Reflexões Bíblicas

Deus é misericórdia (Chico Machado)

Quinta feira da 31ª Semana do Tempo Comum. Vida que segue no dia de hoje, que não é o de ontem e nem será o de amanha. Amanhã será outro dia, uma vez que cada dia é único em nossa história de vida. Viver intensamente é o propósito de quem quer corresponder aos desígnios de Deus para si. Ame hoje! Sonhe hoje! Comece hoje! Viva hoje! Viva na busca incessante pelo esperançar que se faz em todos os gestos das ações de cada dia. Aproveite cada instante, cada minuto, da melhor forma possível, sendo o melhor que você pode ser, na sua versão original, nas relações de amorosidade com os outros. A vida é curta e não espera que tais ações sejam proteladas. A hora é agora!

Amanheci, nesta quinta feira, “romanceando” o meu dia. Acordei logo cedo trazendo em mim o espirito da nossa grande poetisa e escritora brasileira: Cecília Meireles (1901-1964). No dia de hoje, 7 de novembro, comemoramos o seu aniversário natalício. Ela que nasceu no Rio Comprido, na cidade do Rio de Janeiro. Curioso é que ela realizou a sua páscoa no dia 9 de novembro. Cecília passeou alegremente pela minha infância e juventude de mineiro feliz, apaixonado que eu era pelos seus escritos. Por ter uma memória que ajudava, decorava e declamava (interpretava), dando vida a seus poemas. Ela não sabia, mas ela foi uma de minhas professoras. Uma de suas frases se tornou refrão para os meus projetos de vida: “Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira”.

No clima literário de Cecília, rezei nesta manhã poetizando com os meus anfitriões de sempre. Deus é generoso demais para conosco. Sua misericórdia infinita tomou conta do meu dialogo orante com Ele, numa tentativa de seguir o conselho de Jesus: “Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso”. (Lc 6,36) Aliás, Lucas é o evangelista da misericórdia. No evangelho escrito por ele, vemos um Jesus que revoluciona o campo das nossas relações humanas, mostrando que, numa sociedade justa, igual, solidária e fraterna, as relações devem ser de gratuidade, à semelhança do amor generoso e misericordioso do Pai para conosco.

Chegamos ao capitulo 15 do Evangelho de Lucas. Este capítulo é considerado o coração de todo o evangelho lucano. Ele é o “Evangelho da misericórdia”. Dos 1.149 versículos, distribuídos nos 24 capítulos de seu evangelho, o capitulo 15 nos traz o rosto misericordioso de Deus, presente na pessoa de Jesus. Aliás, Lucas é o evangelista que mais detalhes nos apresenta acerca do Jesus histórico, ainda que ele não fosse judeu, não conheceu Jesus pessoalmente, e nem sequer ouviu suas pregações. Todavia, ele tinha em mãos o Evangelho de Marcos e a Fonte Quelle, servindo-lhe de base e inspiração para escrever o seu Evangelho. O Novo Testamento fala pouco dele. Sabe-se que era médico (cf. Cl 4,14) e foi companheiro nas viagens missionárias de Paulo.

Deus é misericórdia! Jesus faz questão de nos apresentar o rosto misericordioso de Deus. Isto fica evidente nas parábolas contadas por Jesus no texto de hoje: A ovelha perdida; a moeda perdida e o Pai amoroso. Tudo para mostrar a amorosidade do Pai, que é pleno de misericórdia para com aqueles que encontram o caminho do Evangelho, que leva ao encontro com este Pai amoroso. Tal proposta deve ser interpretada à luz do contexto histórico, iluminando assim a situação daquilo que estava perdido e a alegria de quem pôde encontrar o que estava perdido.

Enquanto os publicanos e pecadores acolhiam e ouviam atentamente Jesus, os fariseus e os escribas, por sua vez, faziam uma acirrada oposição a Ele, criticando-o. Jesus pouco se importa com estes últimos, conquanto, seja apresentado aos que o buscam, o rosto misericordioso de Deus. Neste texto de hoje, vemos que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante dos homens. Para Ele, não importa aqueles que se acham bons, irrepreensíveis e que não necessitam do perdão e da misericórdia de Deus. Neste sentido, a conclusão desta perícope de hoje, está na mensagem que Jesus quer transmitir aos pecadores: “Haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”. (Lc 15,10) Ou seja, é no processo de busca de conversão do pecador que reside a amorosidade e misericórdia de Deus.

Luiz Cassio

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