Segundo Domingo da Quaresma. Estamos trilhando mais um passo significativo rumo ao deserto de nossa conversão. Mais três domingos e cairemos dentro do Domingo de Ramos, adentrando assim a mais uma Semana Santa, em que celebraremos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Para chegarmos à sua Páscoa, necessariamente teremos que passar pelo caminho da cruz impreterivelmente. Com Ele morreremos e com Ele ressurgiremos para a vida nova.
Se no domingo passado, o Primeiro da Quaresma, celebramos Jesus sendo tentado no deserto, neste Segundo Domingo, celebramos a Festa da Transfiguração do Senhor. A Transfiguração de Jesus é um episódio do Novo Testamento, cujo registro acontece nos três Evangelhos Sinóticos (Mt 17,1-9, Mc 9,2-8 e Lc 9,28-36); também numa das cartas atribuídas a Pedro (2Pd 1,16-18) Um importante episódio, testemunhado por três dos discípulos de Jesus: Pedro, Tiago e João.
Falar da Transfiguração de Jesus é falar do Monte Tabor. Uma grande elevação montanhosa, localizada a 17 quilômetros do Mar da Galileia, com 575 metros de altitude. Trata-se de uma imponente colina, proporcionando uma visão panorâmica do Mar da Galileia. Foi para esta montanha que Jesus se dirigiu com os seus discípulos, onde ocorrera ali uma visão teofânica, onde Deus mesmo se manifestara a eles, sendo também testemunhada por Moisés e Elías.
Teofania que se manifesta plenamente, unindo o Velho e o Novo Testamento. Moisés simbolizando a Lei (Torá) e Elías como digno representante de todos os profetas velho testamentários. Lembrando que ambos trabalhavam na perspectiva do anúncio e da chegada do Messias, cumprindo assim a promessa feita por Deus, com Jesus selando a Nova Aliança.
Jesus dialogando com Moisés e Elias, numa atitude de profunda intimidade entre eles, até que escutam solenemente a voz vinda do alto: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” (Mc 9,8) Evidente que a primeira reação dos discípulos de Jesus é de medo, querendo sucumbir de ficar por ali, sugerindo a construção de tendas, numa tentativa de fuga dos conflitos da planície.
A Transfiguração de Jesus é a certeza de que ninguém impedirá a vida e ação de Jesus, que não terminam na sua morte. A transfiguração é sinal da Ressurreição: ninguém conseguirá deter a pessoa e a atividade de Jesus, que irão continuar através de seus discípulos. Diante desta manifestação de Deus, nos sentimos fortalecidos para dar continuidade às mesmas ações d’Ele em nossas vidas.
A voz de Deus continua falando dentro de cada um/uma, mostrando que o seu Filho está vivo no meio de nós. Que não tenhamos a mesma tentação de Pedro, de armar nossas tendas no conforto do comodismo e da indiferença, ao invés de enfrentar os conflitos na “planície” dos nossos desafios cotidianos. Que consigamos sair dos engessamentos alienados, conservadores das religiões, e saibamos ser presença viva de Jesus transfigurado na Ressurreição. “Se Ele é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31)
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