Segunda feira da 28ª Semana do Tempo Comum. A segundona é sempre um recomeço para todos nós. Demoramos um pouco para “pegar”. O corpo sente a fadiga deste recomeçar da semana. Mas a vida segue em frente, e temos que adequarmos ao momento, dando respostas aos desafios que se apresentam. Renovar as energias é preciso. Traçar novos planos também. Tudo pensando na conquista de novos objetivos, pois a vida é dinâmica e requer atitudes coerentes com os nossos pensamentos e valores. Neste contexto é sempre bom lembrar que somos mais fortes do que pensamos e mais capazes que possamos imaginar.

Depois da correria da semana que passou: novena de Nossa Senhora Aparecida, celebração da festa; ainda tivemos por aqui também a nossa assembleia das comunidades de São Félix do Araguaia. Por três dias consecutivos, debruçamo-nos sobre a nossa caminhada de Igreja Povo de Deus, no enfrentamento dos desafios, tendo em vista a proposta sinodal (comunhão e participação), de uma Igreja em Saída. Muitos desafios e algumas prioridades elencadas, para darmos prosseguimento na nossa caminhada, revitalizando o legado de Pedro. Com a proteção da “Senhora do Araguaia”, a “Comadre de Nazaré”, seguimos em frente, acreditando cada vez mais na teologia de pés descalços, que sempre serviu de reflexão e inspiração para a Prelazia de São Félix do Araguaia.

Somos um povo de gente! Somos um povo de irmãos e irmãs! Enquanto vamos vivendo a nossa experiência eclesial aqui na Amazônia, nosso Papa Francisco escolheu novos cardeais que farão parte da Igreja. Entre estes, está um brasileiro, Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, também presidente da CNBB e do Celam. A estes novos cardeais o Papa escreveu uma carta agradecendo a generosidade dos futuros cardeais, confirmando suas orações por eles. Também fez questão de lembrar a todos eles “que o título de “servidor” – diácono – ofusque cada vez mais o de “eminência”. Francisco conclui a sua carta pedindo aos novos cardeais para manter os “Pés descalços, que tocam a aspereza da realidade de muitos rincões do mundo, embriagados de dor e sofrimento por causa das guerras, das discriminações, das perseguições, da fome e das numerosas formas de pobreza que exigirão de ti tanta compaixão e misericórdia”.

O recado explícito dado pelo Papa, aos 21 novos cardeais, que serão criados no dia 7 de dezembro próximo, serve também para muitos dos bispos da nossa Igreja, que se encastelam em seus palácios, mantendo uma vida de monarcas, e que não estão nem aí para a vida sofrida de nosso povo. Estes mantém uma “normalidade” em seus castelos que, temos dúvidas de que Jesus se faça presente naquele espaço. Para falar com estas eminências, existe todo um protocolo, distanciando ainda mais da vida simples dos “Josés” e “Marias” de nossas famílias. Bom mesmo era nosso bispo Pedro, que morava e acolhia, em sua casinha mal acabada, cumprindo um ritual de visitar as famílias pobres dizendo-nos: “80% da pastoral se resume às visitas às famílias”.

Nossa missão principal é escutar o que Deus nos fala. Foi pensando assim, que quis começar a minha reflexão exegética de hoje relembrando do que nos diz o salmista: “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba, como em Massa no deserto, aquele dia, em que outrora vossos pais me provocaram, apesar de terem visto as minhas obras”. (Sl 95 (94), 7-9) Uma advertência profética feita a cada um de nós. Escutar o que Deus tem para nos dizer, diante das circunstancias e desafios que temos pela frente. Como podemos ver, no texto em questão, a infidelidade dos antepassados impediu que eles entrassem na terra da liberdade e da vida. Quando não se escuta a voz de Deus em nossa história, estamos também fadados a repetir o mesmo erro de nossos antepassados, e perder o rumo das nossas próprias vidas.

Jesus é a voz de Deus a nos falar. No contexto do Evangelho de hoje, Lucas nos remete ao caminho pedagógico de Jesus rumo à sua Paixão, Morte e Ressurreição em Jerusalém. Neste interim, Ele fala de maneira dura sobre aqueles que buscam um sinal para saber se Ele é ou não o enviado de Deus: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas”. (Lc 11,29) Como se fosse através de sinais maravilhosos que nos levassem à conversão. Mais do que sinais, o que provoca mesmo a nossa mudança (Metanoia – conversão) é a nossa adesão livre e consciente ao projeto da nova história, manifestado na palavra e nas ações de Jesus. O sinal de Jesus é a sua cruz! Crer no projeto de Deus, revelado por Jesus, é abraçar as causas do Reino e fazê-lo acontecer no aqui e agora de nossa história, promovendo relações de partilha e fraternidade. “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas serão acrescentadas a vocês”. (Mt 6,33)

Luiz Cassio

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