Sábado da Nona Semana do Tempo Comum. Solenidade do Imaculado Coração de Maria. Se ontem celebramos a festa do Sagrado Coração de Jesus, hoje é a vez de exaltarmos o coração maternal de Maria. Esta devoção ao Imaculado Coração de Maria é conhecida desde o século XVII, sempre junta com a devoção ao Coração de Jesus. Evidentemente que, os Corações, de Jesus e de sua Mãe Maria, são inseparáveis: onde está Um, estará também o Outro. Jesus é o Verbo Encarnado, Palavra de Deus que se fez vida nas nossas vidas. Maria é a genitora do Filho, trazendo em seu ventre a semente de Deus. Mãe e Filho fazendo a vontade de Deus, para nossa maior alegria, dando-nos a chance de alcançar a divindade do mistério de Deus.

Estamos atravessando o exato 160º dia deste ano bissexto. 206 outros mais e aportaremos o nosso barco às margens do ano de 2025. Antes, porem, passaremos pelo período eleitoral, quando então elegeremos nossos gestores municipais. No dia 6 de outubro, data do primeiro turno das Eleições Municipais, estarão em disputa os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador em mais de 5,5 mil municípios do país. Estamos a caminho das urnas, com as campanhas em franca evolução. Até lá, vamos pensando, em que nós iremos votar, para não correr o risco de eleger “uma raposa para administrar o nosso galinheiro”. Lembremo-nos que o direito sagrado de votar é a ferramenta do/a eleitor/a consciente.

Eleições a parte, a vida segue o seu curso natural, com cada um de nós buscando as suas realizações pessoais e coletivas. Ao nos criar, plenos de sua amorosidade, Deus nos deu a possibilidade e a capacidade de lutar pelas nossas conquistas e realizações. Foi para atingir a plenitude que Ele nos plasmou no seio do Cosmos. Seu sonho maior é que cheguemos ao ápice das nossas potencialidades. Sendo humanos e, com todas as nossas vicissitudes, em Jesus podemos abraçar o mistério divinal da transcendência de Deus. Em Jesus, Ele vêm até nós e se faz um conosco, para que não mais caminhemos às escuras, rumo às incertezas. O Transcendente se fazendo imanente na história de todos nós, na pessoa do Pai, Filho e Espírito Santo, fazendo de nós irmandade na família d’Ele.

O texto que a liturgia deste sábado nos reserva é o do evangelista São Lucas. Esta passagem que refletiremos hoje é específica da comunidade lucana. Trata-se da Família de Nazaré, participando da Festa da Páscoa dos judeus, indo ao Templo de Jerusalém. Participando de todos os festejos e, retomando o caminho de casa, descobrem que o menino não estava com eles, para desespero da Mãe. Mãe sabe tudo. As mães são sempre assim. Já diz o dito popular: “coração de mãe não bate, apanha”. Certamente já sentia em seu coração que algo estava acontecendo com aquele seu adolescente, manifestado na inquietação de seu coração de Mãe.

Inquietos e preocupados, retomaram rapidamente o caminho de volta à Jerusalém, a procura do menino levado. Encontraram-no dialogando com os doutores da Lei, anciãos do povo, mestres de Israel. Sabedoria que lhe vem de Deus, ocupando-se das coisas do Pai. Ou seja, Jesus transcende a lógica humana de que, uma criança de doze anos, jamais teria condições de confrontar-se com tais autoridades. Todavia, a presença de Deus em Jesus ultrapassa todas as possibilidades de compreensão dos humanos. A resposta do menino à sua Mãe parece indelicada, mas mostra por outro lado, que aquele menino tem uma missão a cumprir, que por hora, seus pais, não poderiam compreender, dada a profundidade do mistério de Deus, que transcende toda a nossa compreensão humana.

O coração amoroso da Mãe sabe que aquele menino vem do “berço de Deus”. Ela se sente confortada por saber que, seu Filho, guardava em seu coração os mistérios da revelação de Deus. Mãe é sempre mãe, aqui e em qualquer lugar. Seu coração, por mais que sofra, só tem espaço para conter em si a amorosidade maternal. Na relação de Maria com seu Filho Jesus, não foi diferente. Ela sabia que não estava perdendo o seu Filho, porque em seu íntimo, sentia o conforto de entender que Deus o estava ganhando para si. Este rico texto nos faz entender também que, as primeiras palavras ditas por Jesus, mostram que toda a sua missão, decorre da sua relação filial com o Pai. Isto significa que essa missão provém do próprio mistério de Deus e da realização de sua vontade entre nós. Entretanto, ela se processa dentro do mistério da Encarnação, onde Jesus, vai aprendendo a viver a vida humana como qualquer outra pessoa. O texto de hoje omite o último versículo deste texto de Lucas, mas ele é muito significativo: “E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e graça, diante de Deus e dos homens”. (Lc 2,52) Quando nos abandonamos no coração de Deus e da Mãe, temos também a chance de aprender como Jesus. Vivendo e aprendendo.