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A semente de Deus (Chico Machado)

Quarta feira da Décima Sexta Semana do Tempo Comum. Estamos atravessando o 206º dia de nosso Calendário Gregoriano. Calendário este, criado pelo Papa Gregório XIII, no ano de 1582, com o auxilio dos cientistas do Vaticano. Tal calendário é baseado no sistema solar, contando os dias, semanas, meses e ano, baseado nas estações do ano. O calendário leva o nome do Papa Gregório, eleito Papa no dia 13 de maio de 1572 e o seu pontificado aconteceu entre os anos de 1572 a 1585 d.C. Gregório XIII passa para a história como um pontífice criticado por estimular os irlandeses contra as ações anticatólicas da rainha Elizabeth I, da Inglaterra.

Dia 24 de julho. Uma data histórica para a nossa Igreja das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). No dia de hoje, há 39 anos, era brutalmente assassinado o Padre Ezequiel Ramin, missionário Comboniano, aos 32 anos de idade, aqui no Mato Grosso, na cidade de Rondolândia. Ezequiel, mais um mártire da nossa caminhada. Seu martírio nos estimula a assumir uma vida comprometida com as causas do Reino, na construção de um mundo melhor para todos e todas. Sua entrega, em favor dos pequenos, nos impulsiona a sair de nós mesmos e irmos ao encontro dos outros, em especial, dos que mais precisam. Uma “Igreja em Saída”, como nos pede o Papa Francisco. Revendo a vida de Ezequiel, lembro-me de uma dos poemas de Pedro: “Malditas sejam todas as cercas! Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e de amar!”

Assim como tantos outros Mártires da Caminhada, que derramaram seu sangue pelas causas do Reino, o Pe. Ezequiel se tornou semente de novos cristãos. Semente de Deus que é a palavra, que Jesus veio semear no meio de nós: “No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. No começo ela estava voltada para Deus. Tudo foi feito por meio dela, e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela”. (Jo 1,1-3) A palavra é a semente e a semente é Deus. Semente que precisa ser semeada nos terrenos dos corações, como nos orienta o texto que a liturgia desta quarta feira nos oportuniza refletir de forma orante. O texto é de Mateus 13,1-9, mas mesma perícope aparece também no Evangelho de Marcos 4,1-9.

Jesus está mais uma vez ensinando uma multidão de pessoas em forma de parábolas. É importante salientar que no capítulo 13, Mateus apresenta-nos sete parábolas sobre o mistério do reino de Deus, que ele, por causa dos judeus, prefere chamar de Reino dos Céus. Hoje estamos diante da primeira delas, com Jesus falando aos seus ouvintes através de uma imagem bastante conhecida deles: a semente. Através desta figura de linguagem, Jesus revela algo de Si mesmo em relação à Palavra que Ele veio anunciar. Tal como o semeador espalha a semente, a espera que produza os frutos desejados, assim, Jesus proclama a palavra do Pai a todos e todas, sem distinção ou reservas. A palavra é vida. E Ele é sabedor que foi enviado para que todos “tenhamos vida e a tenhamos em abundância”. (Jo 10,10).

A parábola dita por Jesus traz uma conclusão que surpreende a todos seus ouvintes, que é a sua mensagem central: o terreno fértil dá uma colheita abundante e satisfatória, para além das expectativas. Todavia, apesar de inicialmente não suscitar o interesse esperado, e até de sofrer oposição, ela será fecunda, só entendendo aqueles e aquelas que têm fé e reconhecem no Evangelho de Jesus a vontade do Pai, e se colocam em prontidão para acolhê-la e praticá-la: “pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está no céu, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12,50), como vimos no texto de ontem. Jesus é o semeador da palavra e nós também devemos sê-lo. Apesar de todos os obstáculos, o semeador realiza seu trabalho, confiando na colheita que vai ter. Jesus também, apesar de todas as reações contrárias, obstáculos e incompreensões, sua missão chegará ao fim e será bem sucedida.

Jesus é o semeador de Deus! Semeia a semente da palavra da vida. Semeia o amor traduzido em gestos de libertação. A palavra é importante. Através dela, tomamos consciência de sermos pessoas humanas, comunicando o que pensamos e sentimos. A Palavra de Deus é mais importante ainda! Sem essa semente, não há vida. Ao aderirmos ao Projeto do Reino, nos fazemos também semeadores da palavra com a nossa própria vida. Não apenas falando das coisas de Deus, mas mostrando pelas nossas ações, que somos um com Ele, juntos com Ele, nas causas d’Ele, caminhando com Ele. Jesus trouxe as sementes do Reino, e elas se espalharam pelo mundo. Como Jesus encontrou resistência no meio do seu próprio povo, do mesmo modo algumas pessoas e estruturas entre nós, continuam impedindo a justiça do Reino de se estabelecer. Muitos procurarão sufocar as sementes do Reino, antes que chegue a vitória final. Querer negar e fugir dessas dificuldades para a implantação do Reino é não compreender o seu Mistério pascal libertador.

Luiz Cassio

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