Quarta feira da Sexta Semana do Tempo Comum. Estamos atravessando o 50º dia do ano deste nosso calendário gregoriano. E por falar em calendário, no dia de hoje a humanidade comemora o nascimento de um grande estudioso do sistema solar. No dia 19 de fevereiro de 1473, nascia em Torún, na Polônia, Nicolau Copérnico. Astrônomo e matemático, que desenvolveu a teoria Heliocêntrica do Sistema Solar, segundo a qual o Sol é o centro do sistema solar. Considerado um dos pais da astronomia moderna, Copérnico era monge da Igreja Católica. Como a Igreja controlava o pensamento, o poder religioso, político e econômico na Idade Média, ela adotou a Teoria Geocêntrica, em que a Terra era o centro do universo. Na compreensão de Nicolau Copérnico, a Terra não está fixa no centro do Universo, e sim girando em uma órbita circular ao redor do Sol. Copérnico faleceu em 24 de maio de 1543.
Neste cinquentenário dia do ano, não nos esqueçamos do nosso Pontífice. Estamos todos imbuídos de rezar pelo Papa Francisco, que está passando por um momento difícil em seu quadro de saúde. Segundo o boletim médico, divulgado nesta terça-feira (18), o Vaticano atualizou o estado de saúde de Francisco, informando que o pontífice tem “pneumonia bilateral”. Aos 89 anos, o Papa está com um quadro clínico considerado complexo, uma vez que a pneumonia bilateral é uma infecção causada por bactérias, vírus ou fungos que afeta ambos os pulmões. Apesar da gravidade de seu estado de saúde, segundo informações vindas do Vaticano, Francisco segue, como sempre, bem humorado. Rezemos pelo nosso querido Pontífice, apesar de que, dentro da “nossa” Igreja, há um determinado grupo que não vai rezar, pois o querem distante da direção da Igreja. Oremus pro Papa! Eu estou fazendo a minha parte.
Por falar nos cuidados com a saúde do Papa, o texto do Evangelho de hoje é bastante significativo neste sentido. Jesus está curando um cego de Betsaida. Esta ação de Jesus não aparece nos demais Evangelhos, mas é especifica da comunidade de Marcos. Como podemos observar, o contexto desta cura faz um paralelo com a cegueira dos fariseus e também dos próprios discípulos. Sobre a cegueira destes primeiros, Jesus já havia dito em Mateus: “Não se preocupem com eles. São cegos guiando cegos. Ora, se um cego guia outro cego, os dois cairão num buraco”. (Mt 15,14) Evidente que Jesus está se referindo a moralidade casuística e legalista dos fariseus, que se tornaram condutores cegos do povo. Com suas interpretações, desobedecem aos próprios mandamentos de Deus, sob a pretensão de observá-los rigorosamente.
“Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele”. (Mc 8,22) Jesus e comitiva, está chegando ao vilarejo localizado às margens do mar da Galileia chamado Betsaida, que em hebraico significa “casa da pesca”. Estando ali, lhe é trazido um cego para que fosse curado. Jesus tem o cuidado de toma-lo pela mão, levando-o para fora de Betsaida. Esta estratégia de Jesus, talvez esteja ligada ao fato de que naquele vilarejo havia uma incredulidade muito grande acerca da proposta dele. Não nos esqueçamos que Betsaida foi citada e condenada em um discurso de Jesus contra as cidades que se recusaram a crer em seus milagres, juntamente com Corazim e Cafarnaum. (Cf. Mt 11,21)
Estando Jesus em profunda sintonia com a divindade de Deus na sua onisciência, onipresença como um ser onipotente, não teria dificuldade alguma em realizar o milagre ali mesmo. Todavia, aquela aldeia era incrédula, e as pessoas ali não tinham fé suficiente para acreditar que estavam diante do Filho de Deus. Longe da incredulidade de seus contemporâneos, aquele homem prova do poder transformador de Deus. Jesus cospe em seus olhos, impõe-lhe as mãos e o cura em dois momentos distintos. “Então Jesus colocou de novo as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez” (Mc 8,25)
A cura em dois momentos é também uma rica simbologia do que acontece com o discipulado de Jesus e também conosco no dia a dia de nossas vidas. Os que acompanhamos Jesus e vemos tudo o que Ele fez e faz, ainda não percebemos que Jesus, de fato, é o Messias. Assim como os discípulos de Jesus, que só compreenderam claramente a partir da cena seguinte, quando Jesus começou a revelar a eles o seu próprio destino. A conclusão do texto de hoje mostra-nos que Jesus não quer nenhum tipo de triunfalismo, tanto que pede ao cego curado, que não entrasse no povoado. Quem possui uma fé verdadeira, não necessita de sinais para que possa acreditar. Enxergar bem, todos nós desejamos. Entretanto, o maior desafio para a fé cristã, é enxergar a própria cegueira em que vivemos. Dai a necessidade de uma conversão permanentemente, onde possamos enxergar, a cada dia, as nossas próprias cegueiras. Como já dizia a grande escritora Clarice Lispector (1920-1977): “A pior cegueira é a dos que não sabem que estão cegos”.
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