Caro Padre Marlos Aurélio, Superior Provincial da Província de Aparecida, membros
do Conselho Provincial,
Estimado P. Martin Leitgöb, Provincial de Viena-Mônaco e César Pantoja,
Coordenador da Conferência da América Latina e do Caribe.
Saúdo todos os queridos confrades, aqui presentes nesta celebração comemorativa
dos 130 anos da presença dos primeiros missionários redentoristas em Aparecida,
1. Com grande alegria, reunimo-nos para celebrar a rica história redentorista que
nos une. Em 1732, no dia 09 de novembro, Afonso Maria de Ligório fundava,
em Scala, Itália, a Congregação do Santíssimo Redentor. O instituto nasceu do
desejo de levar o amor e a misericórdia de Cristo aos mais pobres e abandonados,
os cabreiros das montanhas, a gente simples que nunca tinha ouvida falar de
Deus. Afonso se compadeceu daquela gente e gastou suas melhores energias e
toda a sua formação para propagar a copiosa redenção de forma prática e
concreta, através das capelas do entardecer, da música, da arte, da escrita, das
missões populares, dos retiros ao clero. A partir de Scala, a Congregação se
expandiu, em grande parte graças ao trabalho de outros redentoristas, como São
Clemente e São João Neumann. Assim, aos poucos, as sementes foram
espalhadas por diferentes regiões, transformando vidas e comunidades ao longo
desses quase 300 anos de fundação.
2. A história é dinâmica e no dia 24 de setembro de 1894, um grupo de missionários
redentoristas provenientes da Baviera, Alemanha, foram convidados para virem
trabalhar no Brasil: os Padres Miguel Siebler, João Späth, Gebardo Wiggermann,
Lourenço Gahr, José Wendl e Valentin von Riedl, os Irmãos Norberto
Wagenlehner, Gebardo Konzet, Ulrico Kammer-Meier, Floriano Grilhisl, Simão
Veicht, Rafael Messner e Estanislau Schraff e o Fr. Lourenço Hubbauer. Depois
de uma longa viagem, de trem e navio, parte do grupo veio para Aparecida: os
Padres Lourenço, José e os Irmãos Estanislaw, Rafael e Simão. Os demais se
dirigiram para Goiás, para a comunidade Campininha das Flores e para os
trabalhos no Santuário do Divino Pai Eterno.
3. A tarefa que enfrentaram não foi fácil: a falta de recursos materiais, o aprendizado
de uma nova cultura e de uma nova língua, a adaptação a um modo diferente de
ser Igreja e as críticas de grupos anticlericais do tempo. No entanto, mesmo
diante das dificuldades, esses missionários se entregaram plenamente à missão,
movidos por um profundo zelo pastoral e pela certeza do chamado do Redentor,
que lhes foi confiado por seus superiores, para servir em terras brasileiras.
Certamente, esses primeiros missionários estavam profundamente imbuídos
pelas leituras que ouvimos hoje e que inspiraram a fundação da Congregação: o
Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; mandou-me levar a boa-
nova aos pobres, curar os corações feridos, proclamar a libertação aos
aprisionados e promulgar o ano da graça do Senhor (cf. Is 61,1-2).
4. O profeta Isaías retrata um Deus Redentor que se importa genuinamente com as
feridas da humanidade. Foi esse desejo de evangelizar, aliado a uma fé inabalável,
nutrida pela experiência de fé dos romeiros da Senhora Aparecida, que sustentou
esses homens em sua missão, levando-os a perseverar até o fim, sem jamais
retornar ao seu país de origem. Neste santuário, eles contemplaram as multidões
e sentiram compaixão por elas, porque estavam cansadas e abatidas como
ovelhas sem pastor (cf. Mt 9,36).
5. Graças a esses pioneiros, estamos aqui celebrando e agradecendo a Deus nesta
basílica histórica. Quantas vezes rezaram aqui! Com a força da oração, deram
início aos trabalhos na Casa da Mãe, realizando pregações, atendendo confissões
e acolhendo os romeiros da Senhora Aparecida. Fundaram uma pequena gráfica
e começaram a divulgar seu trabalho por meio do Jornal Santuário e a publicação
do Manual do Devoto de Nossa Senhora Aparecida. Investiram na formação dos
futuros missionários redentoristas com a fundação do Seminário Santo Afonso
e também nas missões populares. O trabalho árduo deu resultado e os primeiros
missionários brasileiros, sacerdotes e irmãos, somaram-se ao grupo, dando
continuidade ao trabalho inicial e respondendo aos sinais dos tempos.
6. Ao longo dos anos, esse legado se expandiu para diversas atividades missionárias,
incluindo a Rádio Aparecida, as paróquias, as periferias de grandes cidades,
missões fora do país, santuários, a docência, a TV Aparecida e outros meios de
comunicação. Desde a chegada dos primeiros missionários, o Evangelho nunca
deixou de ser anunciado, em diferentes formatos, por aqueles que seguem a
missão redentorista. Hoje, refletimos sobre essa herança com gratidão e
renovado compromisso, prontos para continuar essa missão de amor e esperança
em um mundo que clama por redenção, com a força missionária da nova
Província enriquecida pelas tradições dos missionários holandeses e poloneses
que também deram a sua contribuição evangelizadora em solo brasileiro,
especialmente em Minas, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia. Essa diversidade
carismática tem muito a contribuir para a província nascente, especialmente na
sua ação evangelizadora.
7. Assim como Isaías profetizou e Jesus cumpriu, a Congregação do Santíssimo
Redentor foi fundada para dar continuidade a essa missão, levando a alegria do
Evangelho aos mais diferentes rincões do mundo. Atualmente, somos 4.561
membros espalhados por 85 países, comprometidos em levar a mensagem de
amor e redenção por meio dos diferentes apostolados que realizamos.
8. Queridos confrades, ao celebramos estes 130 anos, somos convidados a recordar
e celebrar a presença desses missionários que se entregaram à missão e a renovar
o nosso ardor e zelo missionários, com uma nova realidade, a Província Nossa
Senhora Aparecida, que completará o seu primeiro ano de vida. Os zelosos
missionários plantaram sementes de fé, amor e esperança, que continuam a
frutificar até hoje. A mensagem de Isaías e a ação de Jesus nos inspiram a
continuar a missão com renovado vigor e entusiasmo que brotam do Evangelho.
Em um mundo que enfrenta tantas desigualdades e sofrimentos, como
missionários, somos chamados a ser vozes de esperança e nunca abandonar os
mais pobres e abandonados.
9. Queridos confrades, avante na missão e sem medo do mundo de hoje! E que
venham outros 130 anos de muito trabalho anunciando o Evangelho, a redenção
abundante de Cristo. Que a Mãe Aparecida, juntamente com todos os nossos
Santos, Beatos e Mártires e os pioneiros ajudem a Província Nossa Senhora a
não perder o zelo missionário, a disponibilidade missionária e a simplicidade de
vida e o amor aos mais pobres e abandonados. Assim seja!
P. Rogério Gomes, C.Ss.R
Superior Geral
Aparecida, 29 de outubro de 2024
Comentários