Sábado da Segunda Semana do Tempo Comum. Entramos assim no último final de semana do mês de janeiro. O verão segue com as suas características próprias, distribuindo calor e chuvas em grande quantidade. Nosso Araguaia não tem do que reclamar, já que está transbordante, despertando o interesse de todos nós daqui, já que os “forasteiros” já não se fazem presentes no meio de nós. Enquanto a chuva não vem, a cada tarde, mais pessoas acorrem ao rio para um mergulho salutar em suas águas. Está lindo como que! Fosse eu versado em poesia, declamaria o meu poema só de olhar para suas águas, transformando o sentimento, que vai no coração, em uma alegre canção.

Um sábado em que o meu olhar saudoso se volta ao passado. Neste dia, meu coração me faz recordar da vida dele: Dom Angélico Sândalo Bernardino. 25 de janeiro é o aniversário de sua Ordenação Episcopal. Nascido em Saltinho (SP), em 19 de janeiro de 1933, Dom Angélico foi ordenado sacerdote em 1959 e nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, em dezembro de 1974, recebendo a Ordenação Episcopal em 25 de janeiro de 1975, na Catedral da Sé, pela imposição das mãos de ninguém menos que Dom Paulo Evaristo Arns. Dali em diante passou a exercer o ofício de Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo até abril do ano 2000 – tendo sido vigário episcopal da Região São Miguel Paulista e da Região Brasilândia – quando foi nomeado por São João Paulo II para a recém-criada Diocese de Blumenau (SC), onde permaneceu até 2009, quando renunciou ao cargo ao completar 75 anos de idade, em conformidade com o Código de Direito Canônico. Desde então, voltou a viver na cidade de São Paulo.

Conheci e tive o privilégio de trabalhar com Dom Angélico na Zona Leste de São Paulo, na Região de São Miguel Paulista. Eram os meus primeiros passos sendo dados na vida presbiteral. Muito aprendi com aquele homem generoso, amoroso e acolhedor. Um pastor que caminhava junto com o seu povo, num colegiado que era a Arquidiocese de São Paulo, comandada pelas mãos proféticas do Cardeal Arns. Tendo como referência o ministério episcopal deste grande homem de Deus, dá saudade daquela Igreja povo de Deus, cada vez mais sendo substituída pela “igreja das rendas da vovó” e voltada para as sacristias, cada vez mais distante da caminhada sofrida do povo pobre. Felizes Bodas de Ouro Episcopal, Dom Angélico! Que seu legado sirva de inspiração para a caminhada do povo, nesta Igreja em Saída. Seu lema episcopal sempre foi, Deus Caritas Est (Deus é amor)

No dia em que a Igreja celebra a conversão de São Paulo, a capital dos paulistas também está em festa. Neste ano, a “Pauliceia” está completando 471 anos. Segundo os anais da história, o dia 25 de janeiro foi escolhido em homenagem à fundação do Colégio dos Jesuítas. Foi exatamente nesse local onde teve origem a vila, que anos mais tarde foi elevada à cidade de São Paulo. Poucos de nós sabemos que o lema da cidade de São Paulo é “Non ducor, duco, que significa “Não sou conduzido, conduzo”. Este símbolo foi adotado oficialmente em 1888, e representa a história de liderança e iniciativa da cidade, que evoluiu de uma pequena vila para uma das maiores metrópoles do mundo.

25 de janeiro que a liturgia da Igreja Católica chama a nossa atenção neste dia tão importante. Numa das ultimas aparições de Jesus, Ele se manifesta aos seus discípulos. O trecho de hoje é o finalzinho do Evangelho de Marcos, que é um dos mais curtos de todos os demais. Tem apenas 16 capítulos, e mesmo assim, esta parte de hoje, segundo alguns estudiosos exegetas, é um acréscimo posterior, feito pelos seguidores da comunidade de Marcos. Esta perícope de hoje omite os dois últimos versículos deste evangelho, que diz como conclusão da obra: “depois d’Ele falar com seus discípulos, o Senhor foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus”. (Mc 26,19) Este Evangelho tem uma preocupação fundante que é dar continuidade no tempo presente a atividade concreta de Jesus, através de uma prática que faça renascer continuamente a esperança da vinda do Reino.

“Os onze discípulos então saíram e pregaram por toda parte”. (Mc 26,20) Esta foi a missão confiada por Jesus aos seus discípulos e discípulas. Esta é a missão que nos é confiada, no contexto hodierno em que somos desafiados a viver a fé cristã. Todos e todas, de alguma maneira fomos chamados para esta missão, de dar continuidade às mesmas ações de Jesus. Ser seguidor, ser seguidora deste mesmo Jesus é fazer da vida doação total pelo Reino de Deus. Mais do que ficar dentro dos templos em intermináveis cultos e adorações, somos desafiados a levar adiante a proposta do Reino, aos mais carentes e necessitados, que estão caídos à beira do caminho. Quiçá fazer como Saulo/Paulo que, de fariseu, convertendo-se, tornou-se um dos maiores evangelizadores, possibilitando assim o cristianismo sair de dentro das muralhas de Roma para alcançar os confins de toda a terra.