Sábado da Décima Primeira Semana do Tempo Comum. Aproximamo-nos da última semana deste mês de junho. A noite de ontem estava encantadora aqui pelas bandas de cá. Às 22h10, a Lua Cheia preencheu de luz as águas do Araguaia, banhando seus raios refletidos no espelho d’água. A Lua atrai a nossa atenção não só pela beleza, mas também pela sua importância astronômica e até mesmo por alguns fatores místicos. Atrai-nos, mas também as fases da Lua são responsáveis por tornar nosso planeta mais habitável. Ajuda a manter a estabilidade do clima, contribui para os movimentos das marés e para outros aspectos importantes para a vida do Planeta. Teremos uma semana de noites lindas, até o dia 28 de junho, quando às 18h55, ela dará lugar à Lua Minguante. Assim, o ciclo da vida vai se completando, e nos faz rezar com as palavras de Mahatma Gandhi: “Quando eu admiro as maravilhas do pôr do sol ou a beleza da lua, minha alma se expande na adoração do criador”.

Meu sábado se fez manhã na companhia do profeta do Araguaia. Quis dividir com ele minhas angústias e minha solidão, rezando diante de seu túmulo, contemplando as águas correntes do Araguaia e o sol nascendo de dentro da Ilha do Bananal. No céu, a lua foi se despedindo aos poucos, dando lugar e vez ao Astro-Rei. Impossível não sentir a presença do Criador, impulsionando o novo dia, irradiando sua luz amorosa, enchendo o nosso coração de mistérios, diante de tamanha maravilha. Assim, a oração flui, transportando-nos para colo de Deus, que sonhou e plenificou tudo isso, como presente a todos os olhares mais atentos. Diante deste cenário, como não dar razão a Saint Exupéry: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”.

Maravilhado que fiquei, nem me dei conta que tinha a intenção de refletir o texto do Evangelho do dia de hoje. A liturgia propondo-nos o final do capítulo 6 do Evangelho de Mateus, seguindo a lógica sequencial do dia de ontem. Mais uma vez estamos seguindo a tônica do “Sermão da Montanha”. É preciso termos sempre em mente que a escrita do Evangelho de Mateus nos convida a olhar para dentro de nós mesmos, a fim de descobrir a presença de Jesus, que ensina a prática da justiça. Desse modo, somos desafiados a aprender a dizer a palavra certa e a realizar a ação pertinente e oportuna, no tempo e lugar em que estamos vivendo no aqui e agora de nossa história. Como bem nos alertou São Tiago: “Aquele que ouve a palavra, e não a põe em prática, é semelhante a um homem que se vê no espelho, mas, depois de olhar para si mesmo, sai e se esquece da sua aparência”. (Tg 1,23-24)

Jesus continua agindo com a sua pedagogia libertadora, de ensinar seus discípulos a agirem de acordo com o projeto do Reino. O texto de hoje, além de muito bonito, é também pedagógico, pois é sintomático que por pelo menos cinco vezes apareça o verbo “preocupar”. Neste sentido, o versículo 25 é emblemático: “não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir”. (Mt 6,25) Isto porque, a decisão principal do discipulado é por seguir os mesmos passos de Jesus. Se Deus é o Senhor da História, Jesus, o Filho de Deus, é a quem todos nós devemos seguir, sendo servidores do Reino. A verdadeira preocupação de quem segue a Jesus deve ser a busca pelo Reino de Deus e a sua justiça, conforme está descrito no final do texto de hoje: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo”. (Mt 6,33)

A vida que levamos nos dias de hoje nos faz viver cheios de preocupações. E verdade que algumas delas fazem sentido, mas muitas delas seriam desnecessárias, caso tivemos maior confiança na providencia divina. Certo é que não devemos ficar parados, estáticos, esperando que as coisas aconteçam ou que elas nos caiam do céu. Os bens que adquirimos, são necessários para viver, mas a ansiedade não pode se transformar num fardo pesado, gerando angústias depressivas. A busca pelos bens necessários para viver com dignidade, devem ser precedidos pela busca da justiça do Reino, isto é, a promoção de relações amorosas de partilha, de fraternidade, onde a compaixão e a misericórdia sejam hospedeiras das nossas ações. Lutar pelas conquistas, lembrando sempre daquilo que Jesus mesmo nos assegurou que o necessário para a vida virá junto com a justiça do Reino. “Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia, bastam seus próprios problemas”. (Mt 6,34) Captou?