Quarta feira da Primeira Semana do Tempo Comum. Este é o Tempo Litúrgico mais longo. Abrange 34 semanas, divididas em duas partes. A primeira delas inicia após a Festa do Batismo do Senhor e vai até a terça-feira de Carnaval. Já a segunda, inicia após a festa de Pentecostes. Durante o Tempo Comum, acompanhamos Jesus em sua vida pública, percorrendo o seu caminho até chegar em Jerusalém e ser aclamado como Rei.
Neste Tempo Comum vamos perceber que a cor predominante em nossas celebrações é o verde, que quer simbolizar a esperança. Esperança na vinda do Reino de Deus. Uma grande expectativa que alimentamos em nós do “já” e “ainda não”, ou seja, a construção do Reino de Deus aqui na terra, numa projeção final definitiva do nosso encontro pessoal com o Deus da vida na Parusia de Cristo, que é um dado bíblico-teológico, o qual afirma a segunda vinda de Cristo no fim dos tempos.
Ainda estou navegando insólito, respirando os ares mesclados da cidade grande. A poluição visual invade o meu jeito matuto assustado, confuso ainda pelos muitos ruídos. Os ares da floresta, os sons inequívocos dos riachos e o deslizar das águas do Araguaia, seguem como pano de fundo dos meus sonhos e desejos mais recônditos. Também a mística ancestral das aldeias, pululam os meus pensamentos.
Enquanto o Curso de Verão, dá uma pausa no dia de hoje, rezei em direção à Zona Leste, dirigindo-me apressadamente a caminho da “Cidade Tiradentes”, onde vivenciei os primeiros anos/passos de meu sacerdócio. Era feliz e sabia que era! Caminhando com a população daquela enorme COHAB, fui construindo a minha história na vida religiosa, quebrando todos os paradigmas, com muita resistência e teimosia, e mal sabia que dali daria um salto rumo à Prelazia.
“Foi para isso que eu vim”. (Mc 1,38) Esta frase, dita por Jesus, segundo a comunidade de Marcos, que estamos refletindo no dia de hoje, chama-nos a atenção. Esta foi a resposta de Jesus a seus discípulos que o procuravam, talvez ainda sem entender direito a missão do Messias ao ser enviado por Deus. Não bastava estar no meio da gente simples, anunciando-lhes a Boa Nova do Reino, é necessário realizar os sinais de libertação que comprovam o Reino acontecendo de forma concreta.
Jesus tinha plena clareza da sua missão em meio aos desvalidos.Tanto que ele andava de cidade em cidade cumprindo à risca esta sua missão: andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios”. (Mc 1,39) Naquele tempo, as doenças eram de origem demoníaca, decorrente do pecado. Ao serem curadas, as pessoas se levantavam e se colocavam a serviço. Naquele contexto, até os demônios reconhecem quem é Jesus, porque sentem que a palavra e ação dele ameaça o domínio deles sobre as pessoas.
“Eu vim foi para isso”. Clareza e objetividade de quem se coloca plenamente em missão para realizar a vontade de Deus. Nem sempre temos tamanha clareza do que vimos fazer neste mundo. Deus nos cria para que cada um cumpra a sua missão, delimitada e definida por Ele. É possível que alguns dos nossos, passem a vida inteira sem descobrir a sua verdadeira missão neste mundo. Se contentam apenas em viver por viver sem se comprometer. Diante da nossa missão aqui e agora, possamos estar atentos ao que disse Jesus: “Minhas ovelhas escutam minha voz, e as conheço e elas me seguem”. (Jo 10,27)
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