Quinta feira da Décima Quarta Semana do Tempo Comum. No dia de hoje, a Igreja Católica, nos traz a memória de São Bento, abade (480-547 d.C.). Ele que nasceu de família nobre, na cidade de Núrcia, situada na região italiana da Úmbria, próxima a Roma. No obscurantismo da Idade Média, Bento foi o fundador da Ordem dos Beneditinos. Para São Gregório, Bento é “um astro luminoso” em uma época dilacerada por uma grave crise de valores. Mais de 12 mosteiros foram fundados por ele ao longo de sua vida. O lema principal da Ordem Beneditina era “Ora et labora” (Oração e trabalho). Bento recebeu o título de padroeiro da Europa.
“Ao mestre cabe falar e ensinar, ao discípulo calar e ouvir”, dizia São Bento. Como discípulo de Jesus de Nazaré, que tanto desejo ser e, seguindo nas pegadas do poeta, místico e profeta claretiano Pedro, vou tentando traduzir aqui pelas bandas do Araguaia o lema beneditino de orar e trabalhar, investindo a minha vida em favor das causas indígenas, nestes tempos tão difíceis que ora estamos vivendo. Momento em que o Congresso Nacional, insiste em aprovar uma PEC que muda o Artigo 231 da Constituição Federal, para favorecer a tese do Marco Temporal, uma tese jurídica segundo a qual, os povos indígenas têm direito de ocupar apenas as terras que ocupavam ou já disputavam em 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição.
“São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.” (Art. 231). Este é o artigo da Constituição/88, que estão querendo a todo custo rasgar, beneficiando assim os latifundiários invasores das terras indígenas. Desde a data 15 de novembro de 1889, que é o momento histórico da Proclamação da República, pela primeira vez em sua história, uma Constituição Federal colocou em seu texto palavras tão concretas e assertivas, acerca dos povos indígenas, e agora, estão querendo suprimir tal texto. As lideranças indígenas estão bastante apreensivas, e com razão.
“Ora et Labora” – Rezar e trabalhar. Este é talvez nosso maior desafio, na experiência prática de viver a nossa fé hoje. Manter a sintonia com a oração, sem perder de vista o trabalho transformador necessário, para quem deseja seguir na caminhada, os mesmos passos de Jesus de Nazaré. Ele rezava sempre, mas também mantinha sua ação libertadora, em favor dos pequenos, pobres e marginalizados. Se no dia de ontem o vemos chamar nominalmente, cada um dos seus discípulos, instrui-los e formá-los, hoje Ele se encarrega de enviá-los em missão, empoderando-os para a difícil tarefa que teriam pela frente: “Curar os doentes, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os demônios”. (Mt 10,8)
Uma fé que não leva em consideração a ação está desprovida de fundamentação teológica, eclesiológica e cristológica. Não fomos chamados para uma experiência individualista da fé (eu e Deus), mas para prová-la nos desafios que a vida nos propõe no cotidiano. Lembrando que fé não é algo teórico ou mero sentimento interior intimista, mas é compromisso que se manifesta concretamente em atos e fatos visíveis. São Tiago decifrou bem este enigma ao nos dizer em sua carta: “A fé sem obras é morta”. (Tg 2, 17) Aqueles e aquelas que acham que o simples fato de terem uma vida de adoração dentro dos templos, ou cumprindo meros preceitos religiosos fundamentalistas, devem atentar para aquilo que foi dito por Jesus: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino do Céu. Só entrará aquele que põe em prática a vontade do meu Pai, que está no céu”. (Mt 7,21)
O Reino de Deus, ou Reino do Céu, como gosta de dizer o evangelista Mateus, é gratuidade: “De graça recebestes, de graça deveis dar!” (Mt 10,8) A gratuidade é uma das especificidades da amorosidade de Deus na pessoa de Jesus. A missão dos apóstolos de Jesus e nossa, deverá ser desenvolvida em clima de gratuidade, desapego, sobriedade e confiança, comunicando o bem fundamental da paz, isto é, da plena realização de todas as dimensões da vida humana. O seguidor, a seguidora de Jesus, precisamos desapegar-nos de nós mesmos para abraçar as causas dos pequenos e, com eles construir o Reino, onde todos e todas possamos viver com dignidade de filhos e filhas de Deus. Assumindo em nós o espirito de pobreza evangélica, como fez nosso bispo Pedro: “Não ter nada. Não levar nada. Não poder nada. Não pedir nada. E, de passagem, não matar nada; não calar nada”. Que São Bento nos ajude a orar e trabalhar pelo Reino.
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