Quarta feira da Oitava da Páscoa. Cada um desses dias do período litúrgico das Oitavas é como se fosse o Domingo de Páscoa. A morte ceifou a vida, mas na Ressurreição de Jesus, Deus o desce da cruz e lhe dá a soberania do poder do alto, conforme o Livro dos Atos dos Apóstolos assim descreve: Deus, porém, ressuscitou Jesus, libertando-o das forças da morte, porque não era possível que ela o dominasse”. (At 2,24) Jesus de Nazaré é o Filho de Deus que realizou entre nós a ação de Deus voltada para a justiça e a vida, e foi morto pela estrutura injusta de uma sociedade que gera a morte. Deus, porém, condena essa estrutura, pois Ressuscita Jesus e o torna Senhor do universo e da história.
O clima é de esperança com a Ressurreição de Jesus, mas o coração de todos nós está de luto, pelo menos para aqueles que viam no Papa Francisco o homem simples, que lutou pelos abandonados das periferias existenciais e geográficas. O Papa dos esquecidos está sendo velado na Basílica de São Pedro. A celebração de seu funeral está prevista para começar às 5h (horário de Brasília) deste próximo sábado (26), seis dias após a sua morte. Ele deu passos importantes e significativos para a Igreja, durante o seu pontificado, que não podemos nos esquecer, e nem deixar que se percam em meio ao carreirismo e a vaidade eclesiástica, de alguns setores da nossa Igreja. A Igreja em saída e a Sinodalidade, comunhão e participação, precisam ganhar ares de concretude nas nossas ações, aproximando cada vez mais dos deserdados da história de uma sociedade capitalista que insistem em fazer suas vítimas. Francisco Intercede por todos nós lá de cima!
23 de abril. Neste 113º dia do ano, comemoramos uma data muito importante para a humanidade: “Dia Mundial do Livro”. Esta data foi escolhida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), para celebrar o livro e incentivar a leitura. Data esta para homenagear também alguns escritores, dentre eles Miguel de Cervantes (1547-1616) e William Shakespeare (1564-1616), que morreram em 22/23 de abril de 1616. A história do livro é tão antiga quanto a história da escrita, com os primeiros “protótipos” de livros, feitos pelos povos antigos, babilônios, egípcios, gregos, sumérios… Em tempos de novas tecnologias, o livro está perdendo sua vez e lugar, já que as pessoas não leem mais, de tão ocupadas que estão diante das lentes de seus sofisticados celulares. No Dia Mundial do Livro, sou obrigado a recordar uma das frases de nosso grande escritor Monteiro Lobado: “Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. Bem assim!
Se o hábito da boa leitura está se perdendo, que não percamos a oportunidade de ler a Palavra de Deus, meditando-a e a incorporando às nossas ações no dia a dia. É desta forma que devemos fazer a nossa experiência de fé, pisando no chão concreto da história. Uma boa leitura orante, nos fazem protagonistas na construção do Reino, seguindo com a mesma mística e pedagogia libertadora de Jesus de Nazaré. É assim que devemos olhar para o relato que Lucas hoje nos faz, e que a liturgia da Igreja Católica nos oportuniza refletir. O clima é de Ressurreição, onde Jesus faz uma longa caminhada de 11 km, com dois de seus discípulos de Jerusalém para Emaús. A prosa estava boa e Jesus se põe na escuta atenta dos clamores deles.
Esta narrativa é especifica do evangelista São Lucas. O texto em questão nomeia um dos discípulos que está nesta caminhada com Jesus: Cléofas. Entretanto, o outro discípulo é anônimo. Segundo alguns exegetas, trata-se de uma mulher, Maria, esposa de Cléopas, que caminhava junto de volta para casa, porque juntos tinham ido comemorar a Páscoa em Jerusalém. Corroboram para esta interpretação uma descrição feita pelo evangelista São João: “junto a cruz de Jesus estava Maria sua mãe, e Maria de Cléopas”. (Jo 19,25) Como sendo Aquele que se proclamava como caminho, verdade e vida (cf. Jo 14,6), Jesus Ressuscitado se revela no caminho, em meio à dor, o sofrimento e a decepção daqueles seus seguidores, que voltavam para suas casas sem motivação alguma: “Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram!” (Lc 24,21).
Aos poucos, a ficha deles vai caindo e, eles vão reconhecendo Jesus. Nesta perícope, Lucas vai aos poucos salientando os lugares da presença de Jesus Ressuscitado. Primeiro, ele continua a caminhar entre os seus, solidarizando-se com seus problemas e participando de suas lutas. Segundo, Jesus está presente no anúncio da Palavra das Escrituras, que mostra o sentido da sua vida e ação. Terceiro, na Celebração Eucarística, onde o pão repartido relembra o dom da sua vida (fazei isto em memória de mim), reforçando que a partilha e a fraternidade estão no cerne do seu projeto de amor total pelas causas do Reino. Os dois ali reconhecem Jesus na partilha do pão. É por este motivo que todas as vezes que participamos da Celebração Eucarística, temos que estar dispostos e dispostas a compartilhar o pão, a vida, os dons e os serviços. Quem não sabe partilhar, à mesa não deve sentar! É na mesa com Cristo que nos tornamos “Cristicos” e “Eucarísticos”. “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32)
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