Segunda feira da Terceira Semana do Tempo do Advento. Nove dias apenas nos separam do Natal, o nascimento do Menino-Deus. Jesus encarnado na realidade humana, mudando os rumos da História. O Filho de Deus vindo até nós, permitindo assim que adentrássemos a transcendência de Deus. O divino se fazendo humano e a humanidade alcançando a divindade de Deus. “Jesus de Nazaré: Deus entre nós. Tão humano assim só podia ser Deus”, diz o teólogo Leonardo Boff
A semana começou com o sol se escondendo aqui na cidade grande. Nuvens escuras tomaram o seu lugar, dando-lhe uma folga. O calor, predominante nestes dias, deu lugar ao frescor da manhã. Em dias assim, meu coração é tomado pela nostalgia. Meu cérebro, faz visita às saudosas memórias do passado, como se eu as tivesse vivendo no hoje aqui da história. Para quem passou por um AVC, tenho que agradecer a Deus, pois ela continua intacta, mostrando-se ainda muito viva. Neste aspecto, faço coro às palavras do grande filósofo: “A memória age como a lente convergente na câmara escura: reduz todas as dimensões e produz, dessa forma, uma imagem bem mais bela do que o original”. (Arthur Schopenhauer)
Memória que me faz voltar ainda ao dia de sábado que passou. Naquele dia, além de São João da cruz, Leonardo Boff, o dia 14 de dezembro é também o dia em que celebramos a páscoa de Dom Paulo Evaristo Arns, ocorrida no ano de 2016. Muito amigo de nosso bispo Pedro, ainda trago na memória o dia em que fomos comunicá-lo, da passagem do amigo. Uma lágrima teimosa escorreu-lhe pelo rosto, acompanhada da frase inesperada: “quando eu vejo alguém assim partindo, me lembro que eu também estou na fila “. Paulo e Pedro, o esperançar da luta que se une à resistência teimosa e revolucionária das utopias do Reino. Vidas pelas vida! Vidas pelo Reino!
Vida que queremos nossa, na vida de Jesus! Ele que no texto que a liturgia nos oportuna refletir nesta segunda feira com o Evangelho de Mt 21, 23-27. Jesus está ensinando no Templo e sendo interrogado pelos sumos sacerdotes e anciãos do povo. Eles querem saber do Nazareno, de onde lhe vem a autoridade para fazer as coisas que Ele fez, afrontando as autoridades, abalando as estruturas do Templo. Lembrando que o episódio de hoje é fruto da repercussão que Jesus causara com a expulsão dos vendilhões do Templo. As autoridades não se conformavam.
A autoridade de Jesus vem de Deus: “Eu e o Pai somos um”. (Jo, 10,30) Suas ações comprovam que é Deus mesmo que age n’Ele. Todavia, os líderes religiosos e políticos, jamais aceitaram a autoridade de Jesus, vendo-o apenas como um “Zé Ninguém” de Nazaré: “Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, e José, e Simão, e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs? De onde lhe veio, pois, tudo isso?”. (Mt 13,55-56) Essa rejeição não é meramente acidental. É mais uma prova de que Jesus é o enviado de Deus. De fato, todos os profetas do Antigo Testamento também foram rejeitados.
Jesus deixa as autoridades embarcadas, pois devolve a estas a mesma pergunta, em relação a autoridade com que João Batista exercia seu ministério. O clássico “não sabemos” das autoridades, denota que eles ficaram em “cima do muro”, com medo da reação do povo, que via João como o grande profeta. João Batista era reconhecido como profeta, e seu batismo vinha de Deus. Assim, Jesus dá a entender a eles que também a sua autoridade vem de Deus.
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