Manjedoura é uma palavra muito viva no tempo de Natal. O “manjar” dos bois é servido num cocho e serve de comedouro. Tal misteriosa palavra une comida com o berço dos sonhos de uma vida farta e plena de direitos.
Para essa VIDA HUMANA e para toda a CRIAÇÃO foi que nasceu Jesus, à beira do caminho, debaixo das “marquizes” dos campos, numa cobertura de chuva de animais.
Retomo os Momentos de Partilha, em mais sextas-feiras de andanças pelas ruas de Manaus. Nessas noites havia preparação carinhosa para a partilha.
Saímos no mesmo horário, às 21h com nosso comboio da solidariedade até aos ninhos dos passarinhos. Após atender um grupo, à rua Quintino Bocaiuva, aprendemos que a pequena ceia que proporcionávamos tornava-se uma troca de amizade e aprendizagem. Fizemos outra parada no início das rua dos Andradas. Local onde encontramos a Cocó (a Maria de nome igual ao da mãe de Jesus) e seu vizinho de ninho, um solitário e solidário amigo. Por mais de 3 vezes, vimos este ninho partilhado e cheio que nem coração de mãe. Dessa vez, encontramos uma jovem, a qual simbolizou para nós Maria, a Mãe de Jesus. Estava grávida. Tentávamos nos aproximar para partilhar um pouco de carinho, atenção e a ceia santa, simbolizando os presente dos Reis Magos. Entretanto, ela pedia um outro presente, muito comum que era farinha de mandioca, tipo Uarini, bem redondinha e amarelinha como minúsculas bolas de Natal.
Como não trazíamos, recusava-se a permanecer no ninho e alçava voos para lugares desconhecidos por nós. Foram três tentativas e o fato se repetia. E nunca mais a encontramos.
Onde nasceria “aquele Jesus” que a jovem mulher trazia na barriga?
Vimos assim, como no nascimento do menino Jesus não havia hospedaria nos corações das pessoas para acolhê-la. Ela foi, temporariamente, se aninhar ao lado dos seus irmãos das mesmas condições fugitivas, como passarinhos de rua.
Ficou para nós a indagação. Em qual manjedoura nasceu o pequeno menino Jesus? Que ele e outros sejam abrigados em nossos corações e em nossas orações.
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