Segunda feira da Oitava Semana do Tempo Comum. Depois da Solenidade da Santíssima Trindade, retomamos o caminho litúrgico do Tempo Comum. Vida que segue, de quem quer fazer a experiência de caminhar com o discipulado de Jesus, fazendo parte do grupo d’Ele. Tomar a cruz de cada dia exige que estejamos antenados com o projeto libertador de Jesus. Cada um fazendo o seu caminho, irmanados na mesma fé com Ele.
No mês da Mãe e das mães, maio segue ditando o ritmo, a caminho do sexto mês. Ainda a tempo de comemorarmos neste 27, o Dia Nacional da Mata Atlântica. Este rico bioma que é o segundo mais biodiverso do planeta, ficando atrás apenas da Amazônia. Uma área de 1.110.182 Km², que correspondia a 15% do território nacional, mas hoje, com a degradação, restam apenas 8,5% de sua área original, e muitas espécies estão em risco de extinção, como as 120 espécies de aves. Destruir a natureza é destruir a nós mesmos. Já nos dizia o sociólogo Russo Bakunin (1814-1876): “A paixão pela destruição é uma paixão criativa”.
Se ontem refletimos com o texto do Evangelho de Mateus, como estamos no Tempo Comum do Ano B, voltamos a escutar a Comunidade de Marcos.
O texto de hoje inicia com um homem rico, fazendo uma pergunta simples para Jesus, mas que implica tomar uma atitude radical diante da resposta. Pergunta ele: “que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Mc 10,17) Depois de todas as recomendações de Jesus, aquele homem ficou deveras triste com a última recomendação do Mestre: “vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu”. (Mc 10,21)
Bem que ele ainda tentou mostrar para Jesus que era um cumpridor fiel dos mandamentos ao pé da letra. Todavia, quanto à partilha dos bens, não passava pelos seus planos de vida. O importante era ter mais e mais, esquecendo-se de ser. Aquele homem era muito rico, diz o texto. A riqueza, seja ela qual for, nos impede de sair de nós mesmos. Não precisa de muita riqueza. É toda a riqueza, a qual nos apegamos. Às vezes, é pouca coisa, mas, as colocamos no lugar principal das nossas vidas e, nos esquecemos do essencial, fazendo desta “riqueza” o tesouro do nosso coração, como Jesus disse em Mateus: “onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração”. (Mt 6,21)
O coração daquele jovem ficou bastante abatido, ao ter que se desfazer de seus bens, em favor dos mais pobres. Os discípulos também se abateram, achando impossível que alguém fizesse esta opção tão radical. Mas Jesus os alerta: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”. (Mc 10,27) Deus tudo sabe e está de olho em tudo. Ele sabe que a riqueza divide as pessoas e nos afastam do projeto do Reino de Deus. Nada no mundo deve ser absolutizado. Absoluto só Deus.
Para fazer parte do Reino é preciso mais do que observar leis ou regras, como aquele homem pensava. O Reino é dom gratuito de Deus às pessoas, e nele tudo deve ser partilhado entre todos. Tudo! Isso significa repartir também as riquezas em vista de uma igualdade maior, destruindo assim o sistema classista opressor. Somos chamados a deixar as nossas “riquezas” para também entrarmos no Reino. Trata-se de uma atitude radical para seguir Jesus e continuar o seu projeto. Será que estamos dispostos? Quais as riquezas que temos e que tem nos afastado desta perspectiva do Reino?
O nosso impossível está dentro do possível de Deus. Lembre-se disso.
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