Terça feira da 28ª Semana do Tempo Comum. O Tempo Litúrgico é Comum, mas a Festa é dela: Santa Teresa de Jesus. Hoje a liturgia nos traz a memória desta grande mulher da História da Igreja. Santa Teresa d’Ávila, a grande doutora da oração. Nasceu em Ávila, Espanha, em 28 de março de 1515. Teve muitos problemas relacionados a sua saúde debilitada. Apesar disso, se tornou a mulher da mística e, junto com seu amigo São João da Cruz, Santa Teresa D’ Ávila se torna a fundadora da ordem reformada dos Carmelitas e das Carmelitas Descalços. Dentre os muitos livros que escreveu, “O Castelo Interior” é sua obra prima. Com a precariedade na saúde, fez a sua Páscoa em 1582. No dia 27 de setembro de 1970 o Papa Paulo VI reconheceu-lhe o título de Doutora da Igreja.

“A amizade com Deus e a amizade com os outros é uma mesma coisa, não podemos separar uma da outra”, afirmava Santa Teresa D’Ávila. Sua amizade com Deus se transformou na amizade com as pessoas de seu tempo, num período em que o mundo ainda era dominado pelos ideais medievais. Pedagoga por excelência no caminho da oração e da espiritualidade, ela é a padroeira dos professores e professoras, sobretudo por auxiliar as pessoas no caminho rumo a Deus. Por falar na padroeira, comemoramos também na data de hoje o Dia dos Professores e Professoras.

O Dia do Professor é comemorado no Brasil em 15 de outubro. Esta data celebra a importância de todos os profissionais da educação que estão no ambiente da escola e que auxiliam na formação de diversas pessoas. Apesar de não ser um feriado nacional, é um feriado escolar conforme o Decreto Federal nº 52.682 de 14 de outubro de 1963. No Brasil, a criação do Dia do Professor está associada a uma Lei de 15 de outubro de 1827, assinada pelo imperador D. Pedro I. Contudo, a comemoração começou mesmo somente 120 anos depois, em 1947 que se formou a “Comissão Pró-oficialização do Dia do Professor” transformando o projeto na Lei Estadual nº 174. Apesar disso, o Dia do Professor no Brasil somente foi oficializado e declarado feriado escolar pelo Decreto Federal nº 52.682 de 14 de outubro de 1963, firmado pelo então Presidente da República João Goulart.

No dia do Professor e da Professora, quis eu começar os meus rabiscos de hoje, colocando como título, uma frase escrita pela nossa grande poetisa goiana Cora Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Em minha oração matinal fiz um retrospecto da minha longa vida estudantil, lembrando-me de todos aqueles professores e professoras que passaram pelo meu campo do saber. Não poderia deixar de destacar a Dona Joelha, aquela que me introduziu nas primeiras letras. Eu amava de paixão as aulas dela; a segunda foi, já no seminário, a Dona Zilda, que despertou em mim o gosto pela leitura, sobretudo a literatura. Foi através dela fui apresentado à Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Graça Aranha, dentre muitos outros mais.

O terceiro, já na Faculdade de Filosofia da PUC de Campinas, foi quem me introduziu no mundo, permitindo-me fazer a leitura deste, de forma crítica e libertadora. Paulo Freire fez-me ver a educação sob outro prisma, sobretudo depois que li um de seus livros e que mudou completamente todo o meu paradigma sobre a educação: “Educação como Prática de Liberdade”. Ali aprendi com ele que: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Ali me conscientizei que é a educação que liberta as pessoas da condição de oprimidas e as insere na sociedade como forças transformadoras, críticas, politizadas e responsáveis por todas as demais pessoas que as integram.

Neste dia tão especial, juntado a espiritualidade de Teresa, com a educação libertadora de Paulo Freire, chegamos ao grande pedagogo que é Jesus. Hoje Ele tentando convencer alguns fariseus de suas posturas equivocadas em relação à sua prática de fé: “Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. Insensatos!” (Lc 11,39-40) Tudo porque, apegados ao cumprimento literal da Lei, eles haviam percebido que Jesus não lavara as mãos antes das refeições. No entender de Jesus, os fariseus deixam de lado a justiça e o amor de Deus e, para esconder seus roubos e maldades, se refugiam atrás de sua falsa religiosidade. Ou seja, aquelas lideranças religiosas interpretavam as leis de acordo com seus próprios interesses, acobertando toda uma conduta contrária aos anseios de Deus. Como vemos, a pedagogia de Jesus é antes de tudo, libertadora. No dia dos profissionais da educação, inspiremo-nos na pedagogia de Jesus e também numa das frases ditas por Albert Einstein: “Educar verdadeiramente não é ensinar fatos novos ou enumerar fórmulas prontas, mas sim preparar a mente para pensar”. Viva nossas professoras e professores!