Sexta feira da Segunda Semana do Tempo Comum. Aproximamo-nos do último final de semana do mês de janeiro, já que na sexta feira próxima, o primeiro mês do ano se encerra. A impressão que nos dá, é que os tempos de agora, correm mais velozes que os de outrora. Tudo vai acontecendo aceleradamente. Se não nos atentarmos em viver com intensidade cada instante desta vida, vamos perdendo a oportunidade de dar o melhor que podemos ser, nas circunstâncias que a vida nos oferece. Sendo assim, nosso desafio maior, é dar o melhor de nós, superando a cada o dia, o eu que quero ser nas relações de amorosidade que vou tecendo com aqueles que estão juntos ou distantes fisicamente de mim. Que possamos viver a cada dia, inspirados no que disse Madre Teresa de Calcutá (1910-1997): “É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado”.

Por falar nesta grande mulher albanesa, no dia de hoje a Igreja celebra a memória de outro grande personagem de sua história: São Francisco de Sales, bispo e doutor da Igreja. Ele que nasceu na província de Savóia em 1567. De formação intelectual sólida, graças a sua mãe e os padres da Companhia de Jesus (Jesuítas), foi o fundador da Ordem da Visitação, titular e patrono da família salesiana. Reconhecido por sua grande capacidade intelectual, foi proclamado Doutor da Igreja em 1877, pelo Papa Pio IX, e posteriormente, declarado padroeiro dos jornalistas e dos escritores. Esse grande santo da Igreja morreu aos 55 anos, em 1622, sendo que 21 deles foram dedicados ao episcopado, como servo para todos e sinal de santidade. Um de seus princípios de vida serve-nos de inspiração: “A quem Deus não basta, nada basta”.

No dia de São Francisco de Sales, recordamos que nesta data, a comunidade internacional comemora também o Dia Internacional da Educação. Desde o ano de 2019, esta data é comemorada, instituída que foi pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de lembrar que o papel da Educação é garantir a paz mundial e o desenvolvimento sustentável do planeta. Como já profetizara nosso educador maior Paulo Freire: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Celebrar este dia é estarmos prontos para enfrentar os desafios de ser educador nesta realidade em que vivemos. Embora saibamos da importância deles, nossos educadores não são ainda suficientemente valorizados. Todavia, a informação mais triste, vem do senso escolar de 2023 que nos diz: “quase 9 milhões de brasileiros entre 18 e 29 anos não concluíram o ensino médio”. Que triste!

Não sabemos se Jesus passou pela escola. O que sabemos é que Ele recebeu sólida formação no seio da família de trabalhadores da periferia de Nazaré. Sem falar de seu profundo conhecimento, advindo da sua relação de unicidade e amorosidade com o Pai. É este mesmo Jesus que o vemos no texto de hoje de Marcos, chamando algumas pessoas para fazerem parte de seu grupo mais próximo: “E chamou os que ele quis”. (Mc 3,13) Escolhe doze, como o foram as Doze Tribos de Israel. Escolheu pessoas simples, sem estabelecer os mesmos critérios da sociedade que, no caso, movida por uma politica meritocrática, certamente escolheria os “mais capacitados”. Jesus, ao contrário, apenas exige que estes doze, ficassem com Ele, estabelecendo assim uma sintonia com o projeto libertador de Deus para os seus, com o compromisso de leva-lo adiante. É assim que devemos também nos sentirmos, já que este convite de Jesus se estende a cada um de nós, que desejamos segui-lo pelas estradas da vida. É pegar ou largar! Nada de ficar esperando para depois. “Entrar na chuva é para si molhar!”

Este pequeno grupo de Jesus foi escolhido para dar início ao novo povo de Deus, selando assim a Nova Aliança. A missão principal deste grupo compreende três atitudes fundamentas básicas: comprometer-se radicalmente com Jesus (estar com Ele o tempo todo) para anunciar o Reino de Deus (pregar), libertando as pessoas de todas as formas de escravidão e alienação (expulsar os demônios). Lembrando que a fé verdadeira não coaduna com a alienação, entendendo esta como um processo de alheamento da pessoa da realidade. A pessoa alienada perde a capacidade de agir e pensar por si mesma, não tendo a consciência do papel que deverá desempenhar no processo social de libertação. Já nos dizia o grande escritor baiano Milton Santos (1926-2001): “A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une”. A alienação é o caminho mais próximo para a servidão.