Alguns amigos leitores das minhas crônicas ( ou serão leitores amigos?) me dizem porque não faço um livro de memórias?
Às vezes penso nisso: já tenho o título ” Os meninos da Aquilino Vidal!”…
Acho (penso?)que na vida de um menino o tempo do final da infância, ali dos dez aos doze anos é marcante!
A mãe liberava mais!
A rua era o melhor lugar do mundo!
Uma esquina! Um degrau!
Horas de conversa!
Talvez fosse a época!
Ninguem tinha televisão!
Sequer telefone!
Que menino ficaria preso ao radio?
Éramos 5 moleques!
Cadu,Carlinhos, Calalau…
Todos Carlos…
João Ganso e eu…
Os meninos!
Claro , tinha a Marlene !
Só soubemos que ela era menina quando ela mesma anunciou:” não posso mais jogar com vocês, fiquei mulher!”
Quase todos os dias tinha futebol: Dois campinhos!
Ali na esquina da Irapucara e no fundos da viela sem nome…
Ah! A única bola de couro era do” riquinho “…então ele era benvindo!
Ninguem queria ser goleiro: a Marlene assumiu a função!
Do que falávamos?
O Nori conduzia a conversa: ele sabia tudo de futebol!
Não lia a Gazeta Esportiva, não via televisão nem ouvia rádio…mas sabia tudo !
Além de futebol falávamos das mulheres da rua…
Nunca falávamos das nossas mães!
Isso geraria inimizades!
Mas falávamos da italiana, da portuguesa, da chinesa!
Tudo era motivo pra riso!
Nosso ídolo era um ex jogador de futebol: Demaria!
Ele tinha algumas casas de aluguel e vivia bêbado!
Trazia montes de balas pra criançada!
Ah! Tinha o Gilsinho!
Baixinho!
Quieto, calado!
Filho do Gilson encanador!
Sentava conosco e o pai chamava:”Gilsinho “…
Pobrezinho…
Domingo não perdíamos missa : missa das dez!
Ao final recebíamos ingressos para o cinema!
O Nori não ia à missa: Era de Sarava…
Não recebia ingressos pro cinema…tinha medo do escuro…
Eu poderia ficar escrevendo páginas sobre os ” meninos da Aquilino Vidal ” e até das mulheres daquela rua!
Acho que daria um livro!
Boa tarde/noite gente amiga querida que as bênçãos sejam abundantes pra todos nós…
Ah! Esfriou…uma canja e um merlot pra noite será ótimo!