A tristeza de um dia de inverno em que um dos nossos nos deixa fisicamente se transfere ao meu escrito. Mas, de outro lado, a certeza de uma vida espiritual do nosso caríssimo Edivaldo nas plagas celestiais, livre das dores e deficiência que aqui o limitavam, conforta-me o suficiente para o que registro nessa crônica, saudosa, dolorida, de um lado – e esperançosa, sonhadora, de outro.

Ah, que ele não há de temer tombos nas planícies vicejantes do Paraíso. Dispensará lentes, bengalas, equipamentos de inclusão visual. Não sentirá dores. Não estará febril, senão de felicidade pela contemplação da eternidade, sorrindo lá de cima aos seus amados, que deixou cá embaixo entristecidos, chorosos, certo de que não se conta por lá o tempo em minutos, horas, dias ou anos, décadas… a que se dê o reencontro dos entes queridos. E nenhum deles então sentirá tristeza, nem estará mais sujeito às intempéries da vida terrena, mera passagem de estágio ao Reino dos Céus. Tem mais: por lá não mais necessitará de sua beca para advogar a justiça humana, que muita vez desagrega, desune, não se faz justa. Por lá, serão dispensados os requerimentos e burocracias que por aqui favorecem os poderosos e segregam os excluídos e desfavorecidos. Por lá, ele se dirigirá diretamente ao Criador, a formular os pedidos em favor dos que aqui ficaram, dos que aqui ainda enfrentam a injustiça humana e as agruras da vida neste vale de lágrimas. 

Então, a que esta crônica não fique imersa em tristeza, senão em paz e esperança, creiamos que o nosso Edivaldo já se encontra na contemplação divina e harmoniosa do Altíssimo, que um dia se fez por aqui humilde como o Edivaldo. O mesmo que disse em certo dia: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. E, para nós, agora tristes, Ele nos disse ainda: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.”