Sábado da Vigésima Segunda Semana do Tempo Comum. Um dia especial para as juventudes do Brasil. Neste dia, está sendo realizada na cidade de Aparecida/SP, a Romaria da PJ, comemorando os 50 anos da Pastoral da Juventude do Brasil. Um marco histórico, já que muitos dos nossos jovens passaram ou ainda estão na Pastoral da Juventude, sendo Igreja com todos os desafios que surgem na caminhada de uma “Igreja em Saída”. Como alertou o Papa Francisco em sua mensagem aos jovens: “O convite que Deus faz para os jovens é de levantar-se”. Levantar para pôr-se a caminho, seguindo nas mesmas pegadas de Jesus. O Jovem Galileu caminhando com os jovens, sendo presença viva na história.
Como é bom ser jovem sempre, mesmo com os cabelos denunciando a nossa terceira juventude. Queria estar em Aparecida neste momento histórico, tão importante, quando vários pejoteiros, até mesmo os “dinossauros” como eu, estão nos braços da Mãe Negra de Aparecida agora. Na caminhada do meu sacerdócio, muito aprendi com esta gente dinâmica e cheia de energia e sem medo de ser feliz. Vários anos estive ali com eles, lado a lado, experimentando da arte de viver, com os sonhos e as utopias juvenis. Ao lado deles pude vivenciar no meu espirito aquilo que disse o filósofo empirista inglês Francis Bacon (1561-1626): “Os jovens estão mais aptos a inventar que a julgar; mais aptos a executar que a aconselhar; mais aptos a tomar a iniciativa que a gerir”. Quanta saudade de cada um e de todos!
A Romaria dos 50 anos da Pastoral da Juventude traz como tema, “Negra Mariama nos chama à Romaria: 50 anos de profecia e missão construindo a civilização do amor”. A inspiração maior para este dia, em Aparecida vem com o versículo da Carta de São Paulo aos Filipenses: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Novamente direi: alegrai-vos!” (Fl 4,4). Alegrai da confiança em Deus. Alegria que está no DNA de cada jovem que se faz presente na romaria, irradiando luz e energia por todos os poros, sendo também iluminados pelo carinho cheio de ternura e amorosidade da Mãe de Deus. Mãe das Mães Maria, rogai por nós e por todos os nossos jovens de ontem e de hoje!
Juventudes que também era uma das prioridades de nosso bispo Pedro. Tinha uma grande preocupação com os jovens empobrecidos desta nossa Prelazia, como ele expressa com todas as letras através deste seu poema:
Jovens, façam de sua juventude a ocasião decisiva para definir sua vida.
Como opção pelo Reino, no seguimento de Jesus.
Sejam radicais, alegres, servidores.
Vivam a comunidade.
Vivam a cidadania.
Vivam a família.
Não brinquem com os pobres.
Não brinquem com o amor.
Não brinquem com a política.
Não brinquem com o Evangelho.
Sejam páscoa na Páscoa!
n’Ele, juventude, aquele abraço.”
Jesus, o Jovem Galileu que passou uns maus bocados nas mãos dos fariseus. Hoje não é diferente, como a liturgia nos mostra através de uma perícope (transcrição) do Evangelho de Lucas. Desta vez, Jesus sendo questionado sobre o não cumprimento de uma das Leis judaicas por parte de seus discípulos que, com fome, recolheram algumas espigas para saciar a sua fome, em dia de sábado. O rigorismo do judaísmo tem como elemento constituinte da sua crença 613 preceitos, que representam a regra de vida que deve ser seguida por cada um, para realizar o seu papel como judeu: 365 são mandamentos negativos, proibições (mitzvot taaseh) e 248 são prescrições, mandamentos positivos (mitzvot aseh).
Para Jesus, nenhuma prescrição, legislação ou mandamento está acima da vida humana e dos demais seres que habitam a nossa “Casa Comum”, diríamos nós hoje. Jesus é o Senhor de tudo e de todos. Por este motivo, ele chama para si a responsabilidade: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”. (Lc 6,5) Sendo senhor do sábado, Jesus está acima de qualquer lei, mesmo religiosas, que os homens elaboram e se escondem atrás delas para não fazerem aquilo que deve ser feito para a defesa da vida em sua integralidade. O “Senhor do sábado”, relativiza essas leis, mostrando que elas não têm sentido quando impedem a pessoa de ter acesso aos bens necessários para a própria sobrevivência. Este mesmo texto, no Evangelho de Marcos, conclui: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”. (Mc 2,27) A luta constante é a lei da vida.
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