Quinta feira da Quinta Semana da Quaresma. Estamos percorrendo exatamente o 100º dia deste ano que estamos atravessando. Caminhando liturgicamente para o final de nossa jornada quaresmal, e algumas perguntas deveriam nos incomodar: o que mudou até agora na nossa vida, tendo em vista o nosso processo de conversão? Podemos dizer que alguns passos foram dados neste sentido, objetivando a mudança que queremos ser? Estamos realmente dispostos a promover em nós as mudanças necessárias, para abraçarmos o projeto libertador de Jesus? Ou simplesmente nos acomodamos e deixamos as coisas acontecerem, sem nos importarmos muito com essa tal de conversão? Evidente que tais respostas deverão brotar de dentro de nós, e cada qual com a sua resposta, mediante a sua fé e a relação que tem com Deus e os/as irmãos/as de caminhada.
Hoje fiz questão de usufruir do meu privilégio de estar em Mato Grosso e ver o Sol nascer no Tocantins, ressurgindo de dentro da Ilha do Bananal. Levantei muito cedo, e me pus às margens do Araguaia, desejoso de rezar, louvando e agradecendo a Deus, por cada dia vivido neste paraíso. O repertório de cada amanhecer não se esgota. É cada dia mais lindo que o anterior. Meu lado poético, que um dia quis ser, renasceu com a poetisa Cora Coralina (1889-1985), que no dia de hoje relembramos a sua páscoa, recitando hoje seus versos na presença do Criador. Poetisa e contista goiana, Cora Coralina, pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras. Desde os meus primeiros anos, nos bancos escolares, que sou apaixonado pela sua poesia. Ela que teve o seu primeiro livro publicado em 1965. Ajudado pela boa memória dos bons tempos de criança, decorava e recitava seus versos com deleite nos olhos.
Sem angústia e sem pressa de ser feliz, vivo cada dia de forma única, e com muita liberdade de espirito, sendo eu mesmo. Estou por aqui agora, mas o meu coração, traz dentro de si, o desejo de ter estado esta semana, na Capital Federal (DF). É que lá está acontecendo o 21º Acampamento Terra Livre. Mais de 6 mil indígenas de cerca de 150 povos de todas as regiões do Brasil, estão ali reunidos para a maior mobilização indígena do país (07 a 11 de abril). Este Acampamento reforça a luta em defesa da Constituição Federal de 1988, no que diz respeito aos saberes, usos, costumes e tradições; mais respeito aos Povos Originários, demarcação das terras por eles ocupadas desde sempre, e educação de qualidade para os indígenas nas aldeias e nas universidades. Alguém já nos recordou com propriedade: “No Brasil, todos tem sangue de índio. Uns nas mãos, outros nas veias e outros na alma”. Onde está mesmo o seu sangue indígena?
Situando-nos agora no contexto litúrgico desta quinta feira, estamos findando hoje o capitulo 8 do Evangelho de São João (Jo 8,51-59). Nunca é demais lembrar, que o quarto evangelista, nos traz claramente Jesus como Aquele que foi o enviado de Deus, revelando o Pai amoroso e misericordioso à humanidade. Deus ama demasiadamente e de forma gratuita as pessoas, e quer dar-lhes a vida nova e plena. Em síntese, Jesus revela esse amor e realiza a vontade do Pai, dando sua própria vida em favor, das pessoas. Entretanto, João procura mostrar isso não de forma abstrata, mas através daquilo que ele chama de sinais (sete), salientando a partir daí a importância do compromisso de fé que cada um e cada uma de nós temos, no seguimento deste Jesus enviado do Pai.
Jesus é o Filho de Deus encarnado no meio da humanidade: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14) Deus mesmo veio morar no meio de nós. João, ao falar desta presença viva de Jesus/Deus no meio de nós, faz referência direta àquilo que aparece no Livro do Gênesis, posto que ali está escrito que, no começo, antes da criação, o Filho de Deus já existia em Deus, voltado para o Pai: estava em Deus, como a Expressão divina de Deus, eterna e invisível. Ou seja, o Filho é a Imagem do Pai, e o Pai se vê totalmente no Filho, ambos num eterno diálogo de mútua comunicação. (Cf. Gn 1,1-31; 2,1-4ª) O texto joanino de hoje nos mostra também um Jesus intimamente ligado à descendência de Abraão. O Patriarca que se alegra com a promessa feita por Deus de que o futuro Messias iria sair da sua descendência: “O Senhor apareceu a Abrão e lhe disse: ‘Eu darei esta terra à sua descendência’”. (Gn 12,7)
Eu Sou quem Sou! A consciência messiânica de Jesus ligada à tradição advinda dos primeiros escritos bíblicos: “Deus disse a Moisés: ‘Eu sou aquele que sou’”. (Ex 3,14). O Criador se apresentando como Aquele que está presente: Ele é o mesmo Deus dos antepassados: aquele Deus que prometeu formar um povo, agora vai cumprir a promessa. Ele quer ser invocado sempre com este nome. Interessante observar que Deus manifesta a sua identidade dentro de um processo de libertação. Contudo, Jesus vai muito além, e atribui a si mesmo o título do Deus do Êxodo: “Eu Sou quem eu Sou!”. Em outras palavras, diante das lideranças judaicas que questionam o seu ser messiânico, Ele garante a sua ancestralidade divina, oriunda da Linhagem Abraâmica, feito promessa desde sempre: “Em verdade, em verdade vos digo, antes que Abraão existisse, eu sou”. (Jo 8,58) Claro que os judeus não acreditaram n’Ele, tanto que tentaram apedrejá-lo.
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