam em Betânia, subúrbio de Jerusalém, pequeno centro vizinho ao limite do Deserto de Judá. Jesus costumava não somente visitá-los, mas também pernoitava ali com seus amigos Era acolhido na casa dos amigos. Eles cuidavam de Jesus e dos discípulos do Mestre com carinho de uma amizade verdadeira.

A liturgia de hoje nos possibilita refletir com dois textos opcionais: João 11,19-27 e Lucas 10,38-42. No primeiro deles, João se encarrega de narrar o episódio ocorrido depois da morte de Lázaro e, depois de quatro dias passados, Jesus vai visitar seus amigos. Ali, Ele é questionado por Marta: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”. (Jo 11,21) Mediante este contexto, Jesus devolve a esperança das irmãs, descrevendo sobre a Ressurreição e que acontecerá com todos aqueles e aquelas que crerem n’Ele: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais”. (Jo 11,25-26). No segundo texto, Lucas descreve a preocupação de cada uma das irmãs diante da presença de seu Mestre: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada” (Lc 10, 41-42)

“Tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”. (Jo 11,27) Mesmo diante do contexto da morte do irmão, ainda com a angústia e a tristeza rondando seu coração, Marta faz uma das mais belas profissões de fé de todo o Novo Testamento. Uma mulher que acredita firmemente na pessoa de Jesus. Somente Pedro fez a mesma afirmação, segundo o relato de Mateus: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. (Mt 16,16) Jesus que tinha os seus amigos e amigas, com os quais partilhava a alegria da convivência fraterna. Ambos faziam parte da grande família de Jesus que não se restringia apenas aos seus familiares com laços de consanguinidade, mas se estende a todos os que n’Ele acreditam e são capazes de abraçar as mesmas causas dele.

A amizade entre Jesus e Lázaro é testemunhada pelas palavras com as quais Maria e Marta no recado dado a Jesus para que este viesse visitar o irmão que estava doente: “Senhor, aquele que amas está enfermo”. (Jo 11,3) Ambos tinham uma relação de afeto e amorosidade, que somente existe entre os verdadeiros amigos, que se dão por inteiro na relação. Num contexto de escuridão da morte do amigo, Jesus faz a vida renascer, provando mais uma vez que a vida prevalece como a última palavra. Como diz a nossa cantora Ana Carolina: “Os verdadeiros amigos são como as estrelas no céu. Eles são mais claros nos tempos de escuridão”.

A sabedoria bíblica nos dá uma bela definição sobre quem são os amigos em nossas vidas. É assim que um dos livros sapienciais define o perfil do verdadeiro amigo: “O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade”. (Prov. 17,17). Tenho uma constelação de amigos e amigas. Eles habitam no mais profundo de meu coração. Não sei o que seria de mim sem eles e elas na minha vida, compartilhando o fel e o mel. Cada um com o seu jeito e a sua forma de amar. Meu coração transborda de alegria só de pensar e saber que eles e elas existem, provando que a generosidade de Deus para comigo é infinda. Convivendo com os meus amigos e amigas, ainda que separados pela distância física, sou obrigado a concordar com o filósofo Estagirita Grego Aristóteles, quando diz: “A amizade é um coração que habita em duas almas”. Que possamos fazer parte do grupo dos amigos e amigas de Jesus ao ponto que possamos dizer como os judeus disseram a respeito da amizade de Jesus e Lázaro: “Vejam como ele o amava!” (Jo 11,36)