Terça feira de terceira semana do Advento.
Aqui vamos nós em direção ao berço de Jesus menino, porta de entrada do Deus conosco em nossa história humana. Desafio de fazer-nos presentes no presépio, para acolher aquela criança. Impossível não trazer presente na memória a minha feliz infância, vivenciando em nossa casa, o presépio armado pela nossa mãe todos os anos.
Ali, em família, rezávamos todos em volta do presépio. O clima de festa tomava conta de todos nós. Minha fé infantil bebeu desta fonte, carregada de toda uma simbologia Jesuana.
https://www.youtube.com/watch?v=OR74idpsweg
Hoje a Igreja celebra a Festa de São João da Cruz (1542-1591). João foi um dos grandes místicos e doutores da História da Igreja. Sacerdote e frade carmelita, era de nacionalidade espanhola (Fontiveros, província de Ávila). Teve uma contribuição significativa na reforma do Carmelo, ao lado de Santa Teresa D’ávila. Aliás, a mística de Teresa e São João da Cruz, desenvolvida no início da modernidade, possui tanta importância quanto a experiência do desenvolvimento da ciência no século XVII.
São João também nos deu de presente uma vasta contribuição literária no campo da mística e da ascese. Esta última palavra consiste na prática da renúncia do prazer ou mesmo a não satisfação de algumas necessidades primárias para aproximar a pessoa da verdadeira realidade espiritual e ideal, ao desligar-se da imperfeição e materialidade do corpo, muito comum na vida monástica. Tomei contato com uma de suas obras quando ainda estudava teologia. “A Noite escura” passou a fazer parte da minha literatura espiritual, mesmo com o meu ativismo militante, sem compreender muito do que propunha São João ali naquela sua obra.
Minha surpresa maior foi quando cheguei à casa de nosso bispo Pedro e o vi rezando na capela com este livro “A Noite Escura”, de São João da Cruz. Um bispo revolucionário como Pedro, rezando com aquele místico. Diante da minha surpresa, Pedro me disse: “Chicão, a vida dos pobres, muito concretamente, não é de dia, é de noite, “noite escura”. Menos poética e menos mística do que a noite escura de João da Cruz. Esses pobres têm todos os motivos humanos para rebelar-se contra o Deus vida-amor-libertação”. Ali percebi que a mística militante acompanha sempre os revolucionários como Pedro.
Dia 14 de dezembro foi também o dia que perdemos um dos grandes militantes das causas de Jesus. Neste dia, há 5 anos (2016), o frade franciscano, Dom Paulo, foi viver a esperança maior na páscoa do Ressuscitado. Ele que viveu “de esperança em esperança”, que era o lema da arquidiocese de São Paulo, que comandava como cardeal. Ao lado de Pedro, seu grande amigo de longa data, era um ferrenho defensor dos Direitos Humanos, da democracia e ardorosamente contra a ditadura militar. Pedro e Paulo, expoentes de uma Igreja que se fez na libertação, fazendo presente na caminhada dos pobres, traduzindo em miúdos a mística ascética de São João da cruz. Diante deste contexto de defesa da vida dos pequenos, pobres e marginalizados, é que fui entender uma das frases ditas por Pedro: “militar para mim é verbo”.
Paulo e Pedro, amizade selada no fogo do Espírito e na profecia. Uma luta incansável pelas causas maiores. Os Direitos Humanos estampados no compromisso de seu pastoreio de Igreja viva. Representantes de uma igreja martirial das causas de Jesus. Igreja pobre com os pobres, para os pobres e com os pobres. A opção não era do dizer, mas da vivência encarnada. Trocavam confidências permanentemente. Num tempo em que as cartas eram a forma principal de contato. Falavam e faziam acontecer.
Falar e fazer, este é o desafio do cristão para os dias de hoje. Anunciar e testemunhar. Fazer aquilo que se fala de boca cheia. Mais do que “pregar” carecemos de pessoas que façam aquilo que tanto anunciam a plenos pulmões a partir dos púlpitos das igrejas. Como nos propõe Jesus em seu ensinamento hoje. Mais uma vez no templo, mostra aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo as duas condutas dos irmãos: um falou que não queria, mas foi; o outro falou que iria, mas acabou não indo. Dois irmãos com comportamentos exatamente contrários. O eterno dilema entre o falar e o fazer. Aqui fica evidente que, mais do que falar, é o fazer que importa. Por esta razão que Jesus foi enfático ao afirmar: “os publicanos e as prostitutas vos precederão no Reino de Deus”. (Mt 21,31) Que São João da Cruz nos ajude, sobretudo a fazer a difícil tarefa a partir desta sua frase: “Procurai lendo e encontrareis meditando; chamai orando e abrir-se-vos-á contemplando”.
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