A segunda feira iniciou sem que a luz do sol “chegasse” até nós. Como afirma o dito popular, São Pedro encarregou de fazer cair sobre nós uma chuvinha mansa, iniciando a semana de forma bem fresquinha, aqui pelas nossas bandas. Melhor assim, já que em grande parte de nosso país, o forte calor tem predominado, inclusive batendo recordes em algumas regiões. Certo é que o verão não está para brincadeiras. O lado triste desta história, é passar pela beira do rio, como fiz nesta manhã, e ver a sujeira ali deixada pelos banhistas. Triste cenário! Não contentam em beneficiarem-se das belezuras naturais deste grande rio, mostrando assim o seu lado deseducado ambientalmente.
No dia de ontem, fui fazer uma visita a uma das pessoas históricas de nossa prelazia. Diolice está com um quadro de saúde debilitado. Ela que cuidou de tantos “preláticos”, está carecendo de cuidados. Trabalhou muitos anos na casa de nosso bispo Pedro, cuidando de todos nós. Cuidou de mim quando fui acometido pela malária, três meses depois que aqui cheguei. Muitos que moraram ali com Pedro, ou que passaram por lá, tiveram o cuidado atencioso desta grande mulher. Era o xodó de Tia Irene e também de Pedro. Fez a sua história, intimamente ligada à nossa Prelazia de São Félix do Araguaia. Aos que lerem estes meus rabiscos, peço que reservem um momento de suas orações ao restabelecimento da saúde desta nossa irmã Diolice.
No texto do Evangelho de hoje, narrado pela comunidade de Marcos, Jesus e seus discípulos acabara de atravessar o mar da Galileia. Da periferia para periferia. De Nazaré para Genesaré. Região habitada a leste por pagãos e a oeste por hebreus. Os evangelistas tiveram o cuidado de registrar que Jesus passou a maior parte de sua vida e de seu ministério nos vilarejos judaicos perto do Mar da Galileia, um lago de água doce ao norte da Judeia cercado por colinas baixas e planícies agrícolas. Conhecendo estes detalhes acerca daquela região do primeiro século em que Jesus viveu, nos ajuda a entender melhor seus ensinamentos, sua posição em favor dos menos favorecidos, nos aproximando de sua mensagem central. Isto nos ajuda a fazer a nossa adesão ao projeto do Reino de forma mais consciente e coerente.
Uma grande multidão de pessoas acorria a Jesus em busca de um novo horizonte para as suas vidas. Pessoas doentes que vinham de todos os lugares, pois sabia que Deus estava presente na vida de Jesus. O que nos impressiona é que haviam muitas pessoas doentes naquela época histórica, e Jesus fez questão de estar lado a lado com esta gente, e curar todos os tipos de enfermidades. Este contexto histórico está intimamente ligado àquilo que dizia o Antigo Testamento sobre a vinda do Messias, como podemos ver numa das citações do profeta Zacarias: “Nós queremos ir contigo porque soubemos que Deus está o Senhor”. (Zc 8, 23)
Marcos conta que o Messias nasceu em Nazaré, na Galileia. Na região da Galileia Ele passou a maior parte de sua vida e ministério (Mt 4,23-25). Ali, Ele proferiu o Sermão da Montanha (Mt 5-7); curou um leproso (Mt 8,1-4); chamou, ensinou, preparou e enviou os Doze Apóstolos a pregar, sendo que dentre eles apenas Judas Iscariotes aparentemente não era galileu (Mc 3,13-19). Foi também ali na Galileia, que o Cristo Ressuscitado apareceu aos Apóstolos (Mt 28,16). Portanto, as principais ações de Jesus estavam voltadas para as populações pobres, carentes (doentes, pagãos, estrangeiros, prostitutas) daquela região periférica. Ele não se voltou para o centro do poder politico, econômico e religioso de sua época, mas aos mais carentes que estavam à margem de tudo e de todos daquela sociedade. Isso nos ensina que, movidos pela força do amor de Jesus de Nazaré, também devemos ir aonde o povo sofrido está. Que nos sirva de inspiração uma das frases ditas pelo cantor e compositor Renato Russo (1960-1996): “Não há nada mais poderoso do que um coração que se recusa a desistir”. “Insistir, resistir, persistir, com teimosia revolucionária”, dizia-nos nosso bispo Pedro.
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