Terça feira da Primeira Semana do Tempo Comum. Enfim, damos início a este ciclo da liturgia do ano B. Como já é sabido, o Evangelho que refletiremos ao longo deste ano será o de Marcos. Após a renovação litúrgica feita pelo Concílio Vaticano II, houve uma importante reestruturação na escolha dos Evangelhos. Assim, o Evangelho de Marcos tornou-se o “Evangelho do ciclo B” lido, geralmente, de janeiro a novembro a cada três anos.
Uma terça-feira em que estamos percorrendo o caminho do sexto dia do 37° Curso de Verão do Cessep, com as temáticas, “Justiça e trabalho na Bíblia: vida humana em primeiro lugar”, por Rafael Silva; e “Afrouxando os nós e nos atando a nós: a mulher virtuosa trabalha de boa vontade”, por Angélica Tostes. Este foi o nosso propósito neste ano de esmiuçar o mundo do trabalho também à luz da Palavra de Deus, na tentativa de construção de um trabalho mais humanizado e feliz, tendo a vida em primeiro lugar.
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Mais quatro dias e vamos dar por realizada a jornada do primeiro Curso de Verão presencial na pós-pandemia. Para nós que já estamos na estrada há longos anos de curso, o acalanto nos vem pelos nossos olhos que se debruçam sobre tantos jovens que estão vindo ao curso pela primeira vez. É como se baixasse em nós o espírito do velho Simeão: “Agora, Senhor, podes deixar o teu servo partir em paz. Porque meus olhos viram a tua salvação”. (Lc 2,29-30)
Os acordes do meu coração já sonham com o meu Araguaia que se aproxima no horizonte das minhas expectativas e do meu desejo. Enquanto ele não chega, rezei em meio ao campo visual dos enormes arranha-céus que circundam o edifício da PUC. Enquanto a saudade faz reviravoltas e peripécias na minha mente, trouxe comigo na oração desta manhã, a experiência de Jesus entre as colunas da Sinagoga, num dia de sábado, na cidade de Cafarnaum. Marcos nos diz que ali Ele estava ensinando com autoridade. Não diz exatamente o que ensinava, mas dá para imaginar o conteúdo destes seus ensinamentos.
Jesus, que ao ensinar, fazia também acontecer os sinais de mudança e libertação, diferentemente das autoridades religiosas da época e quiçá de hoje. Jesus realiza a cura de um pobre homem possuído por um espírito que o impedia de ser quem ele gostaria de ser. A ação demoníaca escravizava e alienava aquele homem, sem autonomia, impedindo-o de pensar e de agir por si mesmo.
Jesus o liberta daquela escravidão. O milagre realizado por Ele foi fazer o pobre homem voltar à consciência e à liberdade. Ensinamento e ação transformados em libertação. Só assim ele podia ficar de pé e seguir os passos de Jesus. Quantos de nós ainda hoje estamos na mesma situação daquele homem. Não conseguimos pensar e agir por nós mesmos, alienados que somos, por circunstâncias de uma fé cheia de devocionismos, normas e preceitos, mas desprovida de ações libertadoras, nossa e das pessoas que buscam se libertarem das mais variadas escravidões. O texto de Marcos conclui que: a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galileia. (Mc 1,28) Autoridade de quem se faz serviço, caminhando junto, e não como poder que oprime e sobrepõe.
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