Domingo da Páscoa do Senhor. O grande dia tão esperado chegou. A razão da nossa fé, a essência do ser cristão, acontecendo neste dia. O coração do cristianismo está enraizado no primeiro dia da semana, dia em que Ele falou e fez acontecer a sua RESSURREIÇÃO. Ele vive e está no meio de nós. É um de nós; um conosco. Deus fazendo a sua morada definitiva no meio de nós, através de seu Filho muito amado. A completude divinal de Deus se fazendo presença viva no Cristo Ressuscitado. “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui! Ressuscitou! Lembrem-se de como ele falou, quando ainda estava na Galileia”. (Lc 24,5-6) O projeto vivido por Jesus não é caminho para a morte, mas caminho aprovado por Deus que, através da morte, leva para a vida. De agora em diante, o encontro com Jesus se realiza no momento em que nos dispomos a anunciar o coração da fé cristã: a RESSURREIÇÃO de Jesus.
A noite ainda nem se fazia dia e estava eu, respirando os primeiros raios, cheios da esperança do CRISTO RESSURRETO, se fazendo presença em meu coração. Timidamente o Astro Rei foi dando as suas pinceladas, mescladas pelas nuvens escuras, prenunciando as tão desejadas chuvas. Um clima de silencioso mistério tomou conta do ar, onde até os pássaros salmodiavam o dia, deixando sair de seus bicos afinados, a cantata natural destes seres da criação. “E Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). A criação toda acordando em clima pascal, pois uma das partes da Trindade Santa, o Filhão do Pai, continua vivo, mostrando que a morte foi vencida pela vida e tem a última palavra, pois é assim que foi pensada toda a criação. Deus vive, e todos nós também, já que somos a imagem e semelhança deste Deus (Gn 1,27)
Deus vive em Jesus e no Padre Júlio Renato Lancellotti, que no dia de hoje celebramos os seus 40 anos Vida Presbiteral. Este 110º dia do ano é especial na vida deste evangelizador dos sofredores de rua. Nascido no dia 27 de dezembro de 1948, carrega o fardo dos 77 anos, sendo que grande parte deles, foi dedicado ao trabalho às pessoas em situação de rua. Ordenado pelo amigo Dom Luciano Mendes de Almeida, no dia 2 de abril de 1985. Neste mesmo ano, estava eu iniciando os meus estudos de Teologia no ITESP, e pude testemunhar a alegria de ambos naquela cerimonia, com aquele irmão que abraçara o sacerdócio, fazendo dele um serviço dedicado às causas dos menores entre os menores, como ele mesmo assim se manifestou: carrego cicatrizes, dores e feridas. Carrego alegrias, descobertas e conquistas. Carrego, sobretudo, imenso e incondicional amor a Jesus! Padre Júlio, feliz “Bodas de Esmeralda” pelas causas do Reino!
Olhar para a Ressurreição de Jesus é olhar para a esperança cristã de saber que, mesmo passando pelo vale da morte, sairemos vivos, pois o Senhor está vivo. A liturgia deste domingo nos coloca ainda diante de um clima de medo, dor e sofrimento, vivido pelo discipulado. Mesmo tendo sido anunciado a eles, que Ele passaria por todo este momento de dor, de angustia e sofrimento, mas o final seria de vitória, eles ainda permaneciam fechados a esta grande novidade. A dor do sofrimento e da partida do Jesus histórico do meio deles, ainda é muito sentida. A dor nos afasta do amor e da coragem de continuar lutando e acreditando. Entretanto, o que nos dá força diante da dor é o amor. Mesmo diante da dor, o amor permanece vivo, basta que a ele recorramos e nos deixemos mergulhar em sua razão de ser. Sem Ressurreição não há vida. Por isso que nosso bispo Pedro sempre nos dizia: “Nossa missão é transmitir RESSURREIÇÃO”.
Mais uma vez o protagonismo feminino rouba a cena e nos mostra que as “mulheres da vida” de Jesus estavam dispostas dar continuidade a mesma missão d’Ele, mesmo diante dos momentos de profunda dor e incerteza. O coração feminino é diferente e não se deixa seduzir pelo desespero, mas carrega em si a força da esperança, talvez pelo fato de trazerem em si o ventre que gera a vida. Lá estavam elas dispostas a tudo para que se cumprisse a palavra dita por Jesus: “No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. (Jo 20,1-2) A relevância feminina, dando as cartas dentro de uma sociedade enraizada na cultura patriarcal machista da época. Embevecidas pela força feminina, elas tomam a iniciativa e se tornam as primeiras testemunhas do Ressuscitado, como veremos mais adiante nos textos desta semana que está só começando.
A Ressurreição é o ponto de partida e também de chegada para a fé cristã. Ela é o coração da fé cristã. Com ela, há uma reviravolta na história, proporcionando uma nova forma de encarar a vida. O fim último da existência humana é a possibilidade de descansarmos no colo de Deus, que está sempre nos esperando para este encontro feliz e definitivo, como o próprio Jesus o disse aos seus: “Não fique perturbado o coração de vocês. Acreditem em Deus e acreditem também em mim. Existem muitas moradas na casa de meu Pai. Se não fosse assim, eu lhes teria dito, porque vou preparar um lugar para vocês”. (Jo 14,1-2) Por fim, a fé na Ressurreição tem dois aspectos: Jesus não está morto. Ele não é um falecido ilustre, ao qual devemos construir monumentos. O sepulcro vazio mostra que Jesus não ficou prisioneiro da morte. Jesus está vivo, e quem o segue de verdade, movido pelo amor é capaz de enxergar esta realidade, não a partir da linha do raciocínio racionalista, mas pela força do amor que tudo pode, realiza e faz acreditar: “o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou”. (Jo 20,8) Feliz Páscoa do CRISTO RESSURRETO a Todos e todas! Sem medo da morte e de ser feliz aqui e lá!
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