Esperançar é preciso, por Chico Machado.

Vigésimo sétimo domingo do tempo comum.

Francisco (Chico) Machado. Missionário e escritor.

Domingo é o Dia do Senhor! Dia do esperançar de Deus e nosso. Um domingo especial na nossa trajetória histórica. Dia da democracia. Dia que exerceremos o nosso direito sagrado de votar naqueles candidatos e candidatas que irão nos representar no Parlamento, sendo ele federal e estadual. Além do executivo estadual. A cidadania pede passagem. Votar é um dos atos supremos de nossa ação cidadã. Quiçá seja consciente, lúcido e sem interferência das questões familiares, do compadrio ou de compra das consciências. Voto não tem preço, mas consequências e, às vezes, danosas para os mais pobres.

Hoje é dia da esperança. A esperança sempre vencerá o medo! As forças da morte, da destruição e da negação do conhecimento e dos direitos básicos já adquiridos, através de nossa longa caminhada histórica, não prevalecerão sobre as forças de nosso esperançar. Esperançar de quem não fica esperando, mas de quem vai à luta e faz acontecer os nossos sonhos de uma sociedade mais igual, fraterna, sem ódio, vingança e rancor. Sociedade em que as armas letais, sejam substituídas pelas bibliotecas e pelos livros, que os leremos em praça pública, afugentando as aves de agouro que insistem com os seus espíritos armamentistas destrutivos do Bem Viver.

Se é verdade que “a cadela do fascismo está sempre no cio”, como afirmou Bertolt Brecht, hoje nós interromperemos o ciclo deste cio maldito demoníaco e vamos voltar a ser feliz de novo. O Deus da esperança não nos abandona jamais. Foi assim lá no passado: “Tenho visto com atenção a aflição do meu povo no Egito, ouvi os seus clamores e desci para livrá-lo”. (EX 3,7) É assim também na nossa caminhada pela vida. Ele é Emanuel, um Deus que se faz presente conosco na pessoa de seu Filho encarnado e Ressuscitado. Só depende de nós, caminhar com Ele e fazer a história acontecer segundo os seus desígnios. Tudo isso sem medo de sermos felizes e também sem medo dos infelizes de plantão.

Voto não tem preço, mas valor e consequências. O voto é secreto, mas as causas que estão por detrás deste ato, não! Vou votar pelos povos da floresta e pela floresta em pé. Vou votar pela Amazônia e sua biodiversidade. Vou votar pelos que passam fome. Pelos desempregados. Pelas famílias que estão em situação de rua. Vou votar pelos LGBTQIAP+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexuais, assexuais, pansexuais). Vou votar pela causa indígena, quilombola. Vou votar pela população periférica, que perde os seus filhos negros pela força das armas que deveriam ser de proteção aos pobres. Vou votar pelas mulheres, ameaçadas diuturnamente por uma sociedade machista, misógina feminicida. Vou votar pelas causas da educação, saúde de qualidade. Vou votar pela arma transformadora do livro e pelo conhecimento cientifico. Vou votar contra a política necrófila suicida que se instalou nesta pátria amada chamada Brasil. Sou vida e pela vida. Ele não! Não mesmo!

Viva a democracia! Viva a nossa fé! Viva a nossa comunidade do Bem Viver! Viva a nossa Casa Comum! Viva os nossos sonhos de um Brasil melhor e que caibam a todos e todas. É preciso ter fé e acreditar que no amanhã o sol das oportunidades novas nascerá para todos. Sejamos como os apóstolos, que na liturgia de hoje fazem um pedido especial a Jesus: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5) Nós até a trazemos dentro de nós, mas alguns de nós titubeamos no momento de fazer valer esta mesma fé. A fé é transformadora. A fé é a força motriz que move o nosso ser como seguidores de Jesus de Nazaré. “A fé é revolucionariamente libertadora”, dizia-nos nosso bispo Pedro. Jesus vai mais além ao afirmar: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria. (Lc 17, 6) Eita fé porreta!

A fé remove montanhas. Não basta dizermos que temos fé e que acreditamos. Ela é provada nas circunstancias da vida. É no dia a dia que esta fé vai sendo colocada a prova. Como filhos e filhas de Deus, somos os sonhadores do sonho real de Deus: vida plena como dádiva para todos. Uma fé que nos move em direção às causas das demais pessoas, que fazem a mesma caminhada que nós. O poder da fé alojada em nosso coração requer entrega e doação, diante da necessidade de estarmos desinteressadamente pelas mesmas causas de Jesus, afinal “Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer”. (Lc 17,10) Que venha a estrela da paz, do amor e da concórdia e ilumine o nosso caminhar pelas estradas da vida de um novo tempo! Shallon! Amém! Axé! Awire! Wedi! Aleluia!

https://www.youtube.com/watch?v=RtzZ69xr2Ao

 

NOTA DA EDITORIA: Os artigos assinados são ações voluntárias e seus conteúdos não refletem, necessariamente, as opiniões da UNESER.

Pedro Dias

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