Captado da Internet
Captado da Internet

(revisado por nv) Nem precisa de goiabada ou marmelada para as crianças secarem os olhos e ficarem sem piscar. “Eu me emocionava…”, lembrava meu amigo idoso, “…quando pequeno, correndo pela rua da cidade, acompanhava o palhaço”, declarou meu amigo que molhava os olhos de saudades do tempo de criança.

Sabemos que ir ao circo é um fascínio extasiante para incendiar a vivacidade das crianças, desde a primeira à última infância, assim como a da velhice. Tudo bem que crianças e idosos podem ver na TV, no celular e nas mídias modernas os animais correndo nas matas ou se banhando nos rios! Ao mesmo tempo, seria bem maior a aventura se voltassem a coçar a barriga dos animais, sentir a respiração e mirar os olhos vibrantes dos coelhos e macacos.

Além do mais, as aprendizagens que os circos garantem e dialogam com as crianças ultrapassam o prazer da presença visual. Há a criatividade das mágicas, o jogo das caretas dos palhaços, os balanços malucos e desafiadores para vencer o medo e a superproteção das crianças. Os trapezistas tiram o fôlego dos expectadores.

Foto de Gisele B Alfaia
Foto de Gisele B Alfaia

Com os seus 80 anos, o Gélio, que traduzido do grego significa “riso”, estava deitado em sua rede, olhando o fim do dia ensolarado, no alto do barranco de pedras por onde o rio passava, oprimido pelas margens. Contou-me um segredo, que, depois de idoso e já sem família, ninguém mais se lembrava que trabalhara e fora um palhaço famoso nas caatingas do nordeste brasileiro.

 

Encantado com o circo que passava em sua cidade, sonhou em participar e integrar-se. Até treinava com os primos, pintando seu rosto com urucum e genipapo. Disse-me que parecia uma camisa falante do flamengo, com aquelas cores vermelha e preta, e a cabeça coberta por um velho chapéu de couro, tipo cangaceiro.

 

Era com essa saudade do tempo de criança que ele se animava para vencer as doenças da sua velhice e esperar o futuro que estava perto. Fiquei curioso com que futuro estava pensando. Perto ou distante, sua imaginação voltava à infância. Declarou que, em seus dias de solidão, pensava muito no passado para afastar sua dor e seu isolamento. Mesmo a se sentir assim, filosofava do jeito que agora consigo expressar.

Nessa hora, deixei de falar e começei a escutar : “O circo propõe uma interação maravilhosa, indizível, apenas balbuciada”, como dizia um outro velho amigo. “O que torna o circo emocionante, acho que é porque consegue tirar a gente da realidade. Para as crianças que vivem dentro de nós, parece um outro mundo possivel, mágico que não tem fim, mas teve para mim, infelizmente.”.

 

E continuou a falar:“Dá vontade de fazer parte de tudo aquilo e segurar o tempo. A alegria do palhaço, aquelas roupas brilhosas e bem elaboradas, as incríveis mágicas me faziam soltar a imaginaçao, mas nunca pensei que ficaria assim tão velhinho, como estou agora”.

Pintura de Paula Peixoto Leal
Pintura de Paula Peixoto Leal

As bailarinas viravam professoras e as brincadeiras de esconder e aparecer no palco da vida ensinavam a ser passarinho que pula de galho em galho. Ele completou: “Fiz um ninho que ficou para meus filhos e voei para cá, para o alto desse barranco”.

 

Eu fiquei pensando que agora só restam saudades e o esquecimento como miragem! Quando a vida se renovar na morte, daqui mais um bom tempo, vamos rir sem parar com Jesus que preparou um paraíso para mim e meus amigos brincarem no CIRCO DA ETERNIDADE.

 

“Ficarei, então, sem gastar a vida, sem contar os dias e sem lágrimas nos olhos, mas com o soriso e a boca aberta, entoando a canção da vitórias dos dias sem fim”.

“O segredo da minha mãe, já me foi revelado! É a vontade de ser criança para voltar a brincar com os irmãos e pular com eles, deixando fluir a eterna criança interior, amada por Deus Pai”.