Sábado da Sétima Semana do Tempo Comum. Último sábado do mês dedicado à Maria, Mãe de Jesus e da Igreja. A Mãe de todos aqueles que crêem. Mulher forte e destemida, que não somente gestou e educou o Filho de Deus, mas se tornou a educadora do projeto libertador de Deus. A Encarnação do Verbo passa pelo ventre de uma mulher simples do meio do povo, provando que Deus quis contar com a participação humana na salvação.
Esta semana que está encerrando, nos traz a memória do Padre Reginaldo Veloso. Ele que nos deixou, realizando a sua páscoa no dia 19 de maio de 2022, aos 84 anos. Recife sabe muito bem quem foi este grande presbítero, e nossas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) também, que cantamos centenas de composições suas por anos. Um Padre que não ia à frente das comunidades, mas caminhava junto com o povo. Sua história de vida foi marcada pela simplicidade, criatividade e dom artístico, expressados em belas canções, animando as comunidades.
Simplicidade que vimos com toda força no texto da comunidade de Marcos que refletimos neste sábado. Jesus falando do Reino de Deus, e comparando-o à simplicidade e humildade das crianças: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas”. (Mc 10,14). Chama a atenção a atitude que os discípulos têm, em relação às crianças, numa tentativa de afastá-las, não por causa do incômodo delas, mas por serem crianças. Lembrando que, para aquela sociedade do tempo de Jesus, as crianças e as mulheres eram pessoas sem prestígio e sem valor, por isso nem eram contadas.
Jesus não poderia ter apresentado o Reino de forma mais simples e objetiva. Neste contexto, a criança serve de exemplo não pela inocência ou pela ingenuidade, mas simbolizando o ser fraco, sem grandes pretensões sociais. A criança é simples, não tem poder nem ambições. Ela é, portanto, o símbolo do pobre marginalizado, que está vazio de si mesmo e pronto para receber o Reino.
O Reino é um dom de Deus para quem o recebe com humildade e disponibilidade. As crianças são as pessoas mais humildes e disponíveis para acolher os dons. Assim devemos ser todos nós, se quisermos seguir Jesus mais de perto. Sem nos esquecermos que o Reino não é uma conquista pessoal, individual, mas dom gratuito de Deus. Cabe-nos acolhê-lo com simplicidade e confiança. Abraçando as crianças, Jesus elimina toda a distância entre Ele e elas, contrariando assim o espírito da sociedade da época.
Esse Reino de Deus! Está aberto a todos, a começar das crianças. Os mais simples e humildes são aqueles e aquelas que se abrem para a perspectiva do Reino. Eles são a porta de entrada, personificada nas crianças: “quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. (Mc 10,15) Ser como criança não significa ter uma fé infantilizada, ingênua e desprovida do compromisso das coisas do Reino. É ter fé amadurecida na luta para receber o Reino como dom da gratuidade de Deus, permitindo que a criança que habita em nós, possa recebê-lo na simplicidade e humildade como Deus quer.
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