A festa de Cristo Rei surgiu para responder às necessidades da Igreja que perdia seu espaço diante das novas ideologias comunistas e outras: “A Primeira Guerra Mundial, em meio ao crescimento do comunismo na Rússia, por ocasião dos 1600 anos do Concílio de Nicéia (325), o Papa Pio XI instituiu a festa em 1925 através da encíclica Quas Primas. Sua primeira celebração aconteceu em 1926”.
A festa toma novo sentido ao ser colocada no final do ano litúrgico. Perdeu o caráter político e se abriu à visão do universo que busca Cristo e por Ele é atraído com sua força divina: “Dando-nos a conhecer o mistério de sua vontade, conforme decisão que lhe aprouve tomar para levar o tempo à sua plenitude: a de, em Cristo, recapitular todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra” (Efésios 1,9-10). Para realizar essa missão de recapitular todo o universo. Isto é: levar todas as coisas para sua cabeça, seu princípio. A missão de Jesus não foi fundar uma religião nova. É a manifestação do Mistério de Deus para conduzi-lo a seu destino final que é o Criador. Os textos da liturgia, em Daniel e no Apocalipse, mostram essa figura magnífica do Filho do Homem. O Apocalipse O chama de testemunha fiel. Jesus não nega de ser rei, mas não desse mundo (Jo 18,36). “Ele é soberano dos reis da terra”. A Ele louvamos: “A Jesus, que nos ama, que por seu sangue nos libertou dos pecados e que fez de nós um reino, sacerdotes a seu Deus e Pai, a Ele a glória e o poder, em eternidade amém” (Ap 1,5-6) .
Seu reino não dissolverá
Na “guerra das religiões” esquecemos que o fundamental é a busca de Deus colocada no coração de cada um e sistematizada por grupos diferentes. A Igreja tem a missão de anunciar Jesus e sua Verdade. Podemos dizer que Deus e manifesta no coração humano onde Ele tem seu sacrário. Quando Jesus diz a Pilatos “Meu reino não é desse mundo…” está declarando sua verdade. E diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). A vontade de Deus faz seu caminho e vai a sua última realização que é recapitular tudo em Si. Nós corremos o risco de querer implantar uma vida cristã a nosso modelo e não ao modelo de Cristo. Essa foi a tentação dos séculos. O Evangelho, nem sempre é o guia da vida cristã. É muito fácil buscar vida cristã segundo nosso modelo. Isso não nos compromete. Jesus tem seu jeito: Ele é vida doada.
É triste ver as comunidades em total inércia. Só buscam uma missinha para se verem livres. Os santos foram os que se comprometeram com Jesus e com sua missão. Esse Reino de Jesus implantado não se dissolverá por conta de nossas fragilidades. Ele irá em frente no mundo, colocando em todos os corações a semente da fraternidade. Onde há amor, doação ao irmão, aí há o Reino de Deus.
Testemunha da verdade
Que é de Deus entende a missão de Jesus e a faz. Por isso responde a Pilatos: “Eu nasci e vim ao mundo para isso: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18,37). Pilatos perguntou: “O que é a verdade?” Mas não esperou a resposta. Ou reconheceu que Ele era a Verdade, pois disse aos judeus: “Não encontro Nele, crime nenhum” (Jo 18, 38). A vida cristã só é verdadeira se vive a Verdade de Jesus que é sua Pessoa e seu Evangelho. “Seus mandamentos não são pesados, pois todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é nossa vitória, a nossa fé” (1Jo 5,3-4). Pela fé, vivida na caridade (Gl 5,6). Assim somos testemunhas fiéis como Jesus.
Leituras: Daniel 7,13-14; Salmo 92;
Apocalipse 1,5-8;João 18,33b-37.
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