Sábado da 34ª Semana do Tempo Comum. Mais um Ano Litúrgico chega ao fim (Ano B). Geralmente este período litúrgico acontece dentro de 33 ou 34 semanas, intercaladas pelas Solenidades Litúrgicas. Esta determinação aconteceu a partir da Reforma Litúrgica, Com a Constituição “Sacrosanctum Concilium”, aprovada em 4 de dezembro de 1963. Pela primeira vez um Concílio Geral da Igreja Católica promulga um documento sobre a Liturgia. A reforma da liturgia fazia parte do “aggiornamento” do Concílio Vaticano II (1962-1965), como bem definiu o documento da Igreja: “fomentar a vida cristã entre os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as instituições susceptíveis de mudança, promover tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em Cristo, e fortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja” (SC, 01).

30 de novembro é um dia especial. Hoje estamos comemorando o Dia do Teólogo. Teólogo é aquela pessoa que busca estabelecer as conexões entre a religião e as demais áreas do conhecimento, compreendendo a influência desses aspectos nas ciências humanas, como a Sociologia, a Antropologia e a Psicologia. Ele é um estudioso e pesquisador dedicado ao estudo da teologia, uma disciplina que busca compreender e interpretar os ensinamentos religiosos e a experiência de fé na perspectiva da espiritualidade. O desafio principal do teólogo é compreender a natureza divina de Deus, em sintonia profunda com a natureza humana, dentro do processo histórico da humanidade. “A Teologia é a gramática do Espírito Santo”. (Martinho Lutero)

Parafraseando um dos profetas do Antigo Testamento, que disse: “Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicômoros”. (Am 7,14); eu não sou teólogo e nem filho de teólogo, mas um reles matuto identificado e incrustrado com as causas indígenas. O que sei da teologia está fundamentado nos quatro anos de estudo sistemático desta. O complemento veio através das muitas e incansáveis leituras, acerca desta área do conhecimento. Todavia, como já dizia um dos principais pensadores do iluminismo, o filosofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) “o homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”, sou também fruto do meio em que vivi e ainda experimento, como dádiva ao longo destes anos todos.

No dia do teólogo, a Igreja também traz para nós a Solenidade do Apostolo Santo André. Nascido em Betsaida, foi primeiro discípulo seguidor do Precursor João Batista, sendo um dos mais próximos do profeta. André foi o primeiro a ser chamado por Jesus (“Protocleto”), como o texto da liturgia de hoje nos apresenta. Dedicou-se a Deus desde a juventude, vivendo como pescador. Ele também teve a responsabilidade de fazer a interlocução entre Jesus e seu irmão Simão Pedro. Ambos ganhavam a vida como humildes pescadores. Sempre muito discreto, tornou-se um evangelizador mundo afora, até a sua morte, por volta do ano 60, sendo crucificado em uma cruz em formato de X.

O texto que nos é proposto para a nossa reflexão no dia de hoje é o de (Mt 4,18-22). Esta mesma passagem, aparece também no Evangelho de Marcos 1,16-20. O conteúdo é praticamente o mesmo. Jesus fazendo o chamado daqueles que fariam parte de seu grupo, com a missão específica de dar continuidade à mesma missão d’Ele: de pescadores de peixe passariam a serem pescadores de homens. Uma linguagem simbólica para dizer que eles seriam aqueles que trariam mais pessoas para a missão evangelizadora, como missionários do Reino. Fazer o Reino acontecer a partir da realidade simples que eles viviam. O chamado de Jesus pressupõe o sentimento de identidade e pertencimento: ser um com Ele nas causas do Reino.

Jesus continua ainda hoje chamando pessoas para compor o seu grupo, seguindo-o. Para seguir a Jesus, é preciso primeiro conhecer quem Ele é. Entretanto, para conhecê-lo, é necessário fazer a opção por segui-lo. Conhecer para seguir! Seguir para conhecer! Esta é a dialética do chamado de Jesus. O convite está aberto a todos e todas. Este chamado acontece, principalmente através dos sinais dos tempos. Chamado para sermos os construtores do Reino, por intermédio das novas relações que vamos estabelecendo entre nós. Seguir a Jesus implica deixar as seguranças que possam impedir o compromisso com uma ação transformadora, libertadora. Quem é chamado, precisa sentir-se provocado/a para: amar mais, perdoar mais, servir mais, acolher mais, cuidar mais; ser presença viva de Deus em si mesmo, perguntando frequentemente: o que Jesus faria estando Ele no meu lugar, diante das circunstancias e desafios que estou vivendo hoje?