Sexta feira da Primeira Semana do Advento. Dezembro sextando pela primeira vez. Cada passo dado, cada dia vivido, nos aproximam do Natal do Senhor. Preparar bem o coração, para que possamos celebrar com júbilo, a vinda do Senhor que vem, na pessoa do menino pobre e filho de trabalhadores, da periferia de Nazaré. O menino que nasce pobre no meio dos pobres, porque não havia lugar para eles na hospedaria: “Quando estavam ali, completaram-se os dias de ela dar à luz. Ela deu à luz o seu filho, o primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,6-7). O Messias, que desde o primeiro instante de sua vida se identifica com os pobres. Oh vem, Senhor não tardes mais!
Por uma boa causa, não pratiquei ontem, a arte de rabiscar. Felizmente, estou aqui retomando a escrita dos meus rabiscos, já que desde a madrugada de ontem me dirigi ao Território Indígena de Marãiwatsédé, onde participei entusiasticamente, do primeiro dia do Encontro de Saberes Tradicionais Ancestrais do Povo A’uwé Uptabi (Xavante). Uma riqueza de detalhes, na troca de saberes, no exercício da oralidade, onde mais aprendi que ensinei. Vimos ocorrer na prática uma das frases ditas pelo nosso Educador maior Paulo Freire: “Não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes”. Ainda temos muito que aprender com os Povos Originários, principalmente no que diz respeito aos saberes culturais ancestrais. Voltei pra casa muito cansado, mas extremamente feliz, por beber mais uma vez desta fonte cultura apaixonante.
Embarco no inicio da noite de hoje rumo à Goiânia. Estarei fazendo meu retorno médico a partir de segunda feira (09), como sempre faço, uma vez por ano. Exames e consultas com vários especialistas, para ver como anda a saúde deste jovem, que já rodou 67 km de anos, e assim ter a garantia de poder voltar para o meu cantinho no Araguaia, e trabalhar mais um ano, junto a este povo que adotei como causa maior. Vou à cidade grande, apenas nestas ocasiões, e depois volto para o meu cantinho, onde eu sei ser feliz. “No território indígena, o silêncio é sabedoria milenar. Aprendemos com os mais velhos a ouvir, mais que falar”. (Márcia Wayna Kambeba). Ainda vou a Minas, rever os meus irmãos de sangue, e de lá para São Paulo, onde participarei, mais uma vez, do Curso de Verão. Neste, não posso faltar, pois ali bebo na fonte do esperançar com os companheiros e companheiras da caminhada.
A Esperança de Deus está no ar! Nestes passos que estamos dando em direção ao Natal, refletimos com o evangelista Mateus, que nos coloca diante um Jesus sensível às causas dos pequenos. Os pobres que se aproximam d’Ele, para serem curados de suas enfermidades. “Tem piedade de nós, filho de Davi!” (Mt 9,27) Movido por sua infinita misericórdia, Jesus dialoga com eles, para ter a certeza de aquela gente tinha consciência de que Ele poderia realizar o intento deles: ser curado pelo Messias. Aquelas pessoas cegas, provam para Jesus que a sua fé é infinitamente maior que a sua ascensão social. “Vós acreditais que eu posso fazer isso?” Eles responderam: “Sim, Senhor”. (Mt 9,28) Fé que faz enxergar Jesus como o Messias salvador.
A cena desta perícope de Mateus de hoje, reporta-nos aos escritos do profeta Isaías que profetizara cerca de 600 anos antes do nascimento de Jesus: “Nesse dia, os surdos ouvirão; e os olhos do cego, libertos da escuridão e das trevas, tornarão a ver. Os pobres voltarão a se alegrar com o Senhor, e os indigentes da terra ficarão felizes com o Santo de Israel”. (Is 29,18-19) Enquanto os poderosos e autossuficientes julgam-se absolutos e tentam ocupar o lugar de Deus, dominando os acontecimentos da história, Jesus mostra que somente Deus é o Senhor da história. Com sua ação libertadora, Jesus a dirige no sentido de dar liberdade e vida, desfazendo os planos dos poderosos e restabelecendo a justiça e o direito para os pobres.
A fé nos faz enxergar o mundo com os olhos de Deus. A prova maior de fé foi dada por estes pobres e marginalizados, que acorreram a Jesus. A fé deles os salvou e os fizeram enxergar. Com sua ação em favor dos pequenos, Jesus mostra que a justiça do Reino liberta as pessoas para o discernimento (ver) e expulsa a alienação (demônio) que impede de dizer a palavra que transforma a realidade. A prédica e prática de Jesus provoca a libertação. Sua justiça libertadora provoca a oposição daqueles que querem apossar-se da salvação, para restringi-la a um pequeno grupo de privilegiados. Já o Coração de Jesus transborda de ternura e de compaixão, por todos os que sofrem, por todos os que têm fome, por todos os que estão doentes. Um coração amoroso de quem se faz Pai e Mãe, em unidade maior com o Deus da vida, que muito nos ama e nos quer ver felizes e realizados no seu projeto de amor.
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