Domingo da Solenidade da Santíssima Trindade. Três pessoas em um só Deus. Mistério que foge a nossa compreensão humana, mas, de forma transcendente, é o amor que se entrecruza entre as três pessoas, transparecendo toda a amorosidade deste Deus que é pleno amor. Só o amor é capaz de unir as três pessoas, revelando-nos a face de um Deus que muito ama os seus, ao ponto de vir nos visitar e estabelecer sua morada definitiva no meio de nós.
Comunidade Trinitária: Pai, Filho e Espírito Santo. Um não existe sem o outro e todos eles formam a família da comunidade perfeita. No Pai, está o Filho e, na relação de amorosidade entre ambos, nasce o espírito criador, o Espírito Santo de Deus. Deus Pai é o Senhor da história. Assim como agiu no passado, age no presente no Filho e agirá no futuro, por meio da ação do Espírito em nós.
A festa da Comunidade Trinitária é o ápice da participação do Verbo Encarnado na vida do discipulado. Jesus que reúne os seus discípulos e faz com eles a celebração do envio. Para nos colocar dentro desta cena teofânica, a liturgia nos reserva o texto de Mateus, em que Jesus se encontra com os discípulos num monte da Galileia. O evangelista não específica qual é este monte mas, para a cultura bíblica, o monte é o lugar onde Deus se manifesta.
A Galileia era o local estratégico que Jesus fez questão de reunir os onze no pós ressurreição. Foi ali que Ele realizou boa parte de sua atividade messiânica terrena. Galileia que, por diversas vezes, nos evangelhos sinóticos, Jesus recomenda que para lá, os discípulos fossem. E isso tem um sentido, pois é na Galileia que há uma diversidade de povos, inclusive dos judeus convivendo com os pagãos. Diversidade que se faz unidade.
No Evangelho de Mateus que refletimos hoje, vemos Jesus aparecendo aos seus discípulos. O texto não diz, quanto tempo depois da ressurreição. Jesus despede-se deles e os envia à todas as nações como testemunhas verdadeiras da salvação de Deus. Eles terão a missão de ensinar tudo o que aprenderam d’Ele e batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, todos aqueles e aquelas que aderirem à família de Deus, a comunidade trinitária.
Ir além fronteiras e anunciar o Evangelho à todas as criaturas. Inicialmente, eles não reconhecem Jesus. Entretanto, quando encontram face a face com Ele, o reconhecem como o “Kyrios”, o Senhor soberano sobre o mundo e sobre a história. A Ressurreição de Jesus é um mistério que só faz sentido à luz da lógica de Deus.
O texto de hoje nos ensina que Jesus é a única autoridade entre Deus e nós. Ele nos dá apenas uma ordem: fazer com que todos os povos se tornem discípulos d’Ele. Todos somos chamados a participar de uma nova comunidade (batismo), que se compromete a viver de acordo com o que Jesus ensinou: praticar a justiça em favor dos pobres e marginalizados. O Evangelho encerra com a promessa já feita no início: Jesus está vivo e sempre presente no meio da comunidade, como o Emanuel, o Deus-conosco. “Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”. (Rm 8,14)
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