Quando estava no seminário já havia a telefonia precária, mas havia. Acho que em Pedrinhas tinha um telefone na reitoria, mas não usaria nunca. Por uma razão: o seminário inteiro ouviria e a rua do Posto da Telern na minha pequena Santa Cruz da padroeira Santa Rita de Cássia dos Impossíveis – Telecomunicações do Rio Grande do Norte – ouviria, incluindo as classes do meu antigo grupo escolar, o Quintino Bocayuva e do Instituto Cônego Monte. Preferia as cartas que, aliás, aqui e acolá, vinham recheadas de um dinheirinho enviado por meus pais e pelo meu preceptor, o pároco local, para necessidades pessoais. Ah, o dinheiro chegava junto com a carta.
As viagens entre o Rio e Natal eram uma festa. Duravam dois dias ou dois dias e meio quando do período invernoso. Dava tempo de fazer amizade, dividir a comida, trocar endereços para correspondência. Passageiros viravam uma grande família, compartilhando a comida, dores, alegrias e quando chegávamos ao destino era uma separação dolorida.
Já nos anos 70, continuamos evoluindo. Eu descobria o telex que substituiu o telégrafo elétrico que utilizava o código Morse. Ainda hoje sou fã o telex, acho sensacional. Nas redações passei a conviver com telex, radiophoto, telephoto… Era uma evolução muito grande. O rádio usava equipamentos da Motorola para dar agilidade na informação. No futebol, aqueles tijolões passeavam nas mãos dos repórteres de campo nas transmissões esportivas.
E continuamos evoluindo com a chegada de uma tal de internet. Quem não lembra daquele som de robô saindo do modem acoplado ao telefone? Era muito veloz – hoje duraria uma eternidade. De repente o mundo se abria e o recorte de jornais ou transcrições de outras rádios passarem a ser desprezados. O rádio sempre foi ágil.
E fomos evoluindo. Chegamos ao celular. Exibir aquele tijolão na cintura que tocava em alguns lugares era o máximo. Dava maior mobilidade e a informação chegava mais rápida ainda. Mas ainda assim, hoje acharíamos sem qualidade nem rapidez. Os celulares foram se modernizando, ganhando novas funções, nos aproximando ainda mais a ponto de reunirmos um grupo numa só chamada de vídeo.
Hoje, qualquer paróquia da menor cidade do país transmite sua missa por um celular. Padres, ministérios, pastorais e movimentos sociais podem fazer suas “lives” evangelizadoras e reuniões que ganharam mais força durante essa pandemia que estamos atravessando e indica que o formato veio prá ficar, como temos observado.
Daí a importância desta página que nos une refletindo nossos pensamentos, contribuindo para a nossa evolução espiritual na troca de ideias evangelizadoras ou não. Uma simples informação pode se transformar num grande evento como encontros anuais que pode ser visto até mesmo através dela, com sua parte destinada a vídeos.
Na página da Uneser poderão ser disponibilizadas informações nos mais diversos formatos disponíveis com a velocidade que não nos deixa impacientes na frente do computador ou do celular. Incrível como evoluímos até mesmo na velocidade. Já não temos mais paciência nem todo o tempo do mundo para abrir uma página de internet. E isso está refletido nesta página: ágil, fácil de ser aberta, com informações curtas, mas que dizem tudo que precisamos na medida de nossas necessidades.
Ah, fomos evoluindo. Sabe aquela viagem que demorava dois dias ou dois dias e meio? E aquele calor humano que se transformava em amizade? Foi encurtada para duas horas e vinte minutos. Ninguém conversa. Todo mundo no celular ou notebook. E o que mais me faz rir é quando o avião pousa. Nem bem começa a taxear você ouve o estalo da abertura do cinto de segurança, pessoas se levantando apressadas enquanto a aeromoça – aeromoça? Até nisso evoluímos para comissária de bordo – berra no microfone para que todos continuem sentados até a parada total dos motores. Descemos e sequer um sorriso do passageiro do lado recebo mesmo que diga: tenha uma boa estada.
Jornalista e ex-seminarista Rosemilton Silva
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